Novo mundo

 
Novo mundo

Agora sabemos o que ocorre no mundo
Amanhã, talvez, não saberemos de nada
Pois, podemos chegar no fim da jornada
E dormiremos aquele sono tão profundo

Poucos ou milhões de anos vão se passar
Sem sequer saber que um dia existimos
Somente prever o nada nós conseguimos
Como uma pedra que o vento está a rolar

Mas um dia, talvez, nós vamos despertar
E nesse dia este planeta vai se encerrar
Ninguém mais poderá habitar este mundo

Talvez iremos em outro lugar do universo
E aí esse novo mundo não será perverso
E todos os bens virão de um jeito fecundo.

jmd/Maringá, 25.05.23
 
Novo mundo

O último adeus

 
O último adeus

Quando não haver mais nada o que fazer
Quando no mundo a gente chegar ao fim
Eu não tenho noção nem do que vou dizer
Àqueles que estão se despedindo de mim

Quando eu enxergar o ultimo raio de luz
Deitado em um leito com a minha dor
Sei que estarei deixando de levar a cruz
Mesmo não gostando não posso me opor

Quando eu sentir que estou muito mal
E alguém queira a me levar ao hospital
Vou pedir para não me levarem daqui

Eu não saberei para onde é que eu irei
Mas enquanto eu puder, aqui eu estarei
Porém, vai ficar tudo o que eu construí.

jmd/Maringá, 23.06.23
 
O último adeus

O DESVALOR DO NADA

 
O DESVALOR DO NADA

Não há sequer meia palavra
A descrever do desvalor do nada
Como não há de qualquer lavra
O nada que nele próprio há...

Esta estrofe é versaria esvaziada
Tão vazio meu coração está
No meio-termo dessa erma estrada
Fendida frente ao nada que em mim não há
 
O DESVALOR DO NADA

Antes pouco que nada

 
Antes pouco que nada
 
Antes pouco que nada

Quem tem pouco não se olha com desdém
E nem se ria do seu infortuno momento
Mesmo que tenha algum mau pensamento
A chuva cai hoje e amanhã o sol já vem

Queira só o necessário pro seu sustento
Jamais se demostre um coitado indefeso
Quem parte não leva da riqueza o peso
Deixa tudo nos bancos e no testamento

Se tiver pouco conserve com muito zelo
Pois derramou suores para poder obtê-lo
Pois o pouco às vezes tem grande valia

Alguém sofre na rua o frio da madrugada
Pois o pouco é muito melhor que o nada
O mais valioso é ter boa saúde e alegria.

jmd/Maringá, 04.01.16
 
Antes pouco que nada

Amor quixotesco

 
Amor quixotesco
 
E rangiam madrugadas em dentes
e rugiam feras em ouvidos
e por dentro floresciam flores
e por dentro um sol de amores
sopravam raios de pendores vãos
escorridos pelas mãos
em um reverbero conflito.

E assim, na revolta que sangra
ao peito, jorro desfeito
nascendo ao "por-se a dentro".

A vida, lápide impaciente,
secciona a veia da pobre Sereia...
que jaz silente à areia
(pálida, esquálida, cálida e feia.)

Hemorrágica areia trágica deste oceano
turbulento, venéreo e purulento...

Óh valor imensamente dado! [ao que não tem fundamento!]

Enquanto, à noite, forceja em passo infinito
ao som um grito parido ao céu.

Que mais é a vida? -Grita o Nada-

Além que um barco de papel à tormenta?

E nós?

Cavalinhos, cavalgando moinhos que ela inventa.

Só mais um murmuro, um último filamento,
antes de deitar-me para não mais acordar,
"acordear" com um ponto final pensamento
o gorjear do que aqui na verdade há:

"Alguém aí tem um band-aid para estancar este imenso hemorrágico sofrimento que acaba de acabar?"

E assim abro um sorriso,
faço tudo o que é preciso
quebro o espelho de narciso
(para ele não se afundar!)

Fico feliz seguindo minha vida.

