Crónicas : 

por este rio (me) de falsos poetas

 

Algumas pessoas vivem em redoma, escrevem, tentam passar o que sentem mas de forma estereotipada. Sempre que algo lhes escapa dos versos em “grito de silêncio” lançados, de um “peito dorido” que ganha vida na morte do amado, (porque mais não sabe…) ou vice-versa inflamam-se na perca de argumentos válidos para contrapor as opiniões de que não concordam. A discordância não é um defeito, é uma virtude, é no sonho do escriba, daquele que discorda, que o mundo pula e avança, é do sonho, é da metáfora, da hipérbole, do parafrasear perdido nas aliterações e anáforas das palavras que volteiam em metas perdidas, para enfim chegar ao ponto de partida. Na redoma em que vivem na adoração do pouco que sabem e mais não querem saber esses falsos escribas reduzem o livre pensar a um egocentrismo não percebendo no deambular parco do caminho que percorrem o troço de escolhos e esburacado que pisam. São pobres na essência, pobres no sentir, fossem eles contorcionistas e até no sexo se bastavam. Mas não…
Não se bastam, porque nessa sanha que nem eles percebem o porquê, esconjuram quem deles discorda e amam aqueles que os bajulam, e bajulam os que os bajulam (isto é uma aliteração e uma anáfora mas não é uma hipérbole), exaltam a ímpia concordância, até ao dia em que um que os bajula se atreve a discordar do plágio de si próprios que vão estruturando um atrás do outro… Nem se dão conta é minha convicção e deles também… pena tenho de quem assim sente, e se exalta na discordância não tentando encontrar na plenitude do ir e do vir pontos de intersecção, pela simples conclusão que não há rectas infinitas, algures no ocaso esse traço terá que curvar ora perante a imponência e ditadura da montanha firme e hirta, ora perante a inconveniência do regato que desagua no ribeiro que desagua no rio que desagua no mar, porque quer queiram quer não, os rios desaguam no mar… é isso que eu sou, começo regato nascente, na esperança de me tornar rio… mar… oceano… quem sabe até… planeta... e mesmo assim sei que terei de voltear em torno do sol.
 
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jaber
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/04/2009 16:41  Atualizado: 27/09/2009 10:45
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Existe uma expressão que me tem acompanhado; "Quem não sabe ensina, quem sabe faz"! Nem sempre se aplica, mas aplica-se muitas vezes. Onde te incluis nessa máxima?
Vejo que o espelho é o teu objecto preferido e anáfora a tua palavra de eleição e também, curioso, de repetição.
Escreve sem olhar os outros, porque eles até se esforçam, mesmo estereotipadamente. Falam de si, de dores, de amores, de desamores, de alegrias, de tristezas,... deles. Não grandiloquentes, não com termos rebuscados. Falam de si.
Escreve, mas não escrevas que o teu umbigo é mais bonito que o dos outros.
Um abraço.





Enviado por Tópico
(re)velata
Publicado: 12/04/2009 18:52  Atualizado: 12/04/2009 18:52
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2009
Localidade: Lagos
Mensagens: 2214
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Jaber:

Apreciei a sua crónica e o comentário que fez a NitoViana, pois provou que se pode discordar de determinadas práticas (ditas) poéticas sem usar termos baixos, ao contrário do que já aconteceu neste site. O Luso é um site aberto a todos, e como tal há os muito bons, os bons, os que se auto-plagiam, os que plagiam outros, os menos bons. E os que sabiamente comentam, os que bajulam e os que criticam. O Jaber está no seu direito de criticar o que não acha certo, como o Nito de defender o seu ponto de vista e eu (que apenas publico desabafos e não me apelido de "poetisa") de reflectir sobre ambos. Só lamento o título da crónica, pela dimensão de desprezo que comporta.
Continue a escrever!





Enviado por Tópico
António MR Martins
Publicado: 12/04/2009 19:29  Atualizado: 12/04/2009 19:30
Colaborador
Usuário desde: 22/09/2008
Localidade: Ansião
Mensagens: 5058
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Jaber,

Já tenho referido que admiro toda a sua escrita, inclusivé opinei que a deveria publicar, em livro. O José, sempre disse que não pensa nisso, mas a forma mordaz como o faz causa apetência ao leitor, para além disso a perspicaz alusão ao desenrolar dos acontecimentos (aqui, ou noutro lado qualquer) revela-se de enorme qualidade. Comungo da ideia que nos endereça no seu texto (claro que cada um é como cada qual), pois existem atitudes similares às que ventila.
Eu gosto muito de aqui estar, às vezes, o tempo disponível para fazê-lo é que já não é tanto como era, no início. É óbvio que nos deparamos com idênticas situações às que aponta, mas eu, de forma alguma (é o meu feitio, talvez base da minha educação), jamais criticarei esse tipo de posições. Continuo a proceder como sempre procedi, a publicar quando julgue a altura ideal e a comentar como sempre fiz (agradecendo os comentários feitos às minhas postagens, sejam eles de índole elogiosa ou de sentido contrário).
Quanto ao seu texto, e a tudo o que de si tenho lido, verifico imensa qualidade e uma superior maneira de escrever...
Sempre a considerar.

