Poemas : 

Diário de Bordo II

 

Já fui cardume em correria
Pelos rápidos deste rio,
Roí as malhas da paciência
Deste rede que me estenderam
Não quis virar a própria corrente,
Virei peixe em sentido ascendente
Vogo agora em contra ciclo,
Subo o rio, liberto do estuário
Da foz que todos partilham.
Vou subindo, espartilhado
Pelas margens que afunilam
Em direcção á nascente,
Alheio á força em sentido descendente,
Faço dos predadores que me buscam
De dente em riste, e garra afiada,
Da guerra que lhes enceto
O mote da minha viagem.
Peixe alado contra as levadas
Determinado e consciente,
Antes morto nesta subida
Que vivo na temperança complacente.

 
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jaber
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/05/2009 14:44  Atualizado: 02/05/2009 14:44
 Re: Diário de Bordo II
Jaber,
Gostei mesmo desta metáfora.
Sobes a corrente da escrita que se afunila ao chegar à nascente, à poesia.
Quantos ainda (como eu) estarão perdidos na foz poluida...

Parabéns,

Abraço


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/05/2009 15:46  Atualizado: 02/05/2009 15:46
 Re: Diário de Bordo II
Sujeito de exceção, há peixes que sobem o rio, contra a correnteza, contra a lei da gravidade, mas
"Antes morto nesta subida
Que vivo na temperança complacente."

Bacana!
Beijo, Jaber.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/05/2009 15:52  Atualizado: 02/05/2009 15:52
 Re: Diário de Bordo II
Pena de quem grande se sente, com razão ou sem ela, se esquece que já foi pequeno e não sabe ir na corrente para melhor acautelar, quem se iniciou nela!
Um abraço, Jaber


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/05/2009 20:01  Atualizado: 02/05/2009 20:02
 Re: Diário de Bordo II
A piracema é muito bonita de se ver...Quanto a viver...Não sei!Tomara que chegues onde queres!
Bjins, Betha.
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