Quem precisa de ferida?
Com uma vida viva para gozar?
 
Amor quixotesco

Credulidade

 
A raiva penetra bem fundo, nos olhos marejados e adocicados da credulidade. Ergo a taça vazia e
sorvo pequenos goles de nada, que me retalha o corpo queimado pelo sol escorregadio de Outubro.

Sinto o nada esguichar em silêncios lívidos, cobertos de heras macias e abandonadas no cemitério dos despojos de alguém

Há sempre um alguém, que se alimenta das farpas dissimuladas espelhadas por ai.

Contemplo no espelho caduco, o rosto daqueles que ainda acreditam, estão desanimados enfraquecidos pela evaporação das energias dispersas desorganizadas, sem pólos de ligação,

O tempo perde-se cansado de conceder o tempo requerido para corrigir a deterioração do todo.

O tu…. distancia-se desta amalgama de conjecturas proporcionais ao desejo dos eternos otários como eu.

E muitos nadas sem lógica, permanecem por ai.

Escrito a 28/09/09
 
Credulidade

Ser ou não ser

 
Ser ou não ser
 
Quero ser maior que o maior
Menor que o menor
Melhor que o melhor
Pior que o pior
Quero ser mais que mais
Ser menos que menos
Quero me anular
Ao tocar os extremos

E ao não ser nada
Quero tudo ser
Quero não caber
Por um mundo conter
Quero não conter
Para caber no mundo
Sem palato ou tacto
Cego, surdo e mudo
Serei nada, tudo, nada
Serei tudo, nada ,tudo
 
Ser ou não ser

ECO-SISTEMA SEM ECO...

 
ECO-SISTEMA SEM ECO...
 
E rir!!!
Rir muito...quá, quá, qua...
Encher a boca de nada e gritar de dentro
uma risada
sonora.

pois só nos resta rir....

Por não pensar,
apenas por um instante
no que passa por dentro dos
carros e becos
neste burburinho humano,
que tipo de rato vive no cano
ou que tipo de teia a aranha mora
alienada
do nada que é isto tudo
que está imersa
do nada que se constitui
o todo caótico
e psicótico.

Sem neurolépitco
nem químico
ou estético
resolva essa dissociação
do mundo
e da sociedade.

Essa máquina moedora
de sonhos, corpos e almas.
Onde todos se ligam nesta
teia.

Todos soros da mesma veia.

Um come,
o outro é comido,
um fode,
o outro...
Fodido!
 
ECO-SISTEMA SEM ECO...

Um Grão de Loucura

 
Um grão de areia não tem cor,
não tem cheiro, não tem sabor
pode ser chutado, pisoteado,
esmagado, não sente dor...

Um grão de areia é essência do
deserto sem vida. O lar do escorpião
E da cobra que serpenteia, como se
a vida, fosse eterno verão

Um grão de areia moldado pelo vento,
forma as dunas de curvas sinuosas
que te fascinam. Tem a cor do ouro,
na despedida das tardes que terminam

Um grão de areia forma a praia onde
descansas. De onde se avista o mar,
e a beleza da onda que dança

Um grão de areia aquecido, forma o
vidro que faz teus óculos, tua lupa,
teu telescópio. Misturado à prata
bendita, faz o espelho onde te fitas

Um grão de areia aquecido, faz a garrafa
de teu vinho do Porto. Faz também, o
pequenino frasco onde guardas o teu
teu perfume. Ou o veneno, que te faz morto

Um grão de areia junta-se ao barro que os
teus pés suja, ou ao cimento que o sobrepuja,
e faz a casa que te abriga. O lar, para tua vida

Faz a cela que te castiga, faz o templo onde a
teu Deus você grita, mas que às vezes te é surdo
Pois você, também nem sempre nele acredita

Um grão de areia cai na ostra e se transforma
em pérola. Ou cai no teu olho e reclamas: Que
diabo! Que grão do Inferno!

Um grão de areia é assim. Pequenino e sem vida
Pode ser tudo, e pode ser nada. Pode ser até, fique
a vontade, o mote do teu poema na madrugada.