Abraço



Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/04/2009 20:45  Atualizado: 12/04/2009 20:45
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Ó Zé!
Sem fazer juízo, escrevo-te de Zé para Zé!

Luso-poemas é um site de poesia ou crítica literária?
O valor de um artista faz-se no palco, na praça, na exposição.
Este site é como uma mesa de café, ou melhor, a vitrina do café, aqui nos encontramos (mas com a vantajem de não ser necessário marcar encontro!). Cada um apresenta o que bem entende. De facto poderia haver mais critica construtiva, mas fazê-lo é ainda mais difícil do que escrever estes rabiscos que pessoas como eu escrevem para, sei lá, organizar ideias, deambular consigo próprias, ou até mesmo exercitar a criatividade.
Todos os que aqui escrevem saberão dar o devido valor aos comentários que recebem, somos adultos, não é verdade?

Abraço do moço de Lagos,

José Paulo Galvão


Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 12/04/2009 20:57  Atualizado: 12/04/2009 20:57
Colaborador
Usuário desde: 24/07/2007
Localidade: BRASIL
Mensagens: 6868
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Jaber, falsos poetas ou verdeiros poetas isso acho desnecessário destacar. Acredito que se aqui estamos, é porque queremos mostrar nosso trabalho. Evidente que em certas ocasiões, podemos até comentar com excesso de elogio. Mas, quem não gosta de um que atire a primeira pedra. Não nos compete aqui julgar quem é o bam bam bam da escrita e sim, dizer que o site está aqui para que façamos dele arte ( da mais simples a mais complexa) dos aprendizes a poeta ( posso até me incluir aqui, com orgulho; aos que se julgam conhecedores da boa arte literária). Façamos em vez de críticas, incentivos. Já imaginou, se de hoje em diante só os ditos "competentes" viessem postar...
Só peço que façamos desse site um lugar de muita união e incentivo ( o ser humano precisa desses itens pra se sentir melhor)

Um abraço
Ledalge


Enviado por Tópico
JoséCorreia
Publicado: 12/04/2009 21:30  Atualizado: 12/04/2009 21:30
Usuário desde: 17/03/2009
Localidade:
Mensagens: 282
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Então Zé tudo?

Senhor Paulo Galvão digo-te que pareceu-me que houve uma contradição da tua parte, se tu afirmas: "Cada um apresenta o que bem entende. " , não podes vir julgar este texto ou esta crónica de forma alguma, porque a meu ver o Zé publicou isto, " porque bem entendeu ".
Atenção que não estou a defender ninguém!
E toda a gente tem o direito de publicar o que quiser.
Porém já fui capaz de reparar em certos pontos que o Zé apresenta no texto, que de facto são verdade ( Para quem não olha só para o seu umbigo)

Quanto a ti amigo Zé, "Parabéns pela irreverência"
Desta feita para ti.

Abraço






Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 12/04/2009 22:08  Atualizado: 12/04/2009 22:08
Membro de honra
Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Amigo sinceramente vou a estar cansada, deve ser velhice ou reumático, beijocas continua a escrever que eu vou ler sempre mesmo que não diga nada.


Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 13/04/2009 09:33  Atualizado: 13/04/2009 17:05
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8104
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Resumindo: o que queres dizer, e dizes, é que poeta é aquele, que escreve para além de si, esperando fazer a diferença, para melhor, em qualquer situação mal encaminhada, como referiste já, no caso da pobreza, no caso da criança explorada, no caso da mulher mal tratada, sem esperar elogios, mas sim que se retratem nessas querelas, que as discutam, que ajudem a alertar as consciências.
Eu concordo, porque um poeta tem de ser um ser humano completo, integrado, consciente.
Não vejo aqui nenhum espelho, nem adoração do umbigo, apenas um tanto de mágoa pela incompreensão, e talvez pela impotência de chamar à referida integração, quem teria capacidade para ajudar na mudança…
Parabéns José Alberto




Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/04/2009 16:15  Atualizado: 13/04/2009 16:15
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Li e apreciei o texto. Não tenho voto na matéria porque não me considero poetisa. Escrevo umas coisinhas de quando em vez sempre no mesmo tom. O que escrevo não faz de mim poetisa. Comento como gosto e sei fazer. Dou apreço ao que gosto. Não sou especialista. Deixo isso para os críticos que são uns chatos! Talvez um dia eu faça algo, mas o que escrevo vem de dentro e faço-o com prazer.

Deixo-te um beijo azul... e sabes? Gosto do que escreves!



