Num tablado jacente da crista encrespada de uma onda
um bando de corvos em coro
cantam a voz Coimbrã, de pássaros mudos,
com o mar em pano de fundo.
Cantam já mortos, de bicos abertos em louca agitação.
Lá fora na planura da noite, a lua encerra o negro
ermo do meu corpo em espera
do sacio urgente no sal da tua pele.
Do teu porto
e das janelas de vigia do teu barco
zarpado em navegação
descerram-se voos de pássaros vadios,
em alvoroço,
em chamamento,
antecipando o embargo solitário da viagem.
Na deriva de nós, cantam gaivotas
ruidosas a nossa dissonante ausência,
em orquestras polifónicas e discordantes
de velhos e embriagados mareantes.
No palanque dos céus canta-se o fado,
recortado na falésia do degredo, num palco
de saudade e frustração.
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