Poemas : 

Sonhos infantis

 
Sonhos infantis
 
Quando as memórias de infância
Não passam de lágrimas,
fielmente brotadas umas a seguir à outra
diante de um espelho de imagem turva
Quando tudo o que dizes…
Sentes…
e…
escreves
Já não faz sentido…
Quando tudo em que acreditaste
Não passa da mais nua e falsa mentira
A mentira dos teus sonhos
escondida algures na tua mente de menino sonhador
A mentira dos teus medos…
Os monstros de noite
Que te visitavam
e que obrigavam a ficar quieto,
para dormir…
Esses mesmos que nunca vieram…
Pois já cá estavam…
Algures nesse teu coração…
Os mitos…
Esquecidos…
As lendas…
Desfeitas…
As histórias…
Bem, vives dentro de uma…
mas só que é triste!…


Mitos
Lendas
Histórias…
Com tanto viveste…
Sonhaste…
Sonhaste que tudo tinhas
apesar de nunca teres tido nada…
O emprego fixe…
A casa porreira…
A mulher branca desses mesmos sonhos!…
Tudo e todos felizes…
Paz!
A família…toda!...


Nunca nesses sonhos sonhaste
o pesadelo que haveria de vir
e que haverias em cada lágrima;
de viver…
Nunca pesaste o que haverias de sofrer
Os gritos no silêncio…
Nunca imaginaste que esses mesmos acontecimentos
te fizessem morrer…
Na dor…
Da verdadeira perda
do verbo perder
O primo…
Com quem desabafavas
nos momentos de solidão…
E que viste percorrer a última viagem
Sabe-se lá para onde…
Pai!...
E a perda
de quem perdeu
muito mais…
muito…muito…mais!


O sentido
O caminho
As lágrimas…
O amor…
chorado numa caneta…
A perda…
dos próprios sonhos
Os sonhos felizes
Em que sonhavas dizer:
─ Amo-te…
P’ra toda a minha vida…
“─ Prometo amar-te…
Respeitar-te…
para toda a eternidade…
Até que a morte
nos separe!...”
Coincidência das coincidências?…
Separou!
A morte dos meus sonhos
A morte da realidade luminosa
em que vivia sonhando…
Talvez até a minha própria morte…
tenha destruído tudo em que acreditei…
Tudo em que sonhei…
Tudo acabou!…
Quando encarei
que não sou eu que guia a minha própria vida
da maneira que quero…
da maneira que sonho!
Talvez tenha morrido
Quando olhei a realidade
suja e fria…
do espelho turvo…
Que sempre reflectiu…
nada mais…
nada menos…
Que a minha própria imagem…
Suja…
e fria…
A propósito…
Parabéns!...
 
Autor
Blackbird
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