Apetece-me num anelo fugir para longe
Desta vez não espero por ninguém
Não quero saber de malas de viagem
Não quero saber de farpela
Que atafulho na bagageira

Apenas quero partir sem endereço
Levo-me apenas a mim
E nada mais
Ninguém mais!
E depois ao carregar no acelerador
Cantarolar bem alto a canção do momento
Gesticular em danças de braços e demência
Fazendo amor com os quilómetros da estrada
Qual serpente que se enrola à minha existência

Provocar sorrisos
Aos que comigo partilham a orgia da senda
Em rápidas telas de cinema
Qual roleta russa pronta a estilhaçar corações
Desafiando a vida ficticiamente amena
Como se de repente tudo se apagasse
Como se desejasse que um raio de luz
Vindo dos confins do cosmos me aniquilasse!

Atiçando transcendentalidades
Não deixaria rasto sobre a Terra
Nem com os frígidos humanos
Deixaria saudades
E aos que verdadeiramente me conheceram como destino
Apenas vomitariam as palavras
-Ser indulgente transformado em desatino!
 
Autor
AnaMariaOliveira
 
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Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 30/06/2008 23:27  Atualizado: 30/06/2008 23:27
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Usuário desde: 14/05/2008
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Mensagens: 10301
 Re: Fuga
A angústia por vezes leva-nos aos extremos, às fugas que premeditamos no nosso coração, até que o vemos ficar moribundo e inerte...
é também essa a fuga que nos leva a tanto desespero.
O reencontro acontece (sempre) mais cedo ou mais tarde!
Sabes, Ana, o quanto gosto de te ler, não sabes?
vóny Ferreira