Não esperem a minha alma planar
Para me concederem flores
Arquitecto-as de todas as feições
De todas as cores

Circundo os campos em busca de matizes
Feitas artes de pincel
Cheiro-as e perco-me em prados de verdes namoros
Colho os lírios, em doçura e imaculabilidade
Desfloro os malmequeres e margaridas em diversão de dubiedade,
Cingidos em inocência perfeita
Admiro papoilas que vergam susceptíveis ao vento
Mas numa força de fertilidade sem igual.
Para me darem flores não esperem eu fenecer!

A frieza e a indiferença
Estarão nas bordas dos caminhos
Em velhos muros de hortênsias plenas
Narcisos nas margens dos rios em ânsia
Espelhando a sua vaidade nas águas amenas
Seduzem acácias delicadas transmitindo elegância
Para me darem flores não esperem eu sucumbir!

Percorro jardins suspensos
Onde begónias e amores – perfeitos
Se tocam em colorido, pintadas em telas cândidas
E espalhadas em afectuosos leitos

As minhas mãos acariciam
Cuidadosamente os espinhos das rosas
A minha energia aspira a beleza das camélias
E o girassol do alto da sua dignidade
Abraça a dália, símbolo de união e brandura
Violetas agitam-se na simplicidade do belo
Mas os cravos, versáteis e múltiplos
Permanecerão entre o desdém do amarelo
A ingenuidade do branco e o amor do vermelho!
Para me darem flores, não esperem eu perecer!

 
Autor
AnaMariaOliveira
 
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Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 28/06/2008 13:01  Atualizado: 28/06/2008 13:01
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Flores
Gosto muito deste teu poema Ana, muito. Como de tantos outros que já tive o prazer de ler e embalar no meu coração sempre ávido de boa poesia.
Prometo-te que quando estiver de novo contigo, que te levarei uma rosa branca, a mais linda que eu encontrar, e depois... faremos a tal caminhada na areia da praia, junto do mar que tanto amamos.
Não vai ser preciso falar muitos. Para quê as palavras? Talvez os teus olhos brilhantes e expressivos me digam tudo aquilo que as palavras insistem em calar.

Sublinho esta parte do poema que me fascina completamente

"As minhas mãos acariciam
Cuidadosamente os espinhos das rosas
A minha energia aspira a beleza das camélias
E o girassol do alto da sua dignidade
Abraça a dália, símbolo de união e brandura
Violetas agitam-se na simplicidade do belo
Mas os cravos, versáteis e múltiplos
Permanecerão entre o desdém do amarelo
A ingenuidade do branco e o amor do vermelho!
Para me darem flores, não esperem eu perecer!"

Soberbo, belo, e... não... nenhum amigo teu vai deixar de te dar flores, porque tu merecerás sempre flores e todo o afecto!
Beijos
Vóny Ferreira