Sonetos : 

vai

 
Tira uma parte escorreita
do que a posse possa evitar
e nunca será a que se aceita;
capta o inverso ao parar...

Segue toda a face direita,
simétrica, invisível tal o ar
tragável, sempre à espreita,
mas impossível de alcançar.

Vai onde for o pensamento,
tão longe, no entanto tão perto.
Na distracção fica atento

e o teu pensamento aberto.
Diz-se ser tão leve como o vento
e no entanto é tão incerto...



Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
939
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
13 pontos
3
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
DianaBalis
Publicado: 04/01/2009 21:47  Atualizado: 04/01/2009 21:47
Membro de honra
Usuário desde: 23/07/2006
Localidade: Rio de Janeiro
Mensagens: 533
 Re: vai
Lindo, realmente como um aviso ao navegante, o mar do amor nem avisa chega e vai, sem cessar. Adorei seu belo texto. bjs

Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 05/01/2009 14:29  Atualizado: 05/01/2009 14:29
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: vai
Uma das coisas que gosto nos teus poemas é que fico a pensar neles, porque há mais, muito mais do que está escrito!
Este é mais um em que me vou debruçar...

Beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/01/2009 08:24  Atualizado: 08/01/2009 08:24
 Re: vai
Um soneto com sabor a esperança mas nem tudo que vai volta.

Bj