Alimento da Alma

 
"Alimentar nossa Alma
Com coisas boas da vida
É feito bater da palmas
Ao contemplar final do dia".
 
Alimento da Alma

SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO

 
SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO

De manhã a luz reluz, sempre...
Às vezes em sol beligerante
Às vezes com chuvisco na rua
Têm o café, o pão em fatias, o mamão
Vez em quando têm à mesa, alegrias...

Em seguida é a noite que vem...
Às vezes nesga de céu nas nuvens
Às vezes meia lua, vezes outras, lua cheia
Tem a penca de estrelas, o piscar de vaga-lumes...
Tem tu, ávida, nua... Tem sim, quando em vez...

Quisera poder ser eu, de vez, noite e dia
Às vezes só onda de calor que irradia
Às vezes só calmaria ou bruto furacão
Ser um fogo que alumia, o sereno que esfria
Quando em vez, talvez, só batida de coração...

Gê Muniz
 
SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO

SINA

 
SINA
 
SINA

Perco a Vida e ainda assim!?
Peço ao tempo passe sem demora
Quando estás longe de mim!?
De ver-te quero chegada a hora.

Perco a Vida, o tempo passa
O relógio não anda se não vens
E o meu dia fica sem graça!
Se não te tenho e não me tens.

Perco a Vida e surge a dor
Cada minuto, uma eternidade
Sou a mais triste mulher, Amor.
Quando estás longe, me dá saudade.

Perco a Vida, o coração quebrado
O tempo nos dá, o tempo nos tira
O meu sonho fica assim inacabado
E o meu corpo pelo teu suspira.

E se por amar eu fôr definhando
Também por Amor estou vivendo
Enquanto o tempo fôr passando
Amor, sempre te estou querendo.

rosafogo
 
SINA

Observação

 
Tantas pessoas!

Tanto ar ao meu redor!

Mas esse ar que inspiro e respiro dos pulmões de tantos irmãos...

De tantos que sem noção, agridem a própria nação.

Poxa...

Vejo pessoas que perdidas em suas próprias mágoas, insistem em se mostrarem fortes, mas não uma força que constrói, uma força que evolui, através de um amor que doma a dor...

Mas vejo uma força, em parte de um povo, que corrói seu próprio buscador, sem se importar com o ciclo vicioso que se forjou.

Apesar de meu olhar, apesar de minha pele encostar, ou até mesmo de meu coração se lamentar com tanta hostilidade, refletida em uma razão de existência retraída...
Não observo para julgar, nem tão pouco condenar...

Vai minha esperança, visita meu povo, meus irmãos que se destroem, numa simples viagem de trem em direção a sua tortura diária...

Sem se mover para uma direção alternativa, e sem sabedoria, esmagando pouco a pouco, suas almas em uma prisão escondida.

Mas quem é que enxerga?
Quem é que vê?

Pode ser que seja eu, um simples cidadão, andante em sua missão...

De amar e observar, numa constante vontade, de se não se misturar com o montante.

Eu vejo em cada manhã...

Eu vejo em cada entardecer, entardecer ou anoitecer, independente do dia em que estou solto por aí a me misturar com o prazer de poder observar meu próximo.

Acho a observação importante, pra poder entender que o nosso lugar não é menos importante, que o de nossos irmãos em meio a multidão.

Multidão que se mistura sem entender o significado de uma nação próspera, e que precisa dar as mãos para poder crescer e envelhecer sem indignação.

Antonio de J. Flores

Olhar...
Olhar e aprender!
 
Observação

O dia de Amanhã

 
Sou a mistura do ontem e da expectativa do amanhã;
Sou a vida de muitos, a muito já vivido;
Sou a mistura de tudo que sou hoje;
Quantas vidas eu vivi;
Quantas mortes eu morri;
Quantas vezes já sofri;
Minha vida se acumula dia após dia;
E sei que a minha morte esta distante;
Mas quantas vezes eu torci;
Vivo o hoje e espero o amanhã;
Sou o amargo jiló e a doce maçã;
Só não posso na verdade, ser o dia de amanhã...
 
O dia de Amanhã

Eu estou por aí...

 
Estou por aí, a espera de um doce...

Me dê um doce de vida, que eu te dou o sol que brilha, que brilha no meu peito, aguardando acolhida.

Somente a comida é que enche a barriga.

Não a comida que eu faço, essa é pra não morrer de tédio, durante o caminho que faço.

Quero comida feita por mãos de Alice, Branca de Neve ou Bela Adormecida.

Porque na caminhada, não encontrarei com o Homem de lata, nem Anões, nem mesmo uma Bruxa pra me furar com uma agulha.

Sei que parece delírio tudo isso.

Tem momentos que parece que flutuo em minha própria mente.

Mas mente de criança, não tem delírios...

Tem dias de vida, sem se misturar com a desgraça de caminhos entrelaçados de vícios obscuros, que de dia, tem rotina pousada na sequência que desagrada a alma bandida...

E de noite, tem pausa, que sem querer, mas desejando o infame, se solta em uma roleta russa sem nome, pra poder da conta de sua fome.

Acho que fome de crescer, entender, de ter sem se arrepender...
Mas é que voltar a ser criança enquanto passo pela vida sem saber a andar por onde...

Ajuda a estar por aí, sem me acusar de não mais está engajado em ser apenas o que a vida me trouxe até aqui...

Se não o peso é grande...

E não suportarei a mudança de sair de uma vida de esperança, pra fazer o mundo girar ao redor de mim.

Mas principalmente ser criança na inocência da estrada que mora dentro de si, e não nos caminho que vejo em minha frente, e que decido escolher, mesmo que me leve a sofrer.

Mas assim mesmo estarei por aí...

As vezes ao vento...

Sem me arrepender de sair da casa que morei quando criança, e que me traz tantas lembranças, de quando não tinha nome de gente, apenas um apelido que dançava conforme a música e o tempo...

Mas que não imaginava que em um simples dia, um belo nome eu seria, cheio de mistérios, e que se misturou em um mundo de cheio de velhos...

Só que seria bom se fosse os idosos, mas só os que trouxeram sabedoria em suas costas surradas...

Só que não são os idosos não, é um povo egoísta em sua jornada, caminhada...

Que estão por aí...

Sofrendo e fazendo o outro sofrer!

Simples assim.

Antonio de J. Flores

Uma reflexão com uma pequena homenagem ao ser criança!
 
Eu estou por aí...

UM DIA

 
UM DIA quis falar…
Calei !
UM DIA quis mudar…
Sonhei !

Falei-te calado
Da mudança para o mar,
Para juntos vivermos
Sempre a sonhar.

UM DIA quis escrever…
Risquei !
UM DIA quis te ter…
Viajei !

Apaguei o que sofri,
Pintei uma tela.
Naveguei em ti,
Num barco sem vela.

UM DIA quis sentir…
Jurei !
UM DIA quis desistir…
Falhei !

Juras falhadas,
Paixão proibida.
Lágrimas salgadas
Numa eterna partida.




pedro V.S.
 
UM DIA

UM DIA POR TARDAR

 
UM DIA POR TARDAR
 
UM DIA POR TARDAR

Apagou-se a luz já não vejo
Estradas cristalinas no meu dia
Já se apagou em mim o desejo
A sombra à minha porta já é fria.
Já minha alma anda adormecida
Presa por um fio à tarde
Já dos sonhos ando perdida
Enquanto por perto trago a saudade.

Já meus pensamentos andam no escuro
Deitados numa secreta maresia
Meu passo já trago inseguro
Quando dou por mim, perdi mais um dia.
Daquilo que sinto no peito
E que às vezes parece tempestade
Rompem-se as estrelas de que é feito
E largam mil sóis de saudade.

Já não ouço, nem quero ouvir!
Dos sinos o som das badaladas
Acabou-se a luz vou ter que partir
Quando descer o orvalho nas madrugadas.
Já não há anos, nem dias
Já não há manhãs, nem há tardes
Já amarrei tristezas e alegrias
No meu triste canto apenas saudades.

rosafogo
 
UM DIA POR TARDAR

“Grávida de verso”

 
“Grávida de verso”
 
O reflexo que vê não lhe diz nada
Reflete a dúvida, sempre tão igual.
Nas nuvens, ou na profundeza abissal
O tempo não muda, a hora é parada...

Tanta lucidez deu lugar à loucura
Tecendo sorrisos pálidos, sem brilho
Transformando cada verso, um andarilho
Fazendo a poesia prenha de ternura...

O coração vai resignado, não refuta
Já não deseja a melancolia do passado
Posto que no sonho, a alma se refugia...

Combinando com a vida uma permuta
Intenso, vive cada estrofe desse fado
E um parto poético acontece cada dia...

Glória Salles
14 março 2009
20h17min

Grata pelo carinho de sua visita...
Beijos.

No meu cantinho...
 
“Grávida de verso”

Como foi...

 
Como foi...
 
COMO FOI...[

Como foi esse dia...
Dia feriado, que, de certo modo te elevando ás brincadeiras da época.
Época festiva, de tradições e brincadeiras carnavalescas, bailes, desfiles e cortejos consoante as localidades.

-Eu, já à muito que deixei disso, brincar de carnavalesco.
Gosto de ver mas, também isso aqui já é pouco usual.
Na minha cidade algumas brincadeiras comuns como exemplo: Brincas carnavalescas, desfiles de escolas e colégios e pouco mais... e mesmo assim este ano não vi nenhuma,

Não saí de casa, euros nada no porta moedas, transporte próprio não tenho daí não me poder deslocar aos locais que, ainda tudo isto existe.

-Hoje, enterra-se o entrudo...

Chamando-se este dia de quarta-feira de cinzas e por tradição come-se os chamados espigos de couve.

Eu, vou comer estes ao jantar com um bacalhauzinho que é de chorar por mais...há pois é...
e
Uma bebidinha do deuses que dá para acordar as almas de outros tempos idos...

No ale do meu melhor íntimo! rsrs

By Luísa Zacarias
 
Como foi...

Prosódia

 
Clama o nome
no manuscrito envelhecido
das palavras.

Jamais se concluiu
o anagrama silencioso
dos versos encrespados
à beira dos lábios!

Nunca mordeu o fel
da sua própria prosódia,
mas ainda escuta
a pronúncia dos verbos frenéticos
da loucura
nos poros.

Gosta da morfologia
que adquirem as sílabas
murmuradas paulatinamente
ao ouvido,
quando se incorporam
na líbido do palato.

Mas, o tempo é o términus
da verdade compactada
navegando à bolina
numa frase por escrever.

Porque não rasga o paradigma
e cruza o portal do sonho?

Nem que seja para morrer
da síncope da consoante
cravada no coração
que continua a bater…

Talvez o sorriso nasça
na proa das ondas vocálicas
do olhar
e a sonoridade renasça
pela mão da ironia…

num discurso
onde a voz ativa
seja a luz de um novo dia.
 
Prosódia

"Luz na madrugada" - Soneto

 
"Luz na madrugada" - Soneto
 
"Luz na madrugada" -Soneto

Das horas, o silêncio de repente posso entender
Vi no acúleo das palavras amarrado meu sonho
Destino impreciso, alheios ao meu frágil saber
E a luz tênue me impede de ver o futuro risonho

Adestro as linhas, e traço versos na madrugada
Como se pontos e vírgulas fossem sujeição à dor
Uso as rimas como escudo, me protejo desse nada
Faço pacto com as palavras, ato lúdico, sonhador

Porque esgoto todo o verbo nessa ânsia de alento
E como quem rege a vida, reputando o pensamento
A chama do candeeiro derruba a noite no horizonte...

Ainda que atras das nuvens, o sol reacende a crença
Molhando a claridade que impõe do dia, a presença
Traz a lucidez das respostas no calor de sua fonte...

Glória Salles
04 dezembro 2008
Santa Casa de Adamantina SP
03:33 hr
 
"Luz na madrugada" - Soneto

Desanimo

 
DESANIMO

Pedi com fé!
Roguei com esperança
Pedi a Deus me escutasse
Na minha alma luz deixasse
O visse nas palavras que escrevo,
pobres e sem sabedoria,
O porquê do meu anoitecer cedo?!
Quando ainda procuro significado p'ra meu dia.

Olho o Céu e pergunto a razão
A razão para viver?!
E ninguém me responde não?!
Onde andas meu Deus?!
Onde?
Que não te consigo ver?!

rosafogo
 
Desanimo

a noite leva o dia e eu posso sonhar

 
este súbito pensar de ti
penetrou pela rua
logo pela manha ao sair de casa
na forma de luz fosca do sol
encostando-se ao meu peito

e cambaleei o dia todo
atordoado pela ferida
que sangrou a toda a hora

à tarde quando entrei
espalhou-se pelo chão e paredes
a demorar o sofrimento
de quem ainda não tinha
sucumbido neste dia à vida

agora desceu a noite
e não temo mais a dor
aguardo em silencio
o rasgar desta ferida
nas margens de um pequeno rio
onde as estrelas vêem dormir
ao lado da minha alma
é mais uma noite
em que não queria despertar
porque a noite leva o dia
e eu posso sonhar
 
a noite leva o dia e eu posso sonhar

Outro dia que Amanhece

 
Outro dia que Amanhece
 
São braços, abraços estreitos,
Gente que vai e que vem,
Gente parada a ver passar.

São as imagens das viagens
De quem foi para muito longe,
De quem só sonhou um dia lá chegar.

São navegantes em terra
Com a alma a velejar,
São soldados sem guerra
Que atiram contra fantasmas,
Que não podem alcançar,
Que não vão poder matar.

Nas ruas ficam as marcas
Da coragem e do medo.
Nas sombras da madrugada,
Há quem fuja ao seu degredo
E grite a negro nas paredes.

São braços, abraços estreitos
Que se dão ou que se vendem
Nos atalhos da má sorte.

É a vida a contorcer-se
Ao sabor da multidão,
É a falta de coragem
Que mata mais do que a morte,
Mata antes de se morrer.

São navegantes rio acima
Rua abaixo sem um norte,
É gente de pouca idade
Que aprendeu cedo a saudade
Do amor e de outra sorte.

Nas ruas ficam as marcas
Do que alegra ou entristece,
O grito de quem se cala
Quando outro dia amanhece.
Outro dia que amanhece nas ruas...
 
Outro dia que Amanhece

UM DIA DE VERÃO: FOI COMO DEVERIA TER SIDO

 
UM DIA DE VERÃO: FOI COMO DEVERIA TER SIDO

Eu e o cimento fervente testemunhamos.
Uma espadada de pé-de-vento espeta em oressas as portas que dão para a rua.
O bafo quente do verão circunda as casas numa ciranda colorida.
Impõe-se o juízo da vagareza de ação aos braços, aos dedos das mãos...
Há um homem (sempre há um homem...) - nem sei de onde ele surge - que passa de Kombi a vender mamão papaia e outras frutas bem aguadas.
Ele grita, disputa a atenção, agita-se numa conversa conservada numa paradoxal secura...
Atrapalha-me o som da agitada canção que imola os meus ouvidos do outro lado da calçada enquanto o sol despenca seus raios nos quartos; provoca o desmaio das sombras em assombros deitados sobre os criados-mudos das janelas abertas...
O calor já manda recados aos meus sovacos, aos sapatos, à cueca de que existe nos trópicos uma ordem estelar superior e avessa à qualquer forma de elegância...
Um cachorro magro atravessa a tristeza do calor e da fome.
Por isso, dorme.
Nos bares em que passo fervilham os aposentados.
Aguardam sentados o silêncio do sol em mesas de cervejas e cartas de truco.
Só param o jogo para apreciarem as meninas douradas de shorts, vampirezas dos seus olhares, dos meus olhares...
Entro nos corredores frescos do mercado municipal trombando os ombros nos desmandos do próprio andar sobre os calcanhares das sandálias.
Piso incomodado os pastosos escombros de legumes, verduras e frutas, essa passarela da cadeia alimentar todinha aos meus pés.
Ouço o murmúrio confuso das palavras, cálidas, esgarçadas como é comum nessa época.
O som do verão é sumamente tão enfadonho, quanto risonho...
Vem-me em conjunto o eco de minhas frases mentais entrecortadas que desfazem e refazem os cenários das impressões daquele momento.
Agora começa uma chuva aguda que cai. Formam-se corredeiras às laterais da rua.
Inundam-se beirais de prédios, afundam-se os pneus dos carros.
Pinga minha roupa, os cabelos, os olhos, a vida que já não me escuta, a voz interior surrada e muda.
O trânsito nas avenidas flui equivocado pelo recado dos semáforos desligados.
Revolta dos motoristas.
Em vinte minutos, de vez, o sol promove seu triunfal retorno.
É tudo muito rápido no verão: as alegrias, as dores, os calores, os maus-humores, a explosão devastadora das tempestades...
É nessa espécie de celeridade regada a absinto que os amores em profusão envolvem os arredores, numa resignada revoada.
Batem nas praças suas asas, de mãos entrelaçadas...
E toda e qualquer esperança alheia espelha a mim e se dispersa diante de meus olhos.
As paixões armam suas teias nos cinemas, teatros, praças, bares, livrarias a somarem mais beijos, esfregões, mãos nas coxas, chupões no pescoço...
Agora - e todo verão - é esse estado performático de festa de sorrisos das bocas e dos olhos de quem diz que ama, de quem diz que, no amor, nunca se engana.
A estação vai e cai no ar úmido e o sol esquenta, se desnuda e desnuda como sempre houvesse mais uma peça de roupa a ser retirada.
Sei que os dias se sucedem e, pouco a pouco, mudam, mas, para mim, é tudo muito igual porque o sol continuamente se excede, avança, recua, seca e dá sede nas línguas todas.
Mas eu vejo que essa loucura toda tem algum sentido e, no fundo, não é loucura nenhuma.
Que bom que eu vejo, eu vejo...
E os meus olhos acusam-me finalmente de olhar e perceber boas razões para ser e viver e imiscuir-me em tudo o que é só porque é mesmo assim...
De alguma forma, distenso e amolecido pela extorsão deste verão, vou para casa e tomo um longo banho.
Ligo um ventilador qualquer e escrevo sem piedade ou economia frases sobre como deveria ter sido meu dia (e mesmo foi).
 
UM DIA DE VERÃO: FOI COMO DEVERIA TER SIDO

Sede

 
O Dia Foi duro.
Ardido.
Acredito em mágica. Ou em páginas em branco?

Choveu e não houve café.
Nem cafuné.
Tão pouco sorrisos.

Apenas escureceu.

E nublou toda uma busca.
Feito o rio diante da moça.
Que seca e a deixa com sede.

Por Chris Fonte - Donzela do Gelo
 
Sede

onde é que me perdi?

 
todos os dias
se repete o mesmo

sinto
(mas como eu sinto)

o céu a gritar
os campos a gemer
montanhas a sofrer
e mares agitados

passo por gente
triste e alegre
que não conheço ou vi

mas tudo e todos
chamam
pelas palavras caladas
em mim

volto-lhes as costa e digo
o tempo não é meu amigo

eu ainda não cheguei
eu ainda não vim

onde é que me perdi?
 
onde é que me perdi?

Ferido estava...

 
    Ferido estava...
 
Tal sentimento se manifestava--não poderia disfarçar, dissimular.
Ferido estava seu coração e sua alma.
O entrevero deixara marcas profundas,
os olhos verteram lágrimas pingando gota à gota,toda a dor do momento.
Porque? eu me pergunto qual a necessidade de tal deslize, de tamanha grosseria.
Eu gostaria de apagar da minha mente
palavras injustas e doentes.
Só o que resta é tentar vencer, seguir adiante, mesmo que seja por um dia ou por instantes.

Nereida
 
    Ferido estava...

O Segredo

 
O Segredo

A noite instala-se, o dia fica distante
A Vida apressa-se, longe vai o passado
Resta agora melancolia, zumbido inquietante
Fica o olhar num vazio desesperado.

O que a solidão dos anos faz?!
Fica-se na procura do tudo e do nada,
Um sono mal dormido e de sorrir incapaz
E fica no peito uma dor danada.
É o peso da Vida, as costas curvadas,
E vai-se contando o tempo todo ele idade
A memória não responde, respostas caladas
E tudo o qua a Vida nos ofereceu é já saudade.

Mas eu sou forte, é esse o meu segredo!
O tempo é já escasso e algures dentro de mim
Há uma criança que do escuro tem medo.
Deixo a noite correr, lembro o começo, esqueço o fim.
Porque sou poeta, sou ave que renasce
Ora morro, ora vivo, é assim este meu viver
E logo passa a noite e o dia faz-se
É este o meu jeito enquanto Deus quiser.

rosafogo
 
 O Segredo