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Sinestesia

 
Pedindo amparo ao ameaçador, caminho nas ruas do centro esperando a chuva que nunca mais vem, um momento tecido de inexatidão, como uma serenata à beira de janelas sempre fechadas. Não há o que me importa nos luminosos, são lembretes que jamais consulto, espetáculos dispendiosos que a nada me convidam. É um mundo meu o que desenho com meus passos, os carros seguem outros carros que não vejo, sem crédito às paralelas de Belchior. Vejo uma lâmpada festiva que balança na marquise antiga e aplacável sinestesia me detém, penso perpetuar oxigênios dentro do meu peito, cheiros de vida nova, de paixões que logo me escaparão pela boca. E sorrio. Escrevo um poema imenso no ir e vir da lâmpada pequenina, que a mim nada pergunta. E dói-me absurdamente ter que dizer gostaria em vez de gostava.

 
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Amora
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/10/2008 18:24  Atualizado: 01/10/2008 18:24
 Re: Sinestesia
"Escrevo um poema imenso no ir e vir da lâmpada pequenina"...
O texto é ótimo.
Este trecho me bastaria em vez de basta, rs...
Parabéns
Bjs
Edilson


Enviado por Tópico
gil de olive
Publicado: 01/10/2008 19:24  Atualizado: 01/10/2008 19:24
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Localidade: Campos do Jordão SP BR
Mensagens: 4838
 Re: Sinestesia
Gostei de ler seu desabafo!De vez em quando da vontade de gritar ne?


Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 01/10/2008 23:38  Atualizado: 01/10/2008 23:38
Colaborador
Usuário desde: 24/06/2007
Localidade:
Mensagens: 3263
 Re: Sinestesia
O futuro do pretérito é um inferno mesmo.As hipóteses que nunca se concluem e ficam no ar a espera de algo que nunca irá se consumar.

Beijo em teu coração!

Karla bardanza