início e o fim de uma vaga eternidade

 
início e o fim de uma vaga eternidade
 
há sempre um princípio e um fim
um olá a uma vida pela primeira vez
e um adeus a despedir-se de mim
uma morte que chega com lividez

adeus… addio… adieu… adiéos…
é por do sol a morrer no horizonte
no princípio da noite a nascer a jusante
e a génese a trazer consigo um adeus

e tu que vieste do meu coração – adeus
parte sempre alguém em alguma parte
para gerar um novo mistério de deus

volátil vida a deixar qualquer saudade
sonhos passados que foram meus e teus
o início e o fim de uma vaga eternidade
 
início e o fim de uma vaga eternidade

LAGRIMAS

 
Ela vive das nossas lágrimas... ele um dia me dirá os portões do inferno abrirão, e esta terra queimará mais tudo o que nela há...
Abençoado rosto que jamais verei outra vez cair nesses braços, nesses olhos onde tudo se verá... o qual o meu fim tudo se vê
Amor amor é o meu fim… o que fazer ? Quando a noite é certa Vil o destino que me aguarda abençoado rosto desses olhos em que tudo se vê
Ao tombar espero por ti, se algo está decidido é o que sinto por ti
Que um dia algum dia,
Limpo as lágrimas e mordo o medo que há em mim,
Outros como eu deixam me certo do amor desse lugar fresco me deito para impacientar com o dia,
Abençoados olhos onde tudo se vê
Amor amor é o meu fim… o que fazer ? Quando a noite é certa
O destino espera me estou á sua mercê abençoados braços
O portão abriu se e tudo o que há queima a terra
Esse amor está liberto enfim como um rio
E o sangue que me dás é a água que os meus lábios bebem por mais um dia
Olhos abençoados onde tudo se vê
Amor amor é o meu fim … desta vez a noite cai sobre mim
O destino espera-me estou á sua mercê
Olhos abençoados onde tudo se vê

Da AUTORIA DE WARGOTH )
 
LAGRIMAS

Alma desencarnada

 
Alma desencarnada
 
A morte corroeu-te em vida
Levou-te o brilho, a magia
A seda dos teus cabelos
Pôs de lado a arrogância
Ainda lembro a fragrância
Do teu jeito intempestivo

A morte sempre te quiz
E ardilosa foi-te tentando
Desviou-te do caminho
A luz transformou em trevas
Os sonhos que não cumpriste
Os filhos que não pariste
A dor feita de abandono

Do outro lado uma voz
Chamou-te com asas de anjo
Foram quatro lances de escada
Todos de uma assentada
Um grito de libertação
O corpo inerte e gelado
Onde jaz uma vida vazia
Uma alma desencarnada
Sob a sina da humilhação

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Alma desencarnada

SUPLICO A ESMO: VÃO VIVER

 
SUPLICO A ESMO: VÃO VIVER

desabotôo-me por dentro
para fechar-me por fora

exponho
meus ouros
meus cobres

(forjo outros metais destemperados)

oriundos das minas
mais profundas
do intestino delgado

cuspo meu orgulho
numa escarradeira cravejada
de brilhantes

entupo-me
de salmão com gosto
de mortadela azeitonada

o que sai em troca
com o meio-ambiente
são gases

gases hilariantes

- a regra do meu jogo
é estapear
os entes mais queridos

matar de beijos qualquer
não-parente
suficientemente odiável

só porque
todos eles
tem algo de tolerável

(são muito mal bem-educados) -

após
enrolo-me
com papel alumínio

(coloco-me em microondas)

um minuto é o suficiente
para esquentar os ânimos

queimo-me

dos cabelos loiramente mechados
até as amarelas unhas

sirvo-me
com talheres de prata
em desenhados pratos de papel

ávido e esfomeado,
rasgo-me
até a fina toalha de algodão egípcio

provoco
o tombo do raro vinho
em minha profunda garganta

- furada -

os bordôs
já não são como antes
(muito velhos para minha juventude)

sonhar com sucesso
é enfadonho mas real
(requer vastas goladas)

a sombra do sobrado
é replicantemente repleta
de luzes egoístas

o que coloca-me
em vantajosa
e amordaçada evidência

vivo morrendo
a cada palavra
por vencimento do prazo de validade

a água dos absurdos
atufa o leito licoroso
de meu valão sentimental

isso soa
como se fosse algo
veramente relevante

(o que de fato é)

ah, como estou empanturrado,
coberto de nada,
cheio de mensagem alguma...

