Poemas : 

Pátria Amada

 
Não, não me deves o que te dei,
tudo que ainda me cabe ponho em tuas guardas:
minhas mãos vestidas de afeição e presteza às dores dos irmãos que me deste;
as horas de sono que nunca mais terei entrego a outros filhos teus, também aflitos, pelos quais espero de olhos abertos e limpos, paramentada, tendo o teu alarme incrustado no meu tímpano esquerdo, porque via para o coração.
Amo-te, esplanada de tudo que preciso.
Sob tua bandeira gigante, abrigo verde que me veste a alma,
nenhuma tortura me alcança as fraquezas,
nenhuma dor me ensina a trair-te.

Não te devo mais que o subterrâneo onde moram meu pai,
meu irmão, amores meus que se foram,
que por tua glória se perderam da vida, trabalhando.

Brasil, berço dos meus pés cansados,
troco-te agora, com um pesar de morte,
por uma Espanha qualquer,
tão incômoda esperança!
Pelo sangue do meu sangue,
o sangue mais puro do mundo,
eu imploro: ama-me, pátria amada,
ao menos uma vez.

 
Autor
Amora
Autor
 
Texto
Data
Leituras
3201
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/05/2009 22:53  Atualizado: 31/05/2009 22:53
 Re: Pátria Amada
Uma vez perguntei para para um secretário, destes de governo: " E o Estado, não poderia me amar também"?
Teu texto é excelente Amora!
Parabéns
Abraço
Edilson


Enviado por Tópico
mim
Publicado: 31/05/2009 22:57  Atualizado: 31/05/2009 22:57
Colaborador
Usuário desde: 14/08/2008
Localidade:
Mensagens: 2857
 Re: Pátria Amada
Belo poema a essa Pátria que tantas vezes é ingrata para tantos.

Beijocas doces