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Tristan, the hopeless one

 
Estava cada vez mais próximo dela, sentia-a intrigada com a minha presença e toda esta situação. Eu próprio não sabia como isto tudo iria acabar, mas não me importava desde que ela pudesse voltar a ser quem era, desde que tudo voltasse ao normal antes da minha existência. A derradeira hora se aproximava em que Hope se iria finalmente libertar.
Como se fosse uma marcha, ia caminhando lentamente para estudar a sua reacção perante mim, esperando que ela pudesse se lembrar de tudo a qualquer momento, voltando de novo aquela que conhecera, aquela que me salvara a vida… A única que me fez ver novamente a vida como sempre sonhei ver.
Já estava tão perto que as suas pupilas se dilataram, o nervosismo dela era bastante acentuado, temia que ela não se lembrasse nunca de quem era, que se perdesse na imensidão do vazio que agora vivia, deixando para sempre presa aquela que era. Eu faria de tudo para cada parte da sua alma voltasse de novo a viver dentro dela, que tudo voltasse ao normal, que ela ficasse normal. Esse seria o meu principal objectivo, o resto pouco ou nada importava. Por poucos segundos vi a sua determinação apoderar-se de seu braço, que empunhava a espada, vindo directamente ao coração que tinha salvo, dando um fim à minha vida, acabando com tudo o que me restava…
Seus olhos se encheram de lágrimas, ela começava a recordar-se de tudo o que ela era, a tomar consciência da sua alma, a apoderar-se dela. Nada me traria maior felicidade do que isto, a minha morte não era nada, tudo estava no seu devido lugar. Já devia de ter ido há muito tempo, e agora vou.
- Agora sim, já estamos ao mesmo nível. Tiraram-te a vida por minha causa, agora serei eu que morrerei por isso, não devias ter feito isso por mim, mas agradeço-te por me teres dado a oportunidade de acreditar que a vida realmente existe, que afinal não estava tão sozinho assim. Agora abraça-me e deixa-me morrer contigo a meu lado, não derrames mais lágrimas, não te preocupes comigo que eu estou feliz.
Como uma rosa que se tinha de ser colhida, para que mostrasse a sua beleza antes que chegasse a sua morte, esse era o meu destino. E agora seguia o rumo da morte, o rumo da paz, perder-me-ia…


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Autor
SofiaDuarte
 
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