Poemas -> Amor : 

Crepúsculo

 
Arranco as pétalas dos malmequeres
num desespero infantil
de bem me quereres.

Relembro os dias de vento
em que um guarda-chuva nos protegia aos dois.

E a cidade indiferente ao nosso passo apressado.

E o lusco-fusco numa imensidão de céu,
um café
e o silêncio das conversas inacabadas.

Depois,
a distância que inventei
num comboio sem regresso.

E o sorriso triste
que me deixaste,
sinto-o em cada gota de chuva
sem chapéu.


AnaMar

 
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Nini
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Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 22/12/2008 19:51  Atualizado: 22/12/2008 19:51
Membro de honra
Usuário desde: 24/07/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 2780
 Re: Crepúsculo
sem nada supérfluo, só o essencial em amena envolvência...

Beijo Ana


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/12/2008 20:03  Atualizado: 22/12/2008 20:03
 Re: Crepúsculo
Plagiaste-me o titulo ou fui eu?? Lol Belíssimo poema como sempre!

Mil beijos em azul...Sempre!




Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 22/12/2008 20:10  Atualizado: 22/12/2008 20:10
Membro de honra
Usuário desde: 09/05/2008
Localidade: Carregado-Alenquer
Mensagens: 11253
 Re: Crepúsculo
A envolvência do amor num belo poema.

Beijos


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/12/2008 21:44  Atualizado: 22/12/2008 21:44
 Re: Crepúsculo
O horizonte das palavras

Sem direcção, sem caminho

escrevo esta página que não tem alma dentro.

Se conseguir chegar à substância de um muro

acenderei a lâmpada de pedra na montanha.

E sem apoio penetro nos interstícios fugidios

ou enuncio as simples reiterações da terra,

as palavras que se tornam calhaus na boca ou nos meus passos.

Tentarei construir a consistência num adágio

de sílabas silvestres, de ribeiros vibrantes.

E na substância entra a mão, o balbucio branco

de uma língua espessa, a madeira, as abelhas,

um organismo verde aberto sobre o mar,

as teclas do verão, as indústrias da água.

Eu sou agora o que a linguagem mostra

nas suas verdes estratégias, nas suas pontes

de música visual: o equilíbrio preenche os buracos

com arcos, colinas e com árvores.

Um alvor nasceu nas palavras e nos montes.

O impronunciável é o horizonte do que é dito.



António Ramos Rosa
ACORDES, QUETZAL EDITORES, 1990, 2ª EDIÇÃO, P. 81



Este comentário é simplesmente a minha oferta de Natal.

Beijos

Feliz Natal


Enviado por Tópico
quidam
Publicado: 22/12/2008 22:25  Atualizado: 22/12/2008 22:25
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Localidade: PORTIMÃO
Mensagens: 1354
 Re: Crepúsculo
Ainda estou a saborear o sabor do chá com a poesia...