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A minha História III

 
Vou falar-vos agora do dia em que el Rei Dom Dinis concedeu A Carta de Foral à briosa e altaneira vila de Borba.
Numa das amiúdes passagens pela minha região, El Rei Dom Dinis (o Lavrador), chegou com a aurora, numa manhã celeste e faustosa, acompanhado de quatrocentos guardas da sua Real cavalaria, de duzentos bravos infantes e archeiros, de seu filho, Infante Dom Afonso (o príncipe herdeiro), e de sua esposa, a rainha e santa, Dona Isabel de Aragão.
O povo deu as boas-vindas a Sua Majestade: exultava o momento com churrascos de javali e uns outros alimentos hortícolas, deixados pelos mouros, nas hortas espalhadas pelas viçosas margens da ribeira de Borva e da Alcraviça.
Fazendo uso da minha condição de independente e de personalidade discreta, situei-me numa mesa perpendicular à de El Rei Dom Dinis, e escutei com a atenção que o momento pedia as palavras que Sua Majestade arrazoou e pronunciou, em honra de todos os presentes. Seguiu-se a entrega do prometido manuscrito, entregue ao novo Alcaide, com a promessa de, futuramente, ser construída uma muralha de defesa, para prevenir os frequentes ataques dos Castelhanos e dos Sarracenos.
Enquanto El Rei distribuiu palavras, sorrisos e ordens, a bondosa rainha observou-nos, atentamente, com a sua natural candura e com aquela expressão divina, digna dos seres superiores e exposta na face de quase todos os santos... Murmurando, de quando em quando, palavras imperceptíveis com a mulher do nosso Alcaide. Foi nessa mesma ocasião, que vi pela primeira vez a famosa loiça de porcelana, que saciava a sede e o apetite a todos os convidados da mesa de Sua Alteza Real. Entre as distintas figuras, recordo a presença do Professor José Hermano Saraiva, que passou toda a noite a conversar efusivamente com um comerciante italiano.
Lembro, como se fosse hoje, que passei a tarde e a noite a comer, a beber, a dançar, e a declamar os meus primeiros versos, inspirado pela histórica ocasião e pela respeitável presença de El Rei Dom Dinis, que me escutou atentamente, e a quem tive o prazer de saudar, aquando da minha retirada do grandioso e histórico acontecimento.
Após a grande farra, assisti ao crescimento e à prosperidade da região, até ao ano de 1381 (MCCCLXXXI, quando fui testemunha de alguns acontecimentos importantes no reinado de Dom Fernando (o formoso).
Mas esta é outra história, que um prometo contar mais em pormenor...


As palavras são os olhos da alma...

 
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AntónioPrates
 
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