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há poemas...

 
há poemas que são beijos, por dentro e por fora do corpo, nas mãos e nas veias, no suor e nas lágrimas, à espera de um adeus ou de um chegar mais perto, há beijos que têm boca e falam, contam histórias de sítios onde as mãos se calam e param na pele, sítios que se consomem como um mar sem água e há sede nos poros, fome de uma saudade em terreno fértil onde nascem rosas, sem espinhos, sem roupa, sem nada de constrangedor a não ser a espera, sentada, calada, no canto da boca à espreita como o poema nas pontas dos dedos, secas, mudas. há poemas que são beijos com uma língua desembaraçada, a vestir sentimentos, traços num rosto sem rugas, sem idade, sem nada. um amor com um pátio e vista para as estrelas, noite aberta num saguão onde o peito se dilacera e o sangue corre nas veias à velocidade de um querer, de sempre, para sempre ao encontro de uns braços que cantam o poema no beijo e falam de amor, um amor sem tecto, limpo como as mãos que te tomam ao colo e te tombam na cama e te viram ao avesso e te matam.


. façam de conta que eu não estive cá .

 
Autor
Margarete
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Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 25/09/2008 11:21  Atualizado: 25/09/2008 11:21
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: há poemas...
Margarete,
Há poemas que, como este, têm vida, movimento.
Bjs
nanda


Enviado por Tópico
Tália
Publicado: 25/09/2008 12:09  Atualizado: 25/09/2008 12:09
Colaborador
Usuário desde: 18/09/2006
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2489
 Re: há poemas...
SOBERBO

depois de ler este texto não vou conseguir dizer nem escrever mais nada,entendes-me?


beijos daqui para aí


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/09/2008 11:46  Atualizado: 26/09/2008 11:46
 Re: há poemas...
"sem espinhos, sem roupa, sem nada de constrangedor a não ser a espera, sentada, calada, no canto da boca à espreita como o poema nas pontas dos dedos, secas, mudas"

Como não morrer? De encantamento e dor. Que seja.
Hoje eu nasci mais uma vez. Obrigada.