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Desespero

 
Há momentos que o desespero bate
trava a garganta num empate
fatídico, tísico, físico.
Perco os sentidos da razão.

Há a vontade de gritar, chorar, brigar
travo uma batalha comigo, em castigo
pois só eu morro a cada batalhar
Esgar - hei de fazer isso parar!

Tento de todo jeito fugir de mim
Escrevo, leio, incendeio minh’alma
tenho, preciso manter a calma,
mas como?


Não tenho mais como surtar! Deus!
Faça minha cabeça parar. Quero descansar.
Idéias vagam. Sentimentos exalam.
Quem sou eu, onde hei de parar.

Ando. De um lado para o outro.
Mãos no rosto. Pensamentos, desgosto!
O coração apertado. Olhos fechados.
A cabeça dói e a alma corrói.

As dúvidas vêm, a incerteza bate
Apanho do céu, do inferno, de mim
Onde há luz, nessa escuridão sem fim?
Onde está a saída deste labirinto em mim.

Transfiro minhas dúvidas, meu medo, meu segredo
Torno-me fraco, tragado, esmagado.
Quero fazer isso parar! Meu tempo está a se esgotar
Seguir. Parar. Sorrir. Chorar.

O desespero é tanto e não há onde agarrar
Afogo-me na minha imaginação, na minha latência
Penso na minha própria ausência ou seria a existência. Consciência.
Um fim. Por fim. Por, um fim. Um novo começar.

A dúvida esmaga a razão. As feridas intumescem sem perdão.
Sou refém de mim, sem razão, sem opção.
Sem socorro. Sozinho. Perdido, triste
na minha própria solidão.

Um bilhete, para quem? Não há ninguém.
Um rabiscar, um piscar. Será uma lágrima a escapar?
Um risco, dois. Nada a declarar, nem isso.
Será essa a maneira? Não há pressa só a necessidade.

Não existe escapatória, nem vitória
Será loucura, imaginação, visão, prospecção
Uma visão futura, realidade, delírio.
Sei apenas se tratar de um martírio.

Sento. Silêncio.
O som do coração é ensurdecedor na minha batalha
Alma. Um nó apertado prevendo o pior
Calma. A razão, apaziguando, dissonando a dor.

Mentira! Brada a emoção.
Faça! Pede o desespero.
Você é mais forte que isso
Imploro, a mim, inteiro.

Amasso o bilhete vazio.
Olho o nada, tardio.
O que eu fiz? Silêncio, pio.
Levanto. Sigo. Por quê? Não sei.

Gostaria de saber. De ver.
Da certeza do bem viver. Da felicidade.
Daquilo que perdi. Mas não perdi.
Acertei? Errei? Vivi? Morrer.

Apago meus pensamentos.
Desisto dos meus tormentos.
Adio meu sofrimento.
Minto para mim e sigo, a contento.

Fim.


Oh ego Laevus!

 
Autor
Raul de Oliveira
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/01/2009 01:07  Atualizado: 19/01/2009 01:07
 Re: Desespero
Que desespero em poeta?
Sua mente está fervilhando.
Chore, braveja, deixa as lágrimas
caírem assim a alma ficará em paz.

Bravo! Adorei o seu poema...
Parabéns!
Obrigada pela sua visita!

Um abraço.

Enviado por Tópico
JoseMonteiro
Publicado: 19/01/2009 12:19  Atualizado: 19/01/2009 12:19
Super Participativo
Usuário desde: 21/11/2008
Localidade:
Mensagens: 115
 Re: Desespero
Aqui vai um pequeno poema,como reflexão a tua escrita onde me revejo.

O poeta vive no desespero
Porque tudo o que alcança é o nada
E vive na inconstante do erro
Nunca sabendo se a alma está enganada

Parabéns pelo poema

Abraço