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Tenho mais pena do que raiva

 
Tenho mais pena do que raiva

(Artigo já publicado em jornais regionais)

Caros amigos:
Hoje, após uma vasculhada nos meus apontamentos da semana notei que tudo continua como sempre: a fome no mundo continua, as guerras continuam, o ódio continua, o poder cada vez mais devastador, o homem cada vez mais hipócrita, a juventude cada vez mais sem horizontes, a mentira cada vez mais próxima, o orgulho cada vez maior, o je$u$ de muitos a preço de varejo, a política cada vez mais suja e enlameada e o amor cada vez mais distante da humanidade.
Muitos vibram quando o bicho pega e eu desabafo. Esta semana, no entanto achei melhor tirar o sono de alguns, pois tenho certeza que após lerem esta matéria irão pensar melhor se realmente valeu a pena. E se as dores já começaram a surgir cuidado!
Reflitam comigo! Embora possam discordar, mas cheguem ao final.
Todos nós estamos aqui não para um passeio e sim para uma grande missão à qual nós nos propusemos anteriormente, quando ainda na espiritualidade aguardávamos a nossa nova oportunidade de regresso a este planeta redentor. Assumimos lá compromissos sérios e que acreditávamos cumpri-los piamente. Acontece que após aqui renascermos e por misericórdia divina haver o apagamento de nossas lembranças passadas, começamos a crescer até que completamos idade suficiente para administração da vida e de nossos próprios negócios. Assim partimos para uma nova etapa que deveria ter caráter construtivo, digno e acima de tudo humanitário, o que infelizmente não acontece com a maioria daqueles que por aqui passa.
Hoje o mundo está totalmente conturbado: uma ganância desenfreada que nos amedronta. Uma corrida incessante em direção ao poder e ao dinheiro, na impressão de que uma vez conquistado esse efêmero trono realizamos a nossa sagrada missão sobre o planeta Terra. Até que poderia mesmo ser uma realidade esse tipo de pensamento, mas o que acontece é totalmente diferente. Uma vez chegado ao seu desiderato modifica-se por completo sua personalidade: os humildes tornam-se orgulhosos, os mansos tornam-se cruéis, os generosos tornam-se sovinas e o pior os pobres tornam-se muitas vezes, falsos ricos. O que é isto? Apropriação do dinheiro público! Exatamente aquela pecúnia que não lhe pertence e que muitos metem a mão por esse Brasil afora.
Fico imaginando sempre qual é o grau de entendimento dessas pessoas, o que passa pelas suas cabeças quando assistem nos jornais e vêem crianças com fome e maltratadas, idosos trêmulos e taciturnos que poderiam ser seus pais, aguardando em filas enormes a sua vez na porta de alguma entidade. Fico a pensar: será que conseguem dormir em paz e ter uma noite serena?
Conheço tantos indivíduos que já praticaram os mais devassos e desrespeitosos atos, contra a administração pública, mas, já os vi também de joelhos sem o menor pudor, frente a Deus. Quem sabe implorando por misericórdia? Porque em certo momento fagulhas de sobriedade faiscaram em sua consciência. Como sempre repito: não há cárcere mais sombrio do que o dessa própria consciência. Mas não emendam, continuam a transgredir os ditames da dignidade, da decência para embrenharem-se no nefasto mar da insensatez. Como é cruel e mesquinho o comportamento desses homens abjetos que desfrutam insensivelmente de valores apropriados indevidamente, como se nada tivesse acontecido como se tudo isso fosse normal. O mais incrível é que eles sabem que nós sabemos que uma parte imensa do seu patrimônio fora construído à custa de muitas lágrimas. Da dificuldade do pai de família agoniado pela falta do emprego frente aos pequeninos filhos que choram de fome, mas nada disso os comovem. Continuam investindo maciçamente para conquistar essa mina ilusória, que abastece os prazeres da carne, mas se deixam levar. E no desequilíbrio produzido no seu próprio ser motivado pelos atos reprováveis, acabam por fragilizar a proteção existente na aura humana e, por conseguinte dando passagens às bactérias e miasmas cósmicos que serão possivelmente os responsáveis no futuro por muitas das amargas doenças do próprio corpo.
