Poemas -> Tristeza : 

Infância roubada

 
Hoje não vi a criança que sorria
Apenas vi a que queria brincar e não podia.
Em casas precárias
Vivem crianças solitárias,
Que anseiam o carinho de quem as fez nascer,
Mas o que recebem é apenas medo de viver.
Conflitos diários de uma familía a acabar
Quem paga é a criança que só queria sonhar,
Na noite insegura reina o pesadelo
Pior que sonhá-lo é vivê-lo.


Cláudia Guerreiro

(Uma realidade cada vez mais comum)
 
Autor
Cláudia_Guerreiro
 
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Enviado por Tópico
quidam
Publicado: 11/08/2008 13:03  Atualizado: 11/08/2008 13:03
Colaborador
Usuário desde: 29/12/2006
Localidade: PORTIMÃO
Mensagens: 1354
 Re: Infância roubada
Eu não sei, não entendo bem, se sonhamos para viver ou vivemos para sonhar… Há dias em que o meu desejo é que exista alguém que me possa acordar, outras por vezes quero ficar a sonhar.Mas eu sou adulto, não criança. Eu acredito que essas crianças vivem nos sonhos e só os sonhos são vida para elas, podem existir pesadelos, mas o sonho prevalece… então que sonhar seja viver…

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 11/08/2008 13:09  Atualizado: 11/08/2008 13:09
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1932
 Re: Infância roubada
Este definitamente é um murro no estômago muito bem dado.
Esparsa com liberdade métrica mas impecavél na rima, onde apesar disso o ritmo é constante e agradável.

Gostei, mas ainda doi.

Enviado por Tópico
Norberto Lopes
Publicado: 11/08/2008 13:09  Atualizado: 11/08/2008 13:09
Membro de honra
Usuário desde: 15/03/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 896
 Re: Infância roubada
Poema bem construído e melhor pensado
Drama social onde o pesadelo das crianças é real!...
Parabéns

P.S.: Vai ver, no you tub "balada da neve" de Augusto Gil

Enviado por Tópico
Pedra Filosofal
Publicado: 11/08/2008 13:18  Atualizado: 11/08/2008 13:18
Colaborador
Usuário desde: 17/09/2007
Localidade: Barreiro
Mensagens: 1273
 Re: Infância roubada
é curioso que, quando acabei de ler o teu poema, me lembrei também, tal como o Norberto, da Balada da Neve de Augusto Gil. Aqui fica um exerto:

(...)
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança, e
noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
(...)

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 11/08/2008 16:12  Atualizado: 11/08/2008 16:12
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3100
 Re: Infância roubada p/ Cláudia_Guerreiro
A sensibilidade da escrita aumente a beleza de quem escreve.

Beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/08/2008 16:20  Atualizado: 11/08/2008 16:20
 Re: Infância roubada
Claudinha,
Trabalho com crianças e sei bem o quanto de infâncias roubadas andam pela aí nos abusos sexuais, espancamentos, prostituição e trabalho escravo.Muito bom tema e texto!
Bjins, Betha.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/08/2008 16:46  Atualizado: 12/08/2008 16:46
 Re: Infância roubada
Vejo que aborda este tema com mais frequência ultimamente, o que revela que, para além de uma grande poetisa, estamos perante uma mulher com um enorme coração.
Estes dois últimos versos até arrepiam:
"Na noite insegura reina o pesadelo
Pior que sonhá-lo é vivê-lo."
Beijinho grande de parabéns!

Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 12/08/2008 18:22  Atualizado: 12/08/2008 18:23
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Infância roubada
Ui... Céus...
Este texto passou-me despercebido, ainda bem que tive felizmente oportunidade de o ler.
O poema é triste mas simultâneamente belo.
Pode a tristeza ter beleza? Sim... quando o que lemos tem a faculdade de nos transportar para uma realidade que é sempre deveras traumatizante.
A infância roubada! Este titulo arrepia-me. Sabes como se chama o 2º romance que escrevi? As Sombras da Infância. Nele eu falo ao longo de intermináveis desabafos deste mesmo sentimento que nos deixa assim, como que perdidas, numa selva sem flores e sol.
Adorei o texto, Cláudia. A sério... mas senti-me triste porque revi-me no que escreveste.
Um beijo, minha querida.
Vóny Ferreira