Sonetos : 

SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE

 
ouço a velhice bater-me na porta
motivo não há para não abri-la
entra na casa logo me conforta
com os seus ares de mulher tranqüila

eu que a julgava como a moura-torta
pronto a fazer-me o primeiro da fila
senti na velhice a faca que corta
todo veneno que o mundo destila

bom que tu chegaste velhice minha
não te aborreças nas horas dos meus ais
sobras do passado quando eu não tinha

a noção do engano que é amar demais
deste tempo apaga linha por linha
quero que meus ontens sejam nunca mais

__________________________

júlio, 31-07-08


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
Texto
Data
Leituras
2543
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
15 pontos
15
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/07/2008 15:09  Atualizado: 31/07/2008 15:09
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE
Delicioso poema.
O leitor é partida e chegada no sentimento que o autor oferece.
Ninguém indiferente, cada um a sua parte na viagem.
Adorei Júlio, sem mais.
Meu copo dá as horas no teu, sem distância.


Enviado por Tópico
PauloAlves
Publicado: 31/07/2008 15:13  Atualizado: 31/07/2008 15:13
Colaborador
Usuário desde: 18/04/2008
Localidade: Bern, Suiça
Mensagens: 1590
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE
UAUUUUUUUU...lindissimo seu soneto, parabéns caro amigo Julio Saraiva....fiquei completamente deliciado...

Abraços


Enviado por Tópico
ImprovávelPoeta
Publicado: 31/07/2008 16:00  Atualizado: 31/07/2008 16:00
Super Participativo
Usuário desde: 04/06/2008
Localidade:
Mensagens: 141
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE
A mim não me incomoda a idade.
Estou cada vez mais experiente,
mais sábio e quiçá inteligente,
mais solto, mais liberto, à vontade.

A mim não me assusta o futuro
(já venho atrás dele do passado)
e vivo o presente descansado.
Por isso ainda hoje me aventuro.

Não fujo da surpresa da paixão,
adoro essa doce comichão
que sinto cada vez que me apaixono.

Eu finjo que me entrego, me ofereço
mas minha liberdade não tem preço.
Sou livre, sem amarras e sem dono.


Desculpe Júlio mas me lembrei deste.



Enviado por Tópico
ImprovávelPoeta
Publicado: 31/07/2008 16:06  Atualizado: 31/07/2008 16:06
Super Participativo
Usuário desde: 04/06/2008
Localidade:
Mensagens: 141
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE
Desculpe mais uma vez mas me esqueci de comentar o seu soneto.
Não sei fazê-lo de modo formal e literário, apenas posso dizer que o entendi e que partilho a sua sensação. E quando se partilha...


Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 31/07/2008 17:36  Atualizado: 31/07/2008 17:36
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3085
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE p/ Julio Saraiva
Quaisquer palavras que aqui possa deixar arriscam-se a ser insuficientes para classificar seja o que for...
Belo é pouco, Magnífico fica muito longe do real, Excelente é algo de paupérrimo, Estrondoso é demasiado bélico.
Diria então: bem vindo mestre das palavras, parte de Pessoa, de Drumond de Andrade, de Camões e Byron, enfim um autêntico Frankenstein literário.

Abraço


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/07/2008 18:01  Atualizado: 31/07/2008 18:01
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE
Júlio,

Magnífico texto.Impossível dizer das verdades dos sentimentos e sensações nele embutidas e da criatividade das imagens poéticas usadas.Gostei em especial da moura-torta, personagem que muito me assustou na infância (e pelo jeito a ti também).
Bjins, Betha.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/07/2008 18:19  Atualizado: 31/07/2008 18:19
 Re: SONETO DE SAUDAÇÃO À VELHICE
Júlio,
"a noção do engano que é amar demais
deste tempo apaga linha por linha
quero que meus ontens sejam nunca mais"
Maravilhoso! É tudo o que eu tenho a dizer.
Afeto.