Poemas : 

Inspiração invertida

 
Apagam-se as luzes
Com as estrelas
Encaixadas nos quebra-nozes.
A noite enfeita-se de negro
Porque as memórias
Só dão filhos na escuridão
E a lua é a madrasta má
Dos meus sonhos de encantar.
Fecham-se os olhos
Porque o dia
Tem luz a mais
Para leres estas linhas tão sombrias.
Morram as sombras
Que as paredes querem-se nuas!
Deita-te no chão…
Quero ficar a desenhar a carvão
O teu corpo vestido de asfalto
até ficar sem pilhas nos dedos.

Tens ganas pelo limite?
Então saltamos os dois despidos de miolos
daquele penhasco afiado
De onde gritei um nome esquecido
3 vezes sem o cansar.
Depois deixo que
Grites 5 vezes o meu novo nome
Quando o chão nos abrandar a queda
E te partir os dentes.
Não acreditas nas minhas doces promessas?
Não tenhas medo de me deixares com feridas profundas
Porque há muito que a escuridão
Esfola-me os joelhos.
E se é verdade que nas minhas veias
O sangue corre com pressão alta nas despedidas…
É mentira dizer que o meu coração explode
Só porque tu também me vais dizer adeus no fim da corrida.
Já rasguei muitos quilómetros
Com ele em bicos de pés…
Chegar a ti
É só mais um metro de alma perdida.


Porque me perfuras o ventre
Com flashes lânguidos
E não me abres à queima-roupa?
Odeio esperar desejos
Com a saliva batendo-me à porta!
Dizes que estou a chorar?
E então?
Bebe-me as lágrimas num copo
E imagina-me a soltar gargalhadas pelo nariz!
Eu tenho espaço na minha boca
Para os teus beijos
E quero-os já!
Hoje a poeira do chão
É só minha…
Amanhã serás tu o pó
Que ficará por soprar.

Daniela Pereira

 
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DanielaPereira
 
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Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 03/05/2007 14:05  Atualizado: 03/05/2007 14:05
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Usuário desde: 22/02/2006
Localidade: Mg
Mensagens: 890
 Re: Inspiração invertida
Um tanto pontiagudo o teu poema,
Nestas idas e vindas,
Ponderando-se entre o querer e o desprezar:
"Eu tenho espaço na minha boca
Para os teus beijos"
Dominas tudo, as letras, o desejo,
A mágoa, o desconsolo.
Não há quem não queira se entregar,
Ainda que no final nem se veja um despedir.
Passeias, e ainda que seja tão belo vê-la nua
Como teus sentidos e gostos,
Não ameniza o salto da tua exubêrancia que pisa.

Mui bueno Poetisa,
Como sempre tens propriedade em tudo que narras.