Enviado por Tópico
Valdevinoxis
Publicado: 13/04/2009 16:28  Atualizado: 13/04/2009 16:56
Administrador
Usuário desde: 27/10/2006
Localidade: Aguiar, Viana do Alentejo
Mensagens: 2097
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Isto é um debate.
Isto, sim, serve um dos propósitos do Luso-Poemas. O meu agradecimento jaber.

Valdevinoxis

PS: Todos são criticos, pois todos têm bases para julgar de acordo com aquilo que pensam, idealizam ou interpretam. Se assim não fosse não haveria nem desacordos e nem discussões válidas.
Só mais uma: Poeta é toda a gente, quer se goste ou não. A poesia é inerente ao ser gente.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/04/2009 23:38  Atualizado: 13/04/2009 23:38
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
isto é um saudável debate, incitado pelo teu excelente texto Jaber.

há vezes que eu prefiro ser mais um humilde observador do que um debatedor, portanto deliciei-me como os comentários. adoro mesmo são uns papos de botequim regado a cachaça.rs mas gostei desta visão dada ao poeta, de ser um artista;

"O artista cria sempre obras umas diferentes das outras, é tendencialmente eclético, diversificando".

Valeu Xará. um beijão irmão.

Silveira

(parabéns a todos)


Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 14/04/2009 09:12  Atualizado: 14/04/2009 09:12
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Olá Jaber! Um texto que já estive para comentar diversas vezes mas não o fiz com receio de dizer alguma inconveniência. Falarei de uma forma mais aligeirada uma vez que é um dos temas mais pertinentes da poesia atual e assim sendo suscetível de criar polémicas. Por outro lado o assunto não se esgota em meia dúzia de palavras. Por exemplo, quem lê um texto destes começa logo por lançar duas questões que são uma só: "Que tipo de poeta sou/que tipo de poeta me consideram quem me possa ler"? Enquanto um autor não conseguir responder convenientemente a esta questão não conseguirá partir para outras questões. Existem todo o tipo de autores que surgiram com a net, como cogumelos espontâneos em chuva outonal. E é verdade aquilo que diz no texto... Os autores mais difíceis de lidar são mesmo esses que não aceitam críticas construtivas (verdade se diga que existem muitas críticas apenas destrutivas ou então sem sentido nenhum). No entanto existem egos muito elevados de parte a parte e são esses que colocam os grandes obstáculos. Como vê só aqui existe matéria suficiente para nunca mais acabar de escrever/discutir/comentar. Creio que é um tema próprio para um forum ou qualquer coisa do género. Um tema para debater pessoalmente, olhos nos olhos que nós aqui conhecemos as palavras (por vezes a correr - sim, é uma crítica), mas não conhecemos nada daqueles que estão por trás delas. Antes de me despedir, confesso que gosto muito de ler este tipo de textos, que são fundamentais para abrir mais os nossos horizontes, embora prefira mais ler que participar. Dizer ainda que gostei da originalidade do título, talvez por gostar muito de apresentar textos com jogos de palavras! Prazer em dar o meu contributo! Vai um abraçooo desde as Caldas! Abíl!io


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/04/2009 09:45  Atualizado: 14/04/2009 09:45
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Meu caro Jaber.

Chego agora quando a peça termina...

(uma piadinha)" Um sujeito cai do décimo andar,
levanta uma enorme poeira. Perguntam: o que aconteceu? Não sei, estou chegando agora."

... E me retiro de mansinho, pois se descobrem o que o já sei...(que não sou poeta), e publicam isso, que dizer lá em casa?

Acho interessante qualquer crítica de boa fé.

Um abraço

Ulysses


Enviado por Tópico
Homo sapiens
Publicado: 14/04/2009 09:49  Atualizado: 14/04/2009 09:49
Muito Participativo
Usuário desde: 29/11/2007
Localidade: Terra de ninguém
Mensagens: 83
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Será que o Jaber se converteu, ao Iluminismo...claro! Que, finalmente se convenceu que mais vale um comentário sincero que mil comentários hipócritas? E que nada adianta andar a espingardar á toa? Que melhor será, como se diz aí no Minho, "deixa-os poisar"...
Abraço


Enviado por Tópico
Lara Adam
Publicado: 17/04/2009 14:07  Atualizado: 17/04/2009 14:07
Da casa!
Usuário desde: 16/05/2008
Localidade: Ponte de Lima
Mensagens: 405
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Fechou a discussão...e não é que Deus deu-nos a liberdade de pensarmos aquilo que nós queremos!! Apetecia-me dizer algo, mas fica para a próxima...e olhe sr. Jaber que eu não sou poetisa, apenas escrevo umas coisinhas...




Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/04/2009 15:06  Atualizado: 17/04/2009 15:06
 Re: por este rio (me) de falsos poetas
Ufa!!!!! Caramba!!!! rsrs..
Carinho,
Márcia.