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Trapezista (1)

 
Miro o horizonte que cruza os céus da luz e do abismo. A distancia a percorrer parece-me cada vez mais infinita, sem um sinal fixo que me guie por qual deles me decidir.
Uma corda atravessa o rio que separa o caminho até essa longínqua margem. É a minha única hipótese para me salvar ou me perder. E agora o que faço? Lá vou eu... descalço-me e avanço sobre a corda, assim sempre sinto melhor o caminho áspero que vai deslizando sob mim.
Tenho medo de cair. Mas ainda assim olho o traço de limite que me espera lá do outro lado e avanço decidida... não há ninguém lá em baixo para me socorrer, só no outro lado... e apenas e só para me salvar ou me perder. Enfim, continuo o caminho lentamente... cheia de vertigens.
Oh não!!! A corda desentrançou-se lá à frente e agora? Restarão dois pedaços de guita a seguir: a luz ou o fogo.
A luz parece-me bem porque decerto iluminará o que procuro saber ou então me dará a tranquilidade depois da bonança.
O fogo também me parece bem pois dará o alimento à chama que arde lentamente ou então arrasará com prontidão a mesma, em género de combate fogo-fogo, até extinguir.
Aproximo-me do fim da corda, estou perto do limite que conjuga a separação de escolhas. O que escolho? Por qual devo de seguir? Sinto-me a baloiçar sobre a corda, género trapezista pois escorrego e endireito-me, curvo-me perante as rajadas de vento mas consigo suster o equilíbrio. Por quanto tempo mais ainda?... o caminho do horizonte é só um e eu ainda não escolhi.
Falta pouco...

(... continua...)
 
Autor
Tytta
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2006
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