Sonetos : 

CEM SONETOS DE AMOR

 
oneto XLVII

Detrás de mí en la rama quiero verte.
Poco a poco te convertiste en fruto.
No te costó subir de las raíces
cantando con tu sílaba de savia.
Y aquí estarás primero en flor fragante,
en la estatua de un beso convertida,
hasta que sol y tierra, sangre y cielo,
te otorguen la delicia y la dulzura.
En la rama veré tu cabellera,
tu signo madurando en el follaje,
acercando las hojas a mi sed,
y llenará mi boca tu substancia,
el beso que subió desde la tierra
con tu sangre de fruta enamorada.


Soneto XLVIII

Dos amantes dichosos hacen un solo pan,
una sola gota de luna en la hierba,
dejan andando dos sombras que se reúnen,
dejan un solo sol vacío en una cama.
De todas las verdades escogieron el día:
no se ataron con hilos sino con un aroma,
y no despedazaron la paz ni las palabras.
La dicha es una torre transparente.
El aire, el vino van con los dos amantes,
la noche les regala sus pétalos dichosos,
tienen derecho a todos los claveles.
Dos amantes dichosos no tienen fin ni muerte,
nacen y mueren muchas veces mientras viven,
tienen la eternidad de la naturaleza.



Pablo Neruda
( 12/07/1904 — 23/09/1973)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

Soneto -

Soneto - XLVII



DETRÁS DE MIM no ramo quero ver-te.

Pouco a pouco te converteste em fruto.

Não te custou subir das raízes

cantando com tua sílaba de seiva.



E aqui estarás primeiro em flor fragrante,

na estátua de um beijo convertida,

até que o sol e terra, sangue e céu,

te concedam a delícia e a doçura.



No ramo verei tua cabeleira,

teu sinal madurando na folhagem,

acercando as folhas a minha sede,



e tua substância encherá minha boca,

o beijo que subiu da terra

com teu sangue de fruta enamorada.

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Soneto - XLVIII



DOIS AMANTES ditosos fazem um só pão,

uma só gota de lua na erva,

deixem andando duas sombras que se reúnem,

deixam um só sol vazio numa cama.



De todas as verdades escolheram o dia:

não se ataram com fios senão com um aroma,

e não despedaçaram a paz nem as palavras.

A ventura é uma torre transparente.



O ar, o vinho vão com os dois amantes,

a noite lhes oferta suas ditosas pétalas,

têm direito a todos os cravos.



Dois amantes felizes não têm fim nem morte,

nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,

têm da natureza a eternidade.
 
Autor
Pablo Neruda
 
Texto
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