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Claustrofobia

 
Encerrada num corpo, distante da vida
Podendo tudo observar, só observar
Meu destino já não me pertence
Por mais que eu o queira
Lucidez e vitalidade presos em inércia
Maldigo a vida que não se extingue
Quero uma taça de liberdade
Mas só me trazem mais vinho
Tão vermelho quanto o sangue corrente
Chego a delirar
Embriago-me
Buscando no sagrado líquido
A liberdade profana
Tento desatar as amarras
Que me prendem à realidade
Desesperadamente almejo mergulhar
Em outro plano, onde me conheço
Tudo em vão...
Mais vinho, mais em meu sangue
Já não posso manter-me em pé
Custo a acreditar que ainda estou lúcida
Este vinho que tanto afeta meu corpo
Não pôde roubar minha consiência
Num súbito, atiro a taça contra a parede
Me percebo ainda mais solitária
Indefesa, sem nem a mim mesma
O forte cheiro do vinho que ficou na sala
Mistura-se entorpecente ao meu perfume
Parece um belo convite às outras almas
Que, como eu, vagam solitárias
Não posso mais fugir, nem mais o quero
Lentamente me aproximo dos cacos do cristal
Estes se parecem com vestígios de mim
A tentação torna-se insuportável
Fixamente, me acariciando e me rasgando
Aos poucos, me libertando de mim!
Suspirando de prazer ao ver o sangue jorrar
Por fim um corpo inerte e ensanguentado
Uma expressão de paz na face
De todos os lados flui energia...
Espectros bailam freneticamente ao redor deste
Inebriados estão, com o odor de meu sangue
Morta. Finalmente estou livre!<br />Thamires Nayara.copyright © 2007 proibida cópia ou venda sem o conhecimento do autor."A violação dos direitos autorais é crime"(lei federal 9.610)

 
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Thathá
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Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 10/04/2007 21:46  Atualizado: 10/04/2007 21:46
Colaborador
Usuário desde: 22/02/2006
Localidade: Mg
Mensagens: 890
 Re: Claustrofobia
Belas imagens se dão aqui. Ratificando apenas o "consciência". Que assim o faz.
Á mim, parece que tu, sufocas a agoniada vida
Que não vive, existe, desfaz as folhas do riso,
E traz-me a tinta do pranto, que vai pintando,
Enegrecendo.
Entorno mais um copo, do sangue que me é tormento,
Os cacos não mais cortam o ser absorto,
Tão pouco sangra, um ser que se faz morto.

Mui bueno Poetisa.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/05/2009 19:51  Atualizado: 02/05/2009 19:51
 Re: Claustrofobia
A angústia do nada, do não, da dor, magistralmente retratadas.