Encontrei – te ?
Procuro saber onde encontrar
o meu próprio ser, sentir, e diante de mim
retorno ao meu mais íntimo
de minha alma e sem saber
desvendo como uma
cortina o que não busquei,
mas encontrei.
Quem serias tu que está aí
a olhar para os meus olhos,
e sabes onde posso chegar.
Te procurei no ventre materno,
no balbuciar do que sentias,
e achei que estavas quieta, tão quietinha,
bem aconchegada, que deixei para depois.
Te busquei na infância, mas não te encontrei,
teus olhos amendoados
e vi tua face rubra, se deixou mostrar,
mas o tempo te perguntou, até quando,
a menina tímida vai se calar?
Nas frases escritas,
nos poemas largados em papéis soltos,
em pedaços de estrelas, guardei os sonhos,
mas ainda deixei para depois.
Então crescendo, o mundo voou, as asas se abriram,
bati em retirada ao encontro do tempo,
resgatando cada palavra não dita e sentindo cada olhar
esquecido por ti, por um motivo ou outro,
sempre ainda correm as lágrimas constantes,
mas ainda não sei, onde estás tu, ainda estou a te procurar.
Na asa voltas da vida, a vida se fez,
me achei lá, o sorriso, a timidez se intercalando
com a imensa vontade de voar até junto de ti,
Mas ainda falta a essência do toque,
o silêncio das noites, o despontar do
toque de quem se protegia do mesmo,
da vida , do verdadeiro amor, e mais uma
vez te procurei.
Ainda agora eu te olhando,
acho que te achei,
numa mistura de tudo,
a procura de tudo, eu me achei.
Eu me achei no menino que aconchegou,
que antecipou o tempo, ou o abraçou com
imenso amor, que buscou o toque das mãos,
o toque dos lábios sedentos de amor
do despertar entre rosas, dormindo no colo da ilusão,
por um momento,
eu sei que estou te descobrindo, assim,
exactamente assim, olhando mansamente
para mim, com o corpo falando a língua do amor,
os olhos despertando para o
verdadeiro amor.
Abílio Pereira
Re: Encontrei – te ...
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