Rudá
 
Um Grão de Loucura

O nada que me cerca

 
O “nada” que me cerca e não tem fim
Sustenta enfim ativo meus sentidos;
atrai-me, inexorável, ao limiar do infinito
e confirma, da razão que me aprisiona,
a verdade que “sou” pra ele e ele pra mim.

Do que vejo existe pois o olhar;
Do que cheiro só o cheirar existe...
Assim com o tato, paladar e audição.
Nada possuo, e é verdade que não resiste;
- a vida vivida no corpo é como ilusão.

Aqui onde todo me encontro ser,
ser sou se sou do olhar um ser cativo,
se a imagem que me vê pra me conter
inclui-me impresso nas retinas d’um amigo,
Confirmando-me na ilusão que é viver.
 
O nada que me cerca

2 coelhos

 
olharam para o céu
e viram nas estrelas
a sua toca
 
2 coelhos

O NADA É ETERNO

 
O NADA É ETERNO

Anoitece
as sombras vestem as casas
o sonho envolve os amantes
os pássaros dormitam

parou a eternidade.

Poesiadeneno
 
O NADA É ETERNO

Sobre o Nada

 
Sobre o Nada
by Betha Mendonça

O nada é tudo o que enche um vazio abissal. É a pausa na frase para tentar argumentar o que não tem argumento. O silencio engolido pela vontade de gritar. Um pensamento que se perde antes de ser entendido. O fechar de olhos que boia no escuro para se esconder da luz.

O nada é mão aberta que não acalenta, acaricia nem faz cafuné. Um coração parado. Um beijo frio – não trocado – dado como obrigação e não por desejo. É o arrepio que brota do medo e não do amor.

A semente que não germina. A chuva presa nas nuvens. O lado escuro da lua que tem vergonha do sol. É a falta de ar em movimento que não faz o vento.

O nada é um balão sem ar ou gás, seco e inútil. O bater de asas por fuga e não pelo prazer de voar. É o oco dentro da mente e da gente, que dizem ser alma, quando não está lá...
 
Sobre o Nada

Entre o desejo e o nada

 
as minhas mãos bocejam
sem remédio,
até meus olhos me mentem
mostrando fadiga,
ou será apenas tédio?
escuto a sede da minha mente
martelando incessantemente

olho-me ao espelho
com descrença,
o Mundo envelheceu
e também eu!

estou entre o desejo e o nada
talvez seja negação,
sinto a ponta da agulha gelada
caindo... no coração?!

há um rumor triste neste quarto
que é meu mundo envelhecido
o tempo corre, e eu dele me aparto
pressinto as cores escuras do Outono
chuva de folhas, como o passado
vivido...

como papoila golpeada pelo vento
assim vulnerado trago meu pensamento.

rosafogo
 
Entre o desejo e o nada

Resumo do Nada (do que escrevi, resta nada)

 
Resumo do Nada
Lábios de Mel,
são agora fel,
e doce de mosto,
fica o desgosto,
deste pobre bobo
armado em lobo,
do que eu não sou...

Nem sei por que vou
à morte de Amor
mera existência,
abrindo falência,
perdido de mim,
sem plausível fim,
quadro de aguarela,
em rasgada tela,
quais cartas de amor,
sem tinta ou cor,
e de amar paixão...

Pobre coração,
da doce amante,
escrava da dor,
do triste tratante,
traste sem valor,
viciado em ti,
dó, ré, fá, sol, si,
das noites a sós,
perimplim-pim e pós,
de palavras-imagens,
negras tatuagens,
de um mau porquê,
de quem não vê,
a queda da chuva,
frio, mão sem luva.
fuga, rendição, fuga,
fuga, só fuga, fuga dó,
fuga da maldição,

Se... se... se... se... se...
merda ou se ou que!
pois, pois, adeuses,
que se danem os deuses,
melodias, bailados,
eternas, danados,
trama-te poeta,
deixa-te de treta,
chora-te a tarde,
lume que não arde,
sextilha exortada,
mente abortada,
estrelas cadentes,
rimas dementes,
fados, nossas vidas,
rimas perdidas...

