SE

SE – providencial ensejo -
Me fosse dado agarrar as estrelas
E dispô-las a meu bel-talante
Para tanto me assistindo engenho e arte
SE - num amplexo sem fim
Eu abraçando a terra fosse ao outro lado
Buscar o romântico da lua
SE - em omnipotente click
Abrandasse o braseiro do Sol
Ou emprestasse calor aos seus raios
SE - na aridez do deserto
Semeasse oásis a eito
E na minha inábil destreza
A um mundo em desmando
Desse capaz jeito
SE – tais forças gerasse em mim
Que gritasse eficaz não
À fome que mata os homens
SE – qual Confúcio deste tempo
Cresse nas Domus Justiciae
Ver algum dia
Nascerem viçosas ervas
SE – observador atento
Do mundo que o cerca
Lesse a dor nos olhos do indigente
E indiferente não ficasse
Ao inocente olhar de uma criança
SE – qual rouxinol galante
Das minhas vocais cordas
Arrancasse uma “Noite ao Luar”
Ou “Recuerdos de Alhambra”
SE – das pedras da minha calçada
Escutasse ancestrais passos
Que em linguagem estranha
Falavam já de mim
SE – nas curvas e contra-curvas da vida
Para resposta às humanas quezílias
Eu enxergasse fatal a justiça
SE - à vaidade e à esperteza vã
De uma vez por todas
Dissesse garboso não
SE - da prosa diletante
Acordasse em mim sonante
A alma do poeta
SE – finalmente do amor
Que de ti derramas
Para sempre eu fosse o guardião
Então sim
Eu não seria dono de mim mesmo
Ninguém de alguém seria dono
Ter-me-ia feito homem do Ser
Encontrado a Razão.

Antónius


 
Autor
luciusantonius
 
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