enquanto me olhas
o dedo aponta ao inferno um micróbio lacrimal
um chapéu exposto ao sol atenta os biquínis coloridos
uma virgem hermafrodita desgasta a língua no varão
enquanto um cabelo muito pesado beija a cereja distraida
a bitola do alfaiate quer à lua voltar
dos zigue-zagues do esgrima salta o corvo pela boca
das cortinas muito finas quebram um tinteiro de asfalto
pela caixa do artista canta a gaitinha o amor
à desforra do esquife vai molhado o talhador
uma menina bem simpática ao espelho faz o pino
pela raquete do ignorante salta a rolha o garrafão
contendo gargalhadas de preservativos multi-sabores
os filhos da viuva lenhadores sempre foram
do cotovelo poeirento nasce a revista astrónoma
pelo ovo da galinha lança à boca o amnésico
larga uma pedra ao charco o leiteiro usurpador
e do cérebro do revolucionário faz-se um parto lunático!
Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.