Sonetos

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares da categoria sonetos

A poesia

 
A poesia

Lindo o poema em que a liberdade da alma
parece uma ninfa percorrendo todos espaços
do nosso coração sempre em flor e no ar deixa
um perfume suave nas nossas mãos, nos abraços.

Se alguém encontrar palavras contagiantes
que apelem a um evocativo convite, ao calor
de uma paixão ousada, abraços, dramas, dores
e carícias, beijos sôfregos, sussurrante amor.

A um mar murmurante, flores, cor, ciúme ardente
a silhueta perfeita, cochas redondeiras, belas faces,
tristes, risonhas, olhos meiguinhos e boca carente.

Assim como num sonho tudo brilha, fenece ou é fantasia
tudo se esfuma nas nuvens ou rola ao sabor do vento,
do Sol, da Lua e de tudo entrelaçado se faz a poesia.
 
A poesia

Soneto do viúvo

 
Pulsa em meu peito um coração perjuro
Sem encontrar nenhuma paz ou cura.
Habitam meu seio infeliz, escuro,
Pesares, perda e profunda amargura.

Mas, mesmo sendo um infiel impuro,
Desafiando meu destino e selo,
À mulher mais pura me uni seguro
Por seu intenso amor e manso zelo.

Hoje não zombo de quem se perdeu,
Pois também não gozo de um himeneu
E me tornei este ser ressentido.

Vivo sozinho, descuidado e triste
E apenas sei que o que em minha alma existe
É a dor imensa de tê-la perdido.
 
Soneto do viúvo

Outono...

 
Outono...
 
 
Outono...

As tardes ficaram mais cinzentas,
As árvores, nuas sem folhagens.
As ruas hoje quietas, sonolentas,
A cidade vestiu nova roupagem...

O sol esmaecido, sem se mostrar,
Entre nuvens, tarda a aparecer.
Saudade do verão vem me trazer,
Do riso da criançada a brincar...

O outono já deu as boas vindas,
Ao inverno que está chegando,
Com o frio das noites infindas...

Do campo recoberto de geada,
E o minuano por aqui soprando,
Deixando a terra congelada...

♫Carol Carol
 
Outono...

Soneto do despertar

 
Soneto do despertar
 
De herança, o conhecimento colectivo,
De legado, a formação, a crença, a tradição
Ficar estagnado e agir só com a razão
Processo mental condicionado e adormecido

Romper barreiras e abrir a consciência
Reconhecer o eu profundo e se entregar
É um passo dado para o simples despertar
Quebrar sofismas para encontrar a essência

A inteligência ao serviço da loucura
Desperdiçada em paranóicas ilusões
O segredo não está nas religiões

É Deus contigo numa mesma pessoa
Tu só dependes da tua espiritualidade
Dentro de ti a luz da chave da verdade

Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
natural: Setúbal
 
Soneto do despertar

O MONGE E A SERPENTE

 
O MONGE E A SERPENTEprólogo
Contam que quando andava pela Terra
O iluminado espírito de Buda
Vivia em penitência surda e muda
Um monge seu ferido pela guerra.

Acolhido por Buda, mais se aferra
À sã meditação, com que se escuda
A alma necessitada mais de ajuda,
Visto que grande angústia em si encerra.

Aquele monge à paz se disciplina,
De sorte que mais nada o encoleriza,
Mesmo se tudo em volta desatina.

Assim, quer na tormenta; quer na brisa,
Segue impassível sua dura sina,
Que a entonação de mantras ameniza.

* * *o carma
Na guerra, conduzira ele elefantes
Contra inimigos vindos de bem longe.
Nada, porém, de que ele se lisonje,
Atormentando-o em todos os instantes.

Ferido após barbáries excruciantes,
Decide, mudo e só, fazer-se monge...
A fim-de que da guerra mais se alonje
Seu coração da sua vida d'antes.

À espera da impossível redenção,
Procura compensar sua violência
Com uma radical resolução:

— "Enquanto eu respirar n'essa existência,
Nada mais morrerá por minha mão
A ter de novo limpa a consciência."

* * *o encontro
'Pós anos de silêncio e solidão,
Aquela alma culpada e penitente
Eis que encontra uma filha de serpente
Totalmente indefesa pelo chão.

De tão fraca, ele a pega com a mão
Quedando quase inerte simplesmente.
Co'os olhos em seus olhos, frente a frente,
Sem que esboçasse mínima reacção.

O monge a colocou em sua cesta
E a carregou consigo para fora
Da sempre tão quente e úmida floresta.

Já no mosteiro, a todos apavora
Como se enfim tivesse má a testa,
Tal risco que corriam àquela hora.

