Poemas : 

ÁFRICA ANCESTRAL

 
Quantas noites insones
Terei que suportar ainda,
Em seu olhar de compreensão
Com minha fartura sem razão.

Seus olhos sem vida,
Apreciam;
As belas e fúteis mulheres,
Que desfilam a sua frente,
Nos mormacentos fins de tarde;
Cada qual trazendo um objeto,
Um desafeto
E o desejo de nunca ficar
À beira do caminho
Como o negro ficou.

Na garrafa de cachaça,
Companheira e feiticeira
Antevejo a sangrar,
Um milhão de revoluções,
Mortas no vácuo da ressaca,
Legado do etéreo mundo etílico,
Que semeia em seus lábios,
Sorriso sepulto
De algum menino trigueiro esquecido.

Sentado à beira do caminho
De uma rua suburbana,
Abandonado ao relento tórrido e infecto,
Com um terrível banzo na alma;
Esquece as amarguras e desventuras,
No colo da Tanzânia,
No atávico sangue masai,
No colo frondoso da África ancestral.




 
Autor
Frederico Rego Jr
 
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Enviado por Tópico
jessé barbosa de oli
Publicado: 29/06/2008 14:27  Atualizado: 29/06/2008 14:27
Da casa!
Usuário desde: 03/12/2007
Localidade: SALVADOR, Bahia
Mensagens: 334
 Re: NEGRO À BEIRA DO CAMINHO
o banzo por sua terra perdida e estuprada,
além de não ser considerado pessoa digna
do sol que ilumina o respeito
que deve guarnecer e edificar o agente produtivo e
participante da sociedade.
poema muito tocante.