Poemas : 

««Ausência ««

 
Quando o amor
Trás com ele a ausência
Faz-nos perder a paciência
Tira-nos do sério
Perde a graça o mistério

Ficamos presos na saliência
Entre a realidade e o critério

Pior quando o amor é caso sério
Ficamos pasmados, meio desengonçados
Arreliados, ás vezes irados

Porque o amor
Esse ser abrasador
Arde com acendalhas de pavor

Pavor de não agradar
De deixar de gostar
De desapontar, porque não
Nestas coisas do coração
Tudo acaba em transfiguração

Basta o outro nos olhar
Com olhinhos a saltitar
E quase choramos de emoção
Digam lá
Se tenho ou não razão.

Antónia Ruivo


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
Autor
Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 22/12/2008 17:17  Atualizado: 22/12/2008 17:17
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3100
 Re: ««Ausência «« p/ alentejana
Esse sentimento extenso, ímpar e complexo, banaliza a real definição de vida, sobrepõe-se a ela qual nevoeiro que nos cega o dia. Razão? O amor rouba a razão, mas sim tens razão!

Beijo


Enviado por Tópico
FredericoSalvo
Publicado: 22/12/2008 22:04  Atualizado: 22/12/2008 22:04
Colaborador
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Localidade: Belo Horizonte - MG - Brasil
Mensagens: 1285
 Re: ««Ausência ««
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;"

É exatamente assim Antónia; Como escreveu teu célebre patrício.

Beijo grande.
Frederico.

Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 22/12/2008 22:22  Atualizado: 22/12/2008 22:22
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: ««Ausência ««
Do seu poema, destaco...

"Pavor de não agradar
De deixar de gostar
De desapontar, porque não
Nestas coisas do coração
Tudo acaba em transfiguração"

Acho que o seu conceito está certíssimo!
Um beijo e bom Natal!
Vóny Ferreira

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/12/2008 22:59  Atualizado: 22/12/2008 22:59
 Re: ««Ausência ««
Vida

Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!

Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.

Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!
Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.

Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
- E se arde tudo? - Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...



Camilo Pessanha
Clepsidra
e outros poemas
Colecção Poesia
Edições Ática
1973



Este comentário é simplesmente a minha oferta de Natal.

Beijos

Feliz Natal