Diz-me...
Diz-me. Em que rua estavas, quando passei, sem que reparasse em ti!
Diz-me. Em segredo, todas as coisas que mutilam o teu desejo e que, assim, encobrem a alegria do teu rosto. Podes contar-me tudo o que quiseres, desde que o teu olhar sorria e a tua boca se encha de palavras quentes, para que as deites cá para fora, onde estarei, pronto, para as receber e partilhar, assim, as minhas emoções para que se unam com as tuas.
Diz-me. Diz-me que deixas o teu coração falar. Diz-me que não impedes o teu sentimento de se mostrar.
Diz-me que procuras a felicidade, e que, quando a encontrares, saberás reconhece-la, agracia-la e guarda-la. Diz-me que não tens medo de ser feliz!
Diz-me que nunca esquecerás as letras que usas para construir o mundo, nem que seja, apenas, o teu mundo…
Diz-me tudo! Diz-me… que eu serei um ouvinte activo, liberto de preconceitos, para que entre as tuas palavras, possa sonhar as minhas e assim, construir o meu mundo também.
Mas, diz-me! E mesmo que queiras o silêncio, diz-me, por gestos, ou por imagens, para que encontre uma ponte neste caminho minado. Será como que um fortalecer, entre murmúrios, que outras almas porfiam em fazer acontecer.
Diz-me.
Diz-me que deixas o teu sorriso fluir.
Diz-me que te libertas de mim, de ti, e que, assim, consegues ser a essência.
Não tenhas medo de nada. Diz-me…
Já te disse hoje que gosto de ti?
Um café! Acordou-me devagar, ainda não refeito de uma noite dormida à pressa. Dei os primeiros passos cruzando-me com pessoas conhecidas, que, alegremente, me davam um inusitado “Bom – Dia”. Respondi a todas com um gémeo cumprimento. Ficou-me a energia, revigorante, das pessoas com que me cruzei!
Meditei… antes nunca tinha pensado nesses pormenores, levava a vida a correr, num contra relógio contra o tempo, o meu tempo, em suma, contra mim.
Deixava passar os minutos, sem reparar neles, apenas reparava em algumas horas porque a sociedade me habituara aos horários preestabelecidos…
Não era eu! Não o verdadeiro eu…
Mas naquele dia, tudo seria diferente, mesmo que o meu exterior não o revelasse, mesmo que o meu rosto não o expressasse, era um dia diferente.
O dia da consciência! O dia que quebrava a barreira das oposições e conseguia entrar na essência do meu Ser, concedido pelos meus semelhantes que comigo conviviam diariamente.
Um café, mais um, para competir com tamanha alegria que sentia. Tinha-me revelado. Finalmente tinha entendido o sinal…o simples sinal de que podes ser tu mesmo se assim quiseres!
De alegria incontida, procurei-te, sim a ti que lês as minhas singelas palavras, a ti e a ele, e a ela, pela mensagem que não cheguei a mandar e pelo telefonema que pensei fazer, pelo e-mail que ficou por escrever, pelas várias possibilidades… mas acredita que te procurei, sei que sentiste essa energia e não ligaste, um arrepio, um vento suave ou um calor passageiro, era eu a tentar abrir a linha da nossa comunicação para te questionar, livre e abertamente, sem malícias ou secretos desejos, sem que fosse preciso uma resposta pronta e composta… e no tempo livre que gastei a viajar pelas pessoas, uma a uma, adornando as suas qualidades, deixei-me ficar aqui, sentado neste banco de jardim, etéreo, de lápis na mão a escrever no meu caderno dos desejos… vezes sem conta a frase repetida na minha mente…
Já?
Já te?
Já te disse?
Já te disse hoje?
Já te disse hoje que?
Já te disse hoje que gosto?
Já te disse hoje que gosto de?
Já te disse hoje que gosto de ti?
Já te disse hoje que gosto de ti? Já te disse hoje que gosto de ti? Já te disse hoje que gosto de ti?
E o meu pensamento, afectuoso, sussurrou ao teu ouvido…
Tu és luz
Se o futuro a Deus pertence
e tudo está predestinado
é questão para dizer
de que serve o livre arbítrio?
se vendes a alma ao diabo!
A culpa é sempre do Karma
não aprendeste a lição
cometes os mesmos erros
faz de ti o seu escravo
por conta da ambição
Se escolheres ser feliz
afastas tudo o que é dor
Tu és luz, não és matéria
teu alimento é o amor!
Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
"O gosto do beijo"
"O gosto do beijo"
E é assim...
A mesmice apaga o fogo, e frios...
caminhavam.
Fugindo de envolvimento.
Desacreditavam...
Até a libido congelou..
Mas de um ponto qualquer do mundo
o sol a presenteou
Com esses olhos tristes de menino perdido
Que agora se achou...
Amor...
Coisa louca, ilumina
Na seqüência, desatina.
E foi assim...
Dia apos dia...
Ela, que já não acreditava,
para crer que seria possível
Teve que digerir que não era mais
sozinha.
Envolvimento maior a cada dia...
De repente, tudo muda , a uma pessoa
pertencia...
E com esta tal de saudade...
Sabia que conviveria.
Agora?!
Vai pra cama.
Presença viva na memoria.
Na boca a vontade do gosto do beijo
Na pele...
Queria tatuado o corpo dele.
Glória Salles
falso poeta falso
Transmito o egoísmo doutro,
transcrevo-o e o narro,
esse outro que me imita e plagia.
Encontro
nesse facis o verbo e a sombra,
com os quais me escondo do Sol,
embora ele sempre me encontre.