* * *o concílio
Buda, que às boas almas conhecia,
Pede a palavra ao povo alvoraçado:
— "Amigos, escutai cá do meu lado!
É necessário mais sabedoria..."

"Deixai-o co'a serpente noite e dia
Até que por fim todo o seu cuidado
Mostre-nos a que fora destinado
Isto o que só loucura parecia."

— "Ouço e obedeço." — disse-lhe um por um.
Assim o monge pôde co'a serpente
Viver este viver tão incomum.

De resto, vivia ele tão-somente
Como se fosse sem perigo algum
Aquela realidade surpreendente.

* * *a ophiophagus

Pelas selvas dos Gates Orientais
Já na estação das chuvas das monções,
Cobras que comem cobras são vilões
D'estas tórridas terras tropicais.

Deveras, as imensas cobras reais
S'elevam tão ferozes quanto leões
E inoculam peçonha aos borbotões
Sobre maiores e mais fortes rivais.

Espécie tão feroz, antes que nasça,
Logo era pela mãe abandonada
A não fazer dos filhos sua caça.

Serpente... Mesmo assim fora adoptada
Pelo silente monge cuja graça
Acreditara ser por ela dada...

* * *a iluminação
Dia após dia, o monge em seu cuidado
Alimentava a cobra presa ao cesto,
Trazendo camundongos que, de resto,
Ninguém mais parecia achar errado.

Tinha fé que co'o tempo do seu lado
Perderia ela instinto tão molesto
A ponto de entender do monge o gesto
E ter o seu furor pacificado.

Julgava que seria agradecida
Ao ser tratada com suma bondade
Ao longo, pois, de toda a sua vida.

Mas se ele se acercava da Verdade,
Era por via então desconhecida;
Rodeado de total perplexidade...

* * *
o nirvana

Grande demais p'ro cesto onde vivia,
A serpente s'eleva toda ereta.
Bem diante d'ela o monge jaz, asceta,
A lhe encarar nos olhos todavia.

Ameaçadoramente bela e esguia,
Eis que prepara o bote por repleta
D'uma violência própria já inquieta,
A contrastar co'a paz que oferecia:

N'um átimo, ela voa em seu pescoço...
E crava as suas presas já tristonha
Por aquele que mata 'inda tão moço.

Após, ela inocula-lhe a peçonha,
Que súbito da morte lhe abre o fosso,
Adormecendo feito alguém que sonha.

* * *o darma
Procuraram o Buda entristecidos
Seus discípulos mais a má serpente.
E pretendiam matá-la simplesmente
Depois dos factos já acontecidos.

Que, embora fossem bem esclarecidos
Sobre o valor de todo ser senciente,
Bradavam por justiça, mas somente
Buscavam a vingança dos perdidos.

E Buda disse: — "Leva para a mata
A cobra ainda viva, com certeza!"
Mas os monges: — "Jamais! É uma ingrata!!!"

Pagou tanta bondade com torpeza..."
E Buda: "Só segue ela a Lei inata:
Agiu conforme sua natureza.

* * *epílogo
"Estamos todos — Buda diz — sujeitos
À lei do Darma, isto é, Lei Natural.
Tanto um humano quanto um animal
Vive segundo seus sábios preceitos."

"E ainda que dotados de direitos,
Seres sencientes todos!... Afinal,
A luz está em ver o próprio mal
Para então renunciar a seus malfeitos."

"Pois, mais que da serpente essa maldade
— Na qual vedes traiçoeira ingratidão —
Havia sim desejo à liberdade!"

"Aos olhos da serpente, era prisão
E os cuidados no monge — a tal bondade —
A mais só e absoluta reclusão."

Betim - 20 02 2002
 
O MONGE E A SERPENTE

Quando acordei

 
Quando acordei

Há dias mágicos, aqueles em que acordamos
e o cheiro campestre nos entra pela janela,
aspiramos, que sensação de ar puro e alegria
de pão fresco quentinho, bolinhos de canela.

De um pulo levantei-me, enfiei-me no roupão
calcei os chinelos cambaleando e espreguicei
dei dois espirros valentes, que me arrepiaram
e fui até à janela, afastei a cortina e espreitei!

O dia começando, mas prometia ser perfeito.
Nascia o sol, abraçava tudo, dava cor à paisagem
e o nevoeiro matinal tinha deixado a frescura
nas árvores, e a orvalhada brilhava na ramagem.

Que maravilha esta surpresa madrugadora, respirei
fundo, aquela amenidade, encheu-me o coração
senti que o dia seria belo, um bálsamo de amor
saiu-me da alma e cantarolei uma divina oração!
 
