Poemas : 

FLOR DE ESTRUME

 

O poeta versa a dor
O amor, a paixão
O rancor, ilusão
O perdão e o ciúme
Versa o sol e as estrelas
A beleza, a riqueza
O brilho, o fauno, o lume
Sabe a tudo lisonjear
Mas se nega a festejar
A flor nascida do estrume.

As fagulhas, não as trevas
São do poeta preferidas
Escrever as bonomias
As quais lhe são auferidas
Não descreve a podridão
Nem putas, nem raparigas
Também o lixo das orlas
São de todos esquecidas.

Não se atém o literarto
À tristeza e ao lamento
P'ra ele não há beleza
Não vê que há sutileza
Que há poesia no excremento.

O mais dulce paladar
Não permite que o azedume
O qual faz-se relembrar
Do corte, da ponta e do gume
São peripécias do verso
E esquecem que há poesia
Na flor brotada no estrume.

Versa a beleza da flor
Com sua doçura e perfume
Se é desagradável o odor
Com limpeza ou com cerume
Se não é doce o olor
Nenhuma criatura assume
Sequer se atrevem a versar
O excremento, o estrume.


JOEL DE SÁ
15/12/2008.


 
Autor
Joel Pereira de Sá
 
Texto
Data
Leituras
858
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.