Dou recado à sua presença,
na esperança de mais um fonema
e dou por mim a falar sozinho.
Copio-me.
Tenho de parir mais um verso
e, em cada contracção,
respiro devagarinho e sopro velas
que se apagam, que se queimam.
No momento da expulsão
o sangrento verso não chora,
somente expele mecónio.
Cada palavra arrancada a ferros
sai deformada.
A hipóxia fez-me perder o dia,
fecho as pernas.
O plástico das minhas mãos,
prótese alfabética,
retorce-se na fruta que não consigo trincar,
as flores que não têm cheiro,
nos manequins nas lojas que não riem;
e nos poemas que escrevo
com a mesma marca falsa
que sinto ao não sentir
e invento
hipócrita e baixinho.
Poeta?
MENSAGEM DE AMIZADE
Texto
MENSAGEM DE AMIZADE
Desejo a voce,
que nesse ano, veio me prestigiar,
que meus rabiscos, gentilmente leu,
espero, novamente de encontrar,
nesse novo ano, que entre nós ja nasceu.
Desejo ,
e quero continuar seu companheiro,
lendo o que voce escreve, poema ou carta,
desejo em seu bolso, o suficiente em dinheiro,
e que sua mesa, seja sempre muito farta.
Quero,
e desejo ver realizada sua fantasia,
sei que não e a fonte da juventude,
o que desejo? Inspiração para a poesia,
e um montão, muita fartura em saúde.
Desejo,
que prá voce, nunca falte um espaço,
para receber o que chamo de felicidade,
agora estou te enviando meu abraço,
como prova, de minha sincera amizade.
GIL DE OLIVE
"Fusão de sentimentos" - Soneto
"Fusão de sentimentos" - Sonetos
Pelos becos dos meus pensamentos caminha
Sabe como me conduzir, e meus sonhos decifrar.
O efeito sobre mim é entorpecente e envolvente,
Quando te sinto em meu universo passear...
Descubro-te, encontro-te e o tempo parece parar
Sinto teu olhar, que sonda meu interior, me desnuda...
Digo coisas que nunca disse, tal como pede o coração.
E com o mesmo poder, me tira as palavras, fico muda.
Supre meus dias entediados, e faze-o com extrema altivez.
Mostra-me as estrelas nas minhas escuras e longas noites.
Faz-me crer no “Pra sempre” das historias de “Era uma vez”.
Alegria que faz doer, para em seguida, ser pura languidez.
Tão assim, uma etérea mistura, entre sublime e carnal.
Fusão de desejos, como querer ser anjo apesar de mortal.
Glória Salles
Resposta ao Júlio a propósito de uma citação do Paiva " quem muito comenta....!
"quem muito comenta, pouco lê."
Isso não corresponde à verdade.
Talvez seja deformação profissional, mas leio e comento muitos poemas e alguns nem entendo muito bem o que querem dizer mas tento sempre ler e dizer algo construtivo.
Uns poetas escrevem melhor do que outros, é indiscutível, eu não sei escrever, nem todos tiveram as mesmas oportunidades, nem todos temos veia poética, mas as pessoas aprendem e melhoram com o tempo,com a leitura de outros poemas.
Eu aprendo diariamente e se não lessem e consequentemente comentassem as minhas "coisitas" já cá não estava, isso garanto e ando cá há mais de um ano.
Penso assim, desculpem. Não somos profissionais, falo por mim, quem não precisa de incentivo não precisa de leituras nem do site.
Podem perguntar:
- Mas quem és tu, para dizeres isso tudo?
Pois, não sou ninguém, sou um zero à esquerda nestas coisas de palavras com sonho e magia, mas apeteceu-me dizer e disse.
E só digo mais uma coisita, digam muito, digam pouco ou nada, mas escrevam e soltem o ganso!
Agora vou fechar os olhos aos berros e os ouvidos ao pensamento...
À Pedra Filosofal
Pedra nobre, bela, pura,
Em teus olhos encontrei amizade
Da mais verdadeira que existe.
Rara pedra, de tão pura,
Amiga do meu coração!
Força e beleza engrandecem,
Iluminam o teu ser,
Luz de encanto, grande estrela
Orgulho-me de te conhecer!
Sem ti éramos mais pobres
O dia não teria tanto encanto,
Faltaria cá o Sol.
Amigas como tu são raras,
Levar-te-ei sempre no coração!
A ti Pedrinha! Porque mereces por seres quem és e como és!
"Certo querer..."
"Certo querer..."
Uma longa espera...
Pelo que nunca veio e talvez jamais venha.
Um querer provar outro gosto, outro bocado.
Perco-me nas voltas que traço
E meus territórios abertos
Mostram-me o horizonte longe demais.
Inalcançável aos meus olhos...
É querer esse “nada” cheio de mistérios.
Outras palavras, antes jamais ditas.
Rios que querem fluir, ir ao encontro
Do mar desconhecido, assustador.
Ao mesmo tempo o medo
De ficar a deriva, num mar bravio...
É me olhar do alto de mim.
Nada entender, ainda assim me permitir.
É o querer ser o que digo
E o que penso, sem negar, nem me esconder.
É querer o plano “B”, antes até
Da estratégia montada.
A ânsia por descobrir, conhecer, ouvir.
É contornar minhas margens
Preencher meus espaços...
E aprender a nesses vácuos...
Não tecer fios de solidão.
Confuso esse querer ir embora
De mim mesma...
Glória Salles
19 outubro 2008
20h18min