Quando acordei

POEIRA CÓSMICA

 
POEIRA CÓSMICA

Após voltar ao pó, volta p'ro mundo
Todo aquele que um dia n'ele andou.
Volta para tornar-se algo fecundo
Ao longo do caminho em que passou.

As cinzas espalhadas n'um segundo
Contavam d'outra história que acabou,
Mas os mortos se calam do profundo
Desidério que Deus lhes segredou.

O vento que levanta longe o pó
Silva a sua monótona elegia
E deixa a solidão 'inda mais só…

Existência que no ar se dissolvia
Onde a luz zodiacal mostra tão-só
Uma nuvem de poeira ao fim do dia.

Belo Horizonte - 19 05 2023
 
POEIRA CÓSMICA

Cair da tarde

 
Cair da tarde

Estou na minha janela perfumada
pelo aroma intenso da trepadeira
que enfeita esta casinha graciosa.
Olho, lá no alto está a lua feiticeira.

Estava cheia, mas cheia, enorme
banhada de prata toda iluminada
uma ténue auréola a lua circundava
como se fosse uma noiva velada.

E no mar, naquela imensa superfície
nem o traço do horizonte se avistava,
e as ondas, no seu vai e vem constante
prateadas pelo luar, que lindo estava!

Caiu a noite tão depressa, recolhi-me,
não fechei a janela o calor é ofegante,
recostei-me na cadeira, e a brisa ténue
esperei, olhando um céu deslumbrante!
 
Cair da tarde

AO CAIR DA NOITE

 
AO CAIR DA NOITE

Sobre as águas do rio, os ingazeiros
Avançam suas copas entre as margens
No afã de espalharem n'outras vargens
Sombrias os seus galhos sobranceiros.

Nada obstante, os lumes derradeiros
Vão apagando o verde das almargens
Ao obscurecer na noite as contramargens,
Que então se ocultam d'olhos passageiros.

Húmida, a mata à borda do caminho
Bafeja o seu frescor bem de mansinho
Em minhas faces tépidas e exaustas.

Paro e reparo o dia indo-se embora,
Ao pé da serra imensa que descora,
A ouvir dos juritis canções infaustas.

Juatuba - 13 06 2023
 
AO CAIR DA NOITE

CELESTE

 
CELESTE

Moça d'olhos azuis; sorriso aberto…
Como se na terra um pouco do céu
Me permitisse Deus — embora incréu —
Haver um anjo Seu no mundo incerto.

Talvez o céu quisesse estar mais perto
E aqui viesse ficar sem escarcéu
Na pupilas de quem sorrindo ao léu
Me iluminava o dia enfim desperto.

Ou senão porque o azul nos olhos d'ela
Um pouco do divino se revela,
Como se Deus brilhasse em seu sorriso.

Decerto, tanto azul nos olhos seus
Parecem vir do céu ou vir de Deus,
Como se fosse um pouco o paraíso.

Belo Horizonte - 01 07 2023
 
CELESTE

Diamante

 
Diamante
 
imagem Google

Consigo auto-estima de um diamante,
Visando o sentido metafórico;
O intuito do mais raro brilhante
Quem fractura o dinamismo hermético?

Actualmente ninguém me fragmenta,
Só me extenua quem contenho gosto;
Estou assim já com planos de menta,
Que o gosto nunca emborque o desgosto!

Hoje, expugnação do novo lado!
Não tentem quebra-lo, é aguçado,
Já fez escorrer estranhos rubis.

Só quero esta força até partir
Ou fragmento-me dispersamente
Quiçá a quem um dia me fez sorrir.

Íris Correia/ Quandoachuvacai-A.C.O.R

https://acor13.blogspot.com/2019/01/soneto-diamante.html
 
Diamante

MANHÃ DE MARÇO...

 
MANHÃ DE MARÇO...
 
Manhã de Março...

Manhã de março quente e nublada,
O verão de nós vai se despedindo,
Tempo de férias de toda a garotada,
Saudades dele estou sentindo...

O outono muito próximo, chegando,
Depois dele vem o frio, as invernadas,
Com suas noites geladas de geadas,
É o inverno com o Minuano soprando...

Lembranças sempre guardo do verão,
É a estação quente e muito colorida,
Tudo é festa fica alegre o coração...

Ver crianças correndo a brincar
Parecendo que tudo tem mais vida,
A tua volta fico sempre a esperar....

♫Carol Carolina
 
MANHÃ DE MARÇO...

Bela flor triste...

 
Bela flor triste...
 
Bela Flor Triste...

