Poemas : 

O DIFERENTE É IGUAL

 
O DIFERENTE É IGUAL
 
As minhas mãos são de barro
tentam esculpir outras formas
de sentir a poesia…

Moldo formas iguais
e já não sou capaz
de ser diferente
a criar formas reais
ou imaginárias…

As palavras ou se derretem
com o calor imenso da fornalha
ou se partem com frio da alma…

Pego nos cacos
e fechei-os dentro do armário
restam os utensílios desarrumados
na angústia e tortura
das páginas do livro branco
borrado e pisado pelos tempos
(nem há formas de medos!)

Já não posso mais…
As minhas mãos são de barro
os meus sonhos estão partidos
e os meus dedos estão quebrados

Só o forno aceso
a queimar a mentira de um passado
espalhando cinzas pelo fundo
na procura de um novo futuro

As paredes da minha oficina
olham para mim pasmadas:
nem o próprio tempo
apagará estas imagens
que não criei nem existem
- o diferente é sempre igual!


Jorge Oliveira

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quidam
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Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 15/01/2009 11:44  Atualizado: 15/01/2009 11:44
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: O DIFERENTE É IGUAL
"Já não posso mais…
As minhas mãos são de barro
os meus sonhos estão partidos
e os meus dedos estão quebrados"

Muito profundo, triste e belo...

Beijo

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/01/2009 12:25  Atualizado: 15/01/2009 12:25
 Re: O DIFERENTE É IGUAL
E nessas diferenças te encontro em algumas verdades..a criação de momentos unicos no agora de um poema

Bjs

Dolores

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/01/2009 12:30  Atualizado: 15/01/2009 12:30
 Re: O DIFERENTE É IGUAL
gostei muito do seu poema. as diferenças se confundem no tempo passado. bj

gostei desse trecho:

"Só o forno aceso
a queimar a mentira de um passado
espalhando cinzas pelo fundo
na procura de um novo futuro"

Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 15/01/2009 15:12  Atualizado: 15/01/2009 15:12
Membro de honra
Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: O DIFERENTE É IGUAL
O olhar analítico do poeta sobre si mesmo,resta colar os cacos e seguir o percurso, moldando palavras de amor e revolta como tu sabes, e sabes fazê-lo muito bem mesmo, beijinhos

(Pego nos cacos
e fechei-os dentro do armário)

Enviado por Tópico
saozinha
Publicado: 15/01/2009 18:53  Atualizado: 15/01/2009 18:53
Colaborador
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 Re: O DIFERENTE É IGUAL
"Já não posso mais…
As minhas mãos são de barro
os meus sonhos estão partidos
e os meus dedos estão quebrados

Só o forno aceso
a queimar a mentira de um passado
espalhando cinzas pelo fundo
na procura de um novo futuro"

Quidam:
Eu não sou escritora,apenas vou juntando umas palavras que denunciem as minhas inquietações.
Acho que este texto fala das inquitações do escritor em moldar as palavras que traduzam o seu sentir.Que falem das emoções,dos medos ,dos desjos,e das esperanças.
Beijo