HERANÇA

as heranças não morrem nunca. e devem ser lembradas.

afeto,

j.

sou neto de imigrantes portugueses com muito orgulho. minha poesia aflorou na casa de meus avós, lendo torga que eu amo mais do que pessoa, porque torga era homem do povo. chegaram a dizer que eu provocava discórdia entre brasileiros e portugueses. a discórdia está aí, sem falar que o meu melhor amigo é o domingos da mota (fogomaduro, que não é albanês) e que prefaciei o livro de mel de carvalho, que não é mexicana.

carinho,

j.

doce poeta,

este poema é de fato uma viagem. uma viagem ao país da minha origem, que aprendi a respeitar e a amar, como minha segunda pátria. quanto ao chico buarque, citado em epígrafe, não é de holanda, é do brasil e do mundo.

carinho,

j.


ps: hoje, 7 de setembro, é dia da pátria. feriado no brasil. mas não me orgulho disso.meu país está podre.

"Angústia tão cruel,
Saudade tão fatal
Saudade do Brasil
em Portugal."

(De um fado que fez Vinícius de Moraes para a amiga Amália Rodrigues que o gravou)

zé,

falar de você e do flavinho é bobagem. eu adoro vocês, malta..rs rs.... quero cobrar uma canção do flavinho pra eu botar letra.

beijo na doce beatriz.

j.

chico buarque, assim como miguel torga, não é do brasil - é do mundo.

j.

ontem, quando republiquei Deus Brasileiro, ouvia Mira Ira, com a Míriam Mirah grávida e chorei. ouvi quinhentas vezes a canção e tive orgulho da maria verde, que vai ganhar um poema de mim - por ser corajosamente brasileira. tanto que usa maria e verde no nome que adotou.

beijo

j.

amigo domingos,

esta é a discórdia que um dia disseram que faço com o povo português. escrevo ouvindo eugénia, uma de minhas paixões - e você sabe. ela me canta jobim e vinícius, num disco onde homenageia os dois. vinícius, quando queria, tinha alma de fado, porque era triste também. aliás era poeta.o fado brasileiro Vira, Virou, de dois irmãos gaúchos, Kleiton e Kledir Ramil, foi composto para a maria eugénia, que canta lindo como ninguém.

j.

há imbecis, meu irmão poeta, que dizem que provoco discórdia entre brasileiros e portugueses. onde está? me diga?

j.

caro Julio,
se esses imbecis se referem a este seu poema de versos onde corre o meu sangue português ou de qualquer outro poema que porventura coloque firme o dedo em alguma das nossas feridas é porque ainda não aprenderam a ler boa poesia e a espantar os fantasmas que alimentam. se o poeta fosse português por certo esses imbecis o achariam aprimorado. assim acham-no intrometido porque só nós saberemos carpir as nossas memórias. eu não o conseguiria expor tão bem como você o fez por isso só tenho a agradecer-lhe por este retrato. quanto ao resto, "vozes de burro não chegam ao céu".

abraços

este poema foi feito para o meu avô. só por isso, de propósito, fi-lo no dito português de portugal. se o entenderam mal, não foi a maioria, não me importo. está dito e feito.

j.

esta herança eu a trago com muito orgulho, tanto que escrevi o poema no português dito de portugal, quando escrevo OIÇO, escreveria OUÇO, por exemplo. da mesma forma, fiz homenagem a um grande português, miguel torga, que me despertou para a poesia, a quem aqui e num livro meu dediquei um poema.

abrs de além-mar,

j.