o que
em tese
seria bom para todos

(menos para cada um por si só)

aguentem
: tempo se perde,
o ponteiro vai e não fica,
zomba,
caçoa

suplico a esmo
: acordem e vão viver
(a vida por si só é suficiente poesia)
 
SUPLICO A ESMO: VÃO VIVER

“Sem culpa”

 
“Sem culpa”
 
Meu peito abriga uma alma inquieta
Desejo intenso no incisivo olhar...
Absurda, passional, porta sempre aberta
À luz intensa do meu céu particular.
Faço, decido aonde meu limite agüente
Não me atam algemas, nem grilhões...
Vou até à medida que o coração entende
Ponto de partida de minhas emoções.
Dou-me o direito aos sonhos e devaneios
E sem medo me lanço neste futuro incerto
Permito-me envolver por doces enleios...
Fingindo não ver se o fim está perto.
Se quero os momentos que abrem os trincos
Acordam os sentidos, deixam por um triz...
Ainda que sangrem por entre meus vincos
Pago o preço, por este único instante feliz...

Glória Salles
17 janeiro 2007
02h32min

[b]No meu cantinho...[/b]
 
“Sem culpa”

O vazio que sobra

 
Paixão platónica... A falta foi fato.
Falta de teu rosto, do teu cheiro... Do abraço.
O som do silêncio ecoa pelo quarto,
na cama uma lacuna ocupou seu espaço.É só vácuo... Eu sou vácuo.
De ti sobrou só vácuo.
A ausência tem nome, tem forma, tem vida
que vibra pensando no gemer sôfrego
quando a língua buscava sem pudor, no teu dorso,
teus recantos, fonte do teu, meu prazer.
Falta-me aos ouvidos o sussurro obsceno,que jorrava no ar e escorria em meu corpo feito contas, feito gotas, feito em gozo.É só vácuo... Sou só vácuo.
De tudo sobrou o vácuo
Já não te encontro nos meus sonhos,
Não me irrigas de gozo, de ti, do teu sumo...
É só falta de teu corpo a estremecer em meus braços,
em loucuras impensáveis ou pecados inconfessáveis.
Não me sobraram odisseias nem aventuras realizáveis.
Nem tardes de espera ou noites de enlace.É só vácuo... Eu sou vácuo.
De ti, de tudo sobrou o vácuo.

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O vazio que sobra

desconjução

 
Não!
Não
é culpa da chuva conversando com o vento
que despertou o desejo de descabanar,
de desnudar-me do nobre palacete
e enveredar no alto matagal crescido no centro
da essência que
tentou me formar.

no exterior amor,
que arquitetei ,
faliram as tintas.
memórias...
apenas...
habitam nas paredes.

da sala
não me atrai a hospitalidade da mobília e, do quarto,
a púrpura sedução
anoiteceu-me...
acompanha-me
sempre um pesadelo...
oníricos
momentos
talvez saltaram a janela na calada da noite. ..
não deveria ter nascido a decepção
porque não louvo
expectativas...
acontece que costumes
dão alimento direto na boca dos dias e quando isso percebo
a cozinha deixa de ter sabor. em mim fica o fastio
até pela varanda com cheiros de primavera.

desabitar do recanto disposto à lembranças,
exige a hora.

partirei
pro interior e
amarei o que de real em mim germinou
e que abandonei sem podas,
porque preferi cuidar do campo alheio.

um dia
, é certo,
escapará meu olhar
para a paisagem de fora
...
prefiro q' ele aviste um terreno
baldio
pra que eu venha
a recomeçar
com minhas próprias sementes...

sem demora
 
desconjução

tão longe,tão perto, do fim.

 
tão longe,tão perto, do fim.
 
E, o fim parece longe
o longe parece perto
entre o começo e o fim
há um mundo atravancado
cada passo que oscila
cada palavra que cala
é um passo atrás
cada movimento incerto
quebra a esperança da meta
alcançar nunca esteve tão longe
é então que o fim parece perto
o perto parece longe
o amor não flui
morre-se lentamente.

ana silvestre
 
tão longe,tão perto, do fim.

Fim de uma saudade

 
Sangrando e calada
Ao lado, sua mala.
De mãos postas clamando
Gemendo e chorando.

Absoluta em antigas horas
Agora, apoia-se ao chão
Insistente implora.
Um tiquinho de compaixão.

E no rastro da morte
Dolorosa é sua sorte
Aguardando consumação
Eis ai, uma saudade em vão.

Enide Santos 27/01/15
 
Fim de uma saudade

O Fim

 
O Fim
 
Rendo-me.

