Beijo Absoluto
Suspiro-te num beijo quente
Que me envolve a alma
E me entontece e inquieta
Em verbos apetecidos
Sugados nos teus lábios
Que profano imprudente.
Quero-te na alucinação
Que m' embala e m' estremece,
Num rasgar da alma muda
Que desabotoas devagar
E me descobres
Sentada na penumbra
Do teu ser.
Confio-me a ti e rendo-me
Já inconsciente pelo anseio
Deste desejo que me toma
Pelo teu beijo supremo.
os famosos otarios
Os famosos otarios
Sao chamadas as pessoas que abrem mao de si em prol do proximo se desprender do egocentrismo abrir mao de si para o bem comum e uma virtude quase extinta no mundo sao raras as pessoas que tem essa qualidade mas sao chamados de otarios por pessoas pequenas que nao entendem a grandeza desse ato quando na verdade deveriam ser chamados de verdadeiros seres humanos
SER É COMEÇAR
Ser
é procurar
a verdadeira razão
mas nem sempre se é
o que se pensa Ser
às vezes Ser
é uma questão
de parecer
parecer é sobreviver
mas sobreviver
não é suficiente
porque Ser suficiente
não é Ser demasiado
e Ser demasiado
não é sinal de crise
já que tudo é crise
crise é Ser
Ser é
a única verdade
pela qual
vale a pena
Ser aquilo que se É.
Neno
SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO
SER SÓ A BATIDA DO CORAÇÃO
De manhã a luz reluz, sempre...
Às vezes em sol beligerante
Às vezes com chuvisco na rua
Têm o café, o pão em fatias, o mamão
Vez em quando têm à mesa, alegrias...
Em seguida é a noite que vem...
Às vezes nesga de céu nas nuvens
Às vezes meia lua, vezes outras, lua cheia
Tem a penca de estrelas, o piscar de vaga-lumes...
Tem tu, ávida, nua... Tem sim, quando em vez...
Quisera poder ser eu, de vez, noite e dia
Às vezes só onda de calor que irradia
Às vezes só calmaria ou bruto furacão
Ser um fogo que alumia, o sereno que esfria
Quando em vez, talvez, só batida de coração...
Gê Muniz
Tão-somente EU
As ondas suaves, enrolam-se na suavidade do sol, embriagado pelas nuvens corpulentas
A “ilha” permanece no mesmo local, farta de explosões momentâneas, silenciando o cântico dos pássaros, que se aninham nas árvores dançantes à brisa desabrida de ser.
Aqui no meu refúgio pungente de azul e cinzento, aprendo a reinventar a primavera mesmo que, o Inverno chuvoso e temporal, permaneça nos raios de sol, que rasgam a noite em cada amanhecer.
As ideias permanecem para alem da erosão do tempo, cinzelando memórias de outro mar, onde as ondas de pele sulcam as entranhas do meu corpo.
O pensamento voa nas palavras prensadas, pela tinta que escorre da memória pulsátil dos meandros do tempo, que permanece a meu lado, estático…rindo-se de mim.
Sinto nos meus dedos ávidos, a vontade de esculpir a mesma escultura, que um dia esculpi com o barro da minha alma.
Há sempre um poema que irrompe, das águas turbulentas do mar ancorado, na baia silenciosa do meu regaço, onde as minhas mãos desalentadas, jazem cheias de palavras moribundas.
Versos despidos navegam no vaivém trôpego das ondas do meu olhar, ausente num ponto nublado desse mar.
As palavras são o que são, sobrevivem para alem de nós, ressoam na mente em sons agudos de um violino, violentado por fantasmas perdidos na enseada do tempo.
É urgente decepa-las, peneirá-las, coando-as no filtro encoberto do inconsciente, acordado pela urgência de ser o que quero ser, tão-somente “EU”.
Escrito a 24/08/09
Ainda somos Seres Humanos
Que vergonha de viver neste mundo;
Que vergonha de ter nascido um ser humano;
Que vergonha de ter que pagar para me alimentar;
Vergonha sim, de fazer parte deste ciclo doentio chamado sociedade; ciclo este que fazem os seres humanos quererem ser mais ou melhores uns que os outros;
Vergonha sim, de ter que provar que eu sou melhor que você;
Vergonha sim, de me alimentar e ver outro ser humano revirando sacos de lixo;
Mas, lixo na verdade, é a sociedade em que vivemos, sociedade esta que nos força a sermos piores que nossos próprios medos;
Medos estes que nos forçam a sermos os piores seres humanos;
Vivemos em tempos modernos, razão pela qual foram alcançadas grandes conquistas;
Em um mundo de abundância, ainda somos pobres, ainda somos podres.
Ainda somos seres humanos.
Sou ser
Quem sou eu?
Perguntam-me os olhares
que se fixam nos meus.
Sou aquele que permanece
impávido e perdido
na falésia dos sentires,
acreditando no voo enigmático
do sonho falecido.
Sou também, aquele
que um dia foi anjo e estrela ancorada
no porto inseguro de alguém.
Sou palavras esvoaçantes no vento,
da incoerência abstracta de ser
o esquecimento
nos tímpanos surdos de alguém
Sou perdição, pedra no sapato,
produto inacabado
das relações turbulentas
no oceano íntimo do permanecer.
Sou vida que permanece
alem de ti, de mim de nós,
transportando o teu fado
em cada amanhecer
Sou um insignificante aprendizado,
na imensidão dos ensinamentos
que os caminhos ofuscados
nos fornecem
na berma do real.
Sou vida, fado, saudade, paixão,
ave, fera, foca, sonho e coração
E tu? quem és tu? És um ser como eu….
produto inacabado….
constantemente a renascer
na ânsia de viver.
Escrito a 14/08/09
O Infinito precisa de dois
no ondular da brisa
moldam-se as curvas das dunas.
frescuras diárias.
breves afagos.
verbos soltos.
e assim escorre o relógio da vida.
o infinito precisa de dois!
in √81 = IX ?
Sou
há ensejos em que tudo é espiral.
ou caos em profunda liberdade.
ou mera invulnerabilidade.
quiçá?
despojas-te do tempo
e és, essência em sentimento,
no perpétuo fluir do todo.
entrega-te. sem reservas!
eu?
sou emoção.
in Comentários na face da Noite
Ser Amado
Amo ser amado.
Porque ser sem ser amado
não é ser,
é viver sem ser.
Amo a dor do amor.
Porque amor sem dor,
não é amor,
é sentimento sem fulgor.
Amo o teu respirar.
Porque respirar sem o teu respirar,
não é respirar,
é expirar o respirar.
Só,
amo,
sinto
e sou,
ao ser amado por ti.
in 30 Mensagens de Amor e Uma Recordação