Poemas -> Introspecção : 

Ânagrama de existências

 
Talhados de inquietude
nós somos o dardo
que os braços lançam
ao declínio da idade.
É o desaguar do tempo
pelo cúmplice relógio,
desabitados
no silêncio da ansiedade
que conseguimos ter.

Somos a esguia linha
de cada momento,
corpos de desejo, amantes
e na mesma noite
onde a vida começa
colhem-se vícios nos rostos tristes
- sem tino sofre-se...
estamos no rodopio dos anos
como escravos fumados em mortalhas
de um destino que ninguém viu.
Em cada olhar naufraga um cigarro,
e em cada cigarro
a boca sangra mordaças de medo
a uma alma humilhada de
casualidades.

Tonto de vazios soalheiros
o pensamento tosse bofetadas de dor
- cansado de escurecer
sozinho, amarrotado
abandono o caminho,
visto a minha pele
e saio na água das palavras
sem prefácio,
a vida é assim mesmo,
... uma obra inacabada,
uma raiva de existir
num gesto incompleto.
 
Autor
José António Antunes
 
Texto
Data
Leituras
959
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/08/2008 17:13  Atualizado: 13/08/2008 17:13
 Re: Ânagrama de existências
Gosto muito deste poema em especial onde diz... Somos a esguia linha
de cada momento,
corpos de desejo, amantes
e na mesma noite
onde a vida começa

Enviado por Tópico
mim
Publicado: 19/08/2008 11:09  Atualizado: 05/02/2010 20:37
Colaborador
Usuário desde: 14/08/2008
Localidade:
Mensagens: 2857
 Re: Ânagrama de existências