Aos heróis, quixotes
empaturrem de motes...
se restar saudade,
não, não é verdade!

Lisboa, 30/07/2015.
Do que escrevi, nada resta; é cinza amorfa em mar de sal.
 
Resumo do Nada (do que escrevi, resta nada)

Pouco

 
Pouco
 
O que é pouco?
Um muito
Sem nada?

Quem é pouco?
Alguém sem
Estrada?

Quem faz pouco?
Um morto
Quase nada?

Quem tira pouco?
A fome
Da alma?

Quem traz pouco?
Divide
Que é nada?

Quem mostra pouco?
A verdade
Qual trauma?

Queres saber um pouco sobre mim?
Eis me enfim, entrelinhas as quais me escrevo e depois de feito me dou por vencido, fora disso, amigo, individuo e convencido.
Surjo e desapareço, volto e nunca vou, moro e não estou, morro e não me enterro.
Sim sim, jovem aprendiz, carinhosamente eu escrevo aquilo que transpassa o meu ser.
Mas eu já contei essa historia e um pouco mais pouco me basta por hoje!

Pouco - Tiago Evo
 
Pouco

MENOS SE TEM, MAIS SERÁ TIRADO

 
MENOS SE TEM, MAIS SERÁ TIRADO

O rocambolesco nada que vago
O rocambolesco vácuo que vigo

Ainda me será confiscado
Ainda me será constrangido

Por quaisquer uns chamados
Por quaisquer uns chilidos

Daqueles sentimentos maltratados
Daqueles sentimentos maltrapidos

Que se fizerem revelados
Que se fizerem revolvidos

Por mais sejam insuspeitados
Por mais sejam insabidos

Ao se mostrarem reacionários...
Ao se mostrarem recrudescidos...
 
MENOS SE TEM, MAIS SERÁ TIRADO

Entre nós

 
Não há nada
para decifrar
pergunta nenhuma
para responder
se a felicidade é
um não problema
se a competência
para escolher
o melhor
é uma forma desajeitada
de pensar
para além de nós.
 
Entre nós

...E o pó é nada!

 
… E o pó é nada!

Lábios sorrindo em doce comunhão
Rostos erguidos voltados para a vida
Peitos ardendo na chama decidida
Bocas unidas em rubra combustão!

Mãos agarradas em cruel crispação
Promessas loucas e ilusões perdidas
Vultos envoltos em dores muito garridas
como em lavas ardentes de vulcão!

Olho... Sorrio... Observo indiferente
Consumo tudo num ciciar baixinho
com minha alma triste, amargurada...

Quadro obsceno de fundo quase ardente...
- Homem que crês, retoma o teu caminho
olha que tudo é pó... e o pó é nada!

Maria Helena Amaro
13/05/1955

http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2014/12/e-o-po-e-nada.html
 
...E o pó é nada!

ESTEJA À VONTADE

 
Tenho para mim,
Que o suicídio pode ser um acto de cobardia.
Tenho para mim,
Que viver é com certeza ato de coragem.
Se o suicídio deixa sempre uma casa vazia,
A vida nem sempre é uma grande imagem.

Morreu, que pena ele era tão boa pessoa.
Vive-se, mas com todas as contrariedades
Suicidou-se, teve alguma razão, não foi à toa,
Porque em vida sofreu ataques de crueldade.

Os que não se suicidam, resistam, suportam.
Por isso, viver, é se ser corajoso, ter muita raça
Para suportar o ódio na força anímica apostam,
E só vivem, porque a provocação, acham graça.

Tenho para mim,
Que o que acabo de escrever, é filosofia barata.
Tenho para mim,
Que existem poetas com muito mais capacidade
Mas que querem? A minha poesia não ata nem desata
Se alguém por bem quiser dizer mal, esteja à vontade!

A. da fonseca
 
ESTEJA À VONTADE