Contos : 

A minha história...

 
Tudo começa no esplendor da minha infância: quando os povos Celtas vagueavam como nómadas pelo local onde vivo, e meu pai, fundou, conjuntamente com outros membros da tribo, uns casebres junto a uma viçosa ribeira, no ano 974 antes do nascimento de Cristo.
Recordo perfeitamente as histórias que o meu pai me contava, sobre alguns dos nossos heróicos antepassados, que ainda hoje jazem numas sepulturas Neolíticas, cavadas na dura pedra, junto aos campos da Lozera, para lá de Cabeço de Machos.
Passados uns bons anos, tivemos como visitantes e como invasores os famosos e célebres Romanos: apareceram com uns trajes esquisitos, em tons luzidios e avermelhados, e apelidaram toda a região de Lusitânia. Lembro que os guerreiros do latim faziam grandes e pomposas festas, por toda a nossa região, e onde a idade já me permitia acompanhar o meu pai até à capital da nossa província, a majestosa e imponente cidade de Mérida Augusta.
Pouco tempo depois chegaram os Visigodos, que eram pessoas mais ligadas ao campo. E, foram esses saudosos visitantes que me ensinaram os primeiros segredos agrícolas.
Devido à influência das guerras e da sede de conquistar terreno, vi chegar um dia um outro povo de tez trigueira mais escura. Povo esse que, uns alcunhavam de Árabes, outros chamavam de Mouros e, havia ainda quem os denominasse por Serracenos. Esses sábios e inteligentes Homens, ensinaram-nos imensos saberes; sobre o aproveitamento das águas, com os seus moinhos e azenhas; o ordenamento agrícola e os seus sistemas de rega; e o aproveitamento do vento, para moer os cereais e transformá-los em farinha, que depois, essa mesma farinha servia para fazer o pão nosso de cada dia.... Por falar em tal, recordo perfeitamente o dia em que vi a sua numeração pela primeira vez e onde reparei prontamente num algarismo esquisito em forma de um círculo, que esse mesmo povo me disse depois tratar-se do número zero.
Após essa época de grandes conversas e de copiosas aventuras, vieram os conquistadores da Portucália que, entre lutas, pestes, amores, e resistência, têm vindo ao longo dos séculos a tornar a minha experiência de vida, nas palavras que terei todo o gosto em partilhar convosco na próxima "Prosa"...


António Prates


As palavras são os olhos da alma...

 
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AntónioPrates
 
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