Sou bela flor e hoje estou entristecida
Talvez tenha que morar noutro jardim
Minha cor está sem viço e amarelecida
Meu coração guarda uma dor sem fim

O beija-flor que sempre passa por aqui
Beija-me os lábios para o néctar sugar
É provável, não irá mais me encontrar
Que doces lembranças guardarei de ti

Sou uma flor que não tem a liberdade
Como outras que escolhem onde brotar
Sigo meu rumo com o vento é verdade

Meu destino um lugar que desconheço
Entre flores, novo jardim me acostumar
Quem sabe um milagre ainda mereço.

♫Carol Carolina
 
Bela flor triste...

Noites sem luar

 
Nas noites em que a Lua vai dormir,
Existe um manto escuro delirante…
Acendem-se as estrelas a sorrir,
Cada uma é rainha bem distante.

Contemplo fascinado essa magia,
Nascida de contrastes envolventes…
Um imenso azul baila enquanto é dia!...
Sublime negro atrai olhos carentes!

A noite é soberana – uma viagem.
Embarca o sonhador numa miragem,
Nesse grande oceano – um adivinho.

Vou eu, vais tu e – todos num olhar –
Conseguimos bem juntos abarcar,
Os faróis que assinalam o caminho.

17.02.2010, Henricabilio

Soneto que faz parte da poesia temática na Exposição “A terra e o mar se anuncia – Faróis” das colecções de cartofilia e maximafilia de Feliciano Júnior, patente na Biblioteca Municipal de Rio Maior entre 20 de Fevereiro e 20 de Março de 2010.
 
Noites sem luar

aquarela

 
busco aquela qualidade indefinida
que se encontra nas melhores aquarelas
onde arde a luz solar e te convidas
a viagem matinal por barco a vela

e transporta além do espaço onde se abriga
solo fértil para manchas e procelas
em torrentes derramando-se aguerridas
à mão firme que pincela sobre a tela

não está no enquadramento ou nas cores
nem tampouco em seu traçado ou naquela
paisagem sempre em mente aonde fores

é a cria dos teus óleos em m'ia pena
a tornar uma moldura uma janela
onde enfim tu me encontras e me acenas

11 sílabas, tônicas 3-7-11, primos :)
 
aquarela

Eclipse do Cometa

 
Eclipse do Cometa
 
 
Cometa de cauda rubra
perde-se no infinito profundo.
Na sua passagem se vislumbra
sensíveis mudanças neste mundo.

Causa de sutis e radicais impactos,
sua presença única e reluzente,
pactua contra todos os pactos
e segue seu rumo sem precedente.

De súbito seu eclipse aconteceu,
agora brilha em outro planeta,
arrastando todos até seu apogeu.

Como impacto da tal mudança,
o que fica na lembrança da memória
é o luminoso rastro de sua trajetória.

Homenagem ao cometa Rita Lee.
Inspirado na música “Eclipse do Cometa”, do álbum “Atrás do Porto Tem uma Cidade”.
 
Eclipse do Cometa

PASSAMENTO

 
PASSAMENTO

Há vida após a morte de quem se ama?
No dia em que morreres, meu amor,
Só peço que me mate a imensa dor
De já não me aquecer a tua chama.

À vida, com efeito, resta o drama
De existir sem sentido e sem valor.
Quem fica, fica d'esta para pior!
Falta que de saudade o povo chama…

Mas se eu ao teu final sobreviver,
Venha-me logo a morte por não ver
Um mundo sem a luz de teu sorriso.

No amor, feliz de quem morre primeiro!
Quem fica, fica a errar sem paradeiro
Desertos sem inferno ou paraíso.

Belo Horizonte - 26 05 2023
 
PASSAMENTO

FLEUGMA

 
FLEUGMA

Em resposta aos reveses d’estes dias,
Reservo-me um silêncio indevassável.
Se passo por fleugmático ou notável,
São antes distrações que fidalguias.

Mesmo poetas têm lá suas manias…
Não me afecto, a pretexto de sociável,
Tampouco ouço algo além do tolerável
Sem revirar nos olhos arrelias.

Nada obstante, mantenho quase alheia
A face ao vai-e-vem das emoções;
Todo um desdém vazio de expressões:

É que agora no olhar se me clareia,
Senão alguma argúcia edificante,
O verso que me absorve n’este instante.

Betim - 10 05 2023
 
FLEUGMA

A TÍTULO DE POETA

 
A TÍTULO DE POETA

Isso que o poeta fala não s'escreve,
Senão em rimas duras de se ler…
Fala do que ninguém ousa dizer
E põe letras onde outro não se atreve.