Leve as ilusões e dores.

Acalente meu corpo e alma.

Distribua os pesos e retire meu coração.

A morte é lenta e já sinto morrer.

No silêncio, sinto então que não posso mais sentir.
 
O Fim

AFIANÇO!

 
AFIANÇO!
 
AFIANÇO!

Que o Poeta está triste hoje
Poesia prestes a morrer em si
Pouco lhe resta a vida foge
Cansou de chegar até aqui.

Nega-lhe até o chão que pisa
Poesia prestes a morrer em si
Fecha-se a porta, a vida avisa
Aguenta, não sairás mais daqui.

Chegou ao alto da montanha
Sonolento, constrangido, ali
Onde fui arranjar força tamanha?
Pergunta o Poeta de si para si.

Ao seu encontro veio a saudade
Olhou para tras, ninguém era ali
O mundo o desprende com facilidade
Perpétua, só a Poesia nascida de si.

Agora nada mais existe que o vazio
Fica condenado a gritar só para si
Morrer não, a vida está por um fio?!
Pensa:
Porquê?!Se tudo dei e nada recebi.

rosafogo

Pequenos desassossegos dum poeta.
 
AFIANÇO!

crepuscular

 
aquele círculo
de pássaros

aquela valsa
de cores
em festas

aquele céu
podando
dia

pra chegar
noite
sem arestas
 
crepuscular

UM FIM ESTÁ PRÓXIMO...

 
UM FIM ESTÁ PRÓXIMO...

Esse planeta circula fendido.

Ao meio dessa oca esfera
Quebra-a um portal equatorial intenso
Que, magnético, balança minha rede
E me sacode para pensar
Sobre essa fratura toda
Que deve ser a mesma de mil anos atrás
Nas ruas compridas de Constantinopla...

Tremores semânticos subscrevem-me
Mensagens sem rendição
Em versejos românticos
Recebo-os, desiludido, em docidão...

Esse embalo tântrico
Instiga-me à uma alucinante massagem
Numa clara violação de saciedade...

Quem diria
:Agora é tempo
De eu acolher
No pensamento
Essas vagabundagens...

De tão perdido de ti
Nesta terra resolvida à ruptura
Encaro a saudade de me derreter
Em teus seios plácidos e sadios
Quando isso era o tudo
Do tudo o que tinha de ser...

Eu lembro
:De resto eram toques e sorrisos...
:De resto eram beijos e desvarios...
:De resto, o resto
Do que ficou mesmo perdido
Do resquício do mais a me aborrecer...

Edifico
Um final feliz
Só para mim...
Desprende-se um sabor
Terrífico...

Manso, sem improviso
Reclamo por teu resgate
Impossível, mágico
Caído d’um teu
Dossel impreciso...

Olho o futuro
Com furor cego.
Estranho
:Nego-o e entrego-me...

Abraço-me só,
Ao ar, de braços erguidos
(Faço por merecer)

O fim está próximo.
(Um qualquer fim
Sempre está próximo)
 
UM FIM ESTÁ PRÓXIMO...

Pressinto-te, morte

 
Pressinto-te Morte, em espasmos de pranto,
Numa dor que sangra em fogo
Pesado, que m’esventra
E insuportavelmente m’alegra
Na chegada tranquila,
Em passos que ceifam almas
À passagem, e avança lenta
Na minha direcção.

(ah meu amado, se viesses ainda
a tempo da salvação
com lábios de feiticeiro)

Sou corpo aniquilado
Com alma que jaz, oculta
Entre promessas de amor eterno,
E já moribunda, pronuncio
Teu nome e rogo-te afincadamente
Que me leves daqui,
Onde a vida m’esbofeteia
Em cada esquina
Sem lágrimas nem contemplações.

(e como as trevas são tão mais belas
e mais puras que a imundice
com que teus olhos m’enxergam)

Sorrirás perante a visão do cadáver
Em misto de alívio e conforto,
Num contentamento sublime
E merecedor, e a respiração
Segura caminhará nas portas
Do poema, escancaradas em ouro
Puro, para te receber
Com vénias serviçais.
 