Deus é a sabedoria perene. Por isto habilitou o homem, mas munindo-o de sensores perispirituais necessários que dispensam a punição pelos próprios homens, o próprio tempo se incumbe de penalizá-los. Por esta razão é que não precisamos nos preocupar quando verificarmos que a lei dos homens deixou de punir indivíduos que nós sabemos como eles também sabem ser ladrões dos cofres públicos ou que tenham praticado qualquer delito que seja contra o seu semelhante, mas infelizmente blindados através de manobras políticas até nos tribunais que os favorecem. Apenas uma existência às vezes não é suficiente para que os erros captados por esses sensores sejam contabilizados e devolvidos à fonte geradora dos sofrimentos causados ao próximo. Se alegarmos a imperfeição humana como motivo do erro tínhamos por obrigação saná-la, uma vez que sabedoria Divina nos dotou do livre-arbítrio ou o direito de escolha. Quantas vezes nos sensibilizamos frente àqueles que sofrem que atravessam toda uma existência aprisionados sobre uma cadeira de rodas, muitas vezes cegos, mudos ou surdos ou quem sabe humilhados sob uma miséria inexplicável aparentemente,... onde muitos imputam a Deus responsabilidade pelo fardo que carregam, mas se esquecem que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Deus é justo e misericordioso jamais permitiria que uma só de suas ovelhas se perdesse e também jamais criaria um mundo onde tivesse de um lado: ricos, bonitos e sarados e do outro: pobres, feios e doentes. Somente a nós cabe a culpa das próprias mazelas.
A maldade e o egoísmo são também responsáveis pela dificuldade humana. Mas somos nós que procuramos cada vez mais agravar a nossa vida. Praticando o bem colheremos os afagos da felicidade futura ou praticando o mal devemos assumir depois as conseqüências. Mas se impregnarmos o perispírito através dos sensores fiscalizadores da nossa conduta com as mais perversas e insensatas ações a culpa é nossa e não de Deus, as dores virão sorrateiramente para nos mostrar que deveríamos ter usado as nossas atribuições e prerrogativas para aliviarem as dores e o sofrimento daqueles que também erraram e aí então entenderemos o porquê da dor e do flagício sobre a face da Terra.
Alguém já viu João de barro fazer casa pra filho? Ou os pássaros do campo amontoar alimentos para o amanhã? Claro que não! Abdiquemos da ganância, avareza e do egoísmo, o que adianta amealharmos criminosamente os milhões de dólares no exterior, habitarmos as mansões do luxo, desfrutar o prazer da soberbia com o dinheiro alheio? Tenho certeza absoluta que cada migalha conquistada ilicitamente terá no final ou após a vida terrena, um peso tão imensurável que o fará cada vez mais afundado no charco putrefato onde por longos anos terá que conviver e entender as sábias palavras: “conhecerás agora de o verdadeiro ranger de dentes...” Praticando o bem através das boas ações e da tolerância, e contentando apenas com o suficiente para uma vida digna, sem o assalto àquilo que não lhe pertence e também recordando o pacifista Mahatma Gandhi (grande alma) quando disse: “Tudo o que nos sobra é exatamente o que falta ao nosso semelhante”. Se agirmos corretamente certamente estaremos amontoando no coração virtudes, as únicas moedas de barganha no plano Superior.

 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/02/2009 21:15  Atualizado: 24/02/2009 21:15
 Re: Tenho mais pena do que raiva
Em termos gerais, partilho inteiramente do seu pensamento meu caro AAA.
A Civilização, esta que vota a esmagadora maioria da Humanidade à miséria e destrói a vida na Terra, entrou numa diâmica imparável de auto-destruição. Só nos resta abrir os nossos corações, dar as mãos e prepararmo-nos para novos tempos.
Abraço