Poemas -> Reflexão : 

colada à pele

 
Que parte do nú tem a tatuagem
que cobre a pele, mas não a veste,
dá vida e cor, mas não a geste;
é centro mas também a margem...

Marca o corpo duma viagem
emocional e crua, a leste
da bússola racional, mexe-te
na alma insana e selvagem...

É da cicatriz alta-voltagem
e da decisão duro teste...
Que da pele nua nada reste,
além da recordação da imagem!

Epiderme virgem:
O que fica por tatuar que preste?
O que falta sentir deste
espelho de miragem?


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
PauloAlves
Publicado: 08/08/2008 13:21  Atualizado: 08/08/2008 13:21
Colaborador
Usuário desde: 18/04/2008
Localidade: Bern, Suiça
Mensagens: 1590
 Re: colada à pele
Deleitei-me a ler seu poema... muito bom mesmo...Parabéns

Abraços

Paulo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/08/2008 13:34  Atualizado: 08/08/2008 13:34
 Re: colada à pele
Vou comentar como um Carioca, deixarei o "eu poeta" de lado;

o poema... em cada estrofe, os versos que o poeta arrebatou da inspiração com uma "porrada só".
Cumprimento-o Rogério. Parabéns!
Meu fraterno abraço.
Silveira

Enviado por Tópico
Andy
Publicado: 08/08/2008 19:01  Atualizado: 08/08/2008 19:01
Membro de honra
Usuário desde: 01/08/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 1998
 Re: colada à pele
...excelente!! ...gostei imenso!