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CRÔNICA

 
 
CRÔNICA

Uma tarde em que a temperatura amena desta paulicéia caótica e não desvairada, tende com o aproximar-se do ocaso, a esfriar. E eu,aqui sentado, tentando preencher os espaços vazios desta lauda celulósica.
Os pensamentos, como que se tumultuam. O telefone toca. Tomam rumos diversos e eu me perco em caminhos e descaminhos. Mais um dia que se finda. Os ossos, já flagelados, se violentam, se violentam para manter esta miríade de moléculas em alta rotatividade.
Emergem. Vem à tona, resquícios, fragmentos de coisas, fatos, atos e ações vividos outrora. Por momentos, alimento-os. E hoje, presentemente, fiz-me extra, não sei porque e não sei porque também me agito,
me enrolo,
me contorço,
caio e levanto,
me masturbo,
e como um animal no cio, me entrego ao prazer desvairado.
(...) Pausa para o café.
Mesmo este pó aromatizado, já não tem sabor. Adentra-se faringe, laringe abaixo.
E permanece o prazer animalesco que alucina. Entorpece os sentidos.
Nem mesmo o som suave da música que toca ( o rádio está ligado) consegue desviar estes pensamentos estonteantes.
Ah!...lembrei-me. E, Ela. Ela que passa com sorriso sensual, sugerindo-me mil atos lúbricos. (Ela passou pelo meu pensamento e se desfez como fumaça que se esgarça pelo ar).
Me recomponho.
O seu flanco mole...me amolece.
Me amoleço. Paro. Penso.
Vibro!
...
Ah! O vento que passa pela veneziana entreaberta me desperta.
Eu me desperto.

 
Autor
J.Umbelino
 
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