Pressinto-te, morte

Eu sou vácuo

 
A paixão foi platônica, a falta foi fato.
A falta de tua fala, do teu cheiro... Do abraço.
O som do silêncio ecoou pelo quarto,
a lacuna na cama ocupou todo espaço.
É só vácuo... Eu sou vácuo.
A ausência tem nome, tem forma, tem vida
que vibra pensando em teu sôfrego gemer
quando a língua vasculha sem pudor no teu corpo
os recantos da fonte onde jorra prazer.
Ouvido geme por teu obsceno sussurro.
Não me irrigaste de gozo, de ti, do teu sumo...
É só vácuo... Sou só vácuo
Já não te encontro nos meus sonhos,
nem desejo teu corpo a estremecer em meus braços,
não mais planejo loucuras, nem pecados inconfessáveis,
já não me inspira odisséias nem aventuras realizáveis.
É só vácuo... Eu sou vácuo.
Tudo parece estar num passado,
numa lembrança de imagem imprecisa,
foto amarelada, nuances sem vida.
É só vácuo... Eu sou vácuo.
De ti sobrou... o vácuo.

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Eu sou vácuo

BANHO-MARIA

 
BANHO-MARIA

A musa cozinha
Em banho-maria
Nas molestas linhas
Do meu apostema

Ela, nela se acaricia,
Se auto estima, se sublima
Corta nos olhos blandícia
Só dela. Libertina, se rima

Superestima ela mesma
Falseia um calor nos versos
Tal fosse este, o poema
A reclamar o seu amor

BANHO-MARIA (INVERTIDO)

A reclamar o seu amor
Tal fosse este, o poema
Falseia um calor nos versos
Superestima ela mesma

Só dela. Libertina, se rima
Corta nos olhos blandícia
Se auto estima, se sublima
Ela, nela se acaricia

Do meu apostema
Nas molestas linhas
Em banho-maria
A musa cozinha
 
BANHO-MARIA

La Vie, C'est Fini

 
La Vie, C'est Fini
 
Fui excluída de mim mesma.
Apagada por uma lâmina,
Sombreada por uma dor,
Que não se afasta.
Permanece ali,
Como se arrancar-me
A vida,
Não fosse já suficiente.

Esquarteja-me o som,
Rapta-me a alegria.
Aquela dor.
Sombria.

La Vie, C'est Fini...

Imagem: Google Imagens
 
La Vie, C'est Fini

O PASSATEMPO DO VELHO HERÓI

 
O PASSATEMPO DO VELHO HERÓI

Atira a faca depressa
No inseto que atravessa
A travessa da mesa

Acerta na mosca o centro
Do coração da alcachofra
Que lhe saliva o céu da boca...

O guerreiro aposentado
Guarda fidalguia e atino
E nunca fica de todo parado...

O passatempo do velho herói
Agora é caçar fragmentos
Do tempo que lhe corrói
 
O PASSATEMPO DO VELHO HERÓI

Qual será o fim

 
Qual será o fim
 
Colho flores pelo jardim desse cosmo sem fim
rego de sonhos as rosas,acordo nos jasmins
dou por mim a Idear qual será o fim
se as rosas sem espinhos ou esses espinhos no jasmim
e assim fico por tempo indeterminado
não sei se ainda não comecei ou se já está tudo acabado
no limiar do olvido qual será o meu fado
 
Qual será o fim

Travessia

 
Só minha alma chorou...
Sentado à beira do portal
Pude constatar de forma escusa,
Sem a certeza louca.
O que era o meu mal.
A tristeza em minh’alma
Enegrecida de lágrimas contidas
Presas, sem saída...
Amarradas em minha garganta
calada e desesperada, dolorida.
De meus sonhos frustrados,
Minha solidão furtiva.
Minha morte espreitada,
Mas é esguia.
Não sei por que vivo.
Não sei porque não morro.
Um fim a tudo.
Sem pedir socorro,
Mas minha dor é algo incompreensível
Para outros... talvez compreensível,
Pra que gritar?
Lastimar para ser motivo de chacota.
Desprezado sem saber,
Sofrendo mais rindo de alegria,
Para se conter.
Dúvidas, tristezas, incertezas.
Ciúme, medo, solidão.
Crenças passadas, vida desperdiçada.
Sem consciência do que é ser,
Poder ou amar de verdade.
A consciência é doentia.
A tristeza é infinita.
A morte é certa, mas a fraqueza
É passageira.
Sentado na entrada do portal,
Abaixei minha cabeça e
Chorei, finalmente chorei
Pq já não tinha mais lágrimas
Nem corpo.
Só minha alma chorou,
Despejou o que prendeu
Por toda uma vida de amor
Sem amor. De tristezas e dor.
Na entrada do portal.
Levantei a cabeça e sorri.
Aliviado percebi,
Que já não estava nem mais aqui
Nem sonhando ali.
Atravessei o portal.

Setembro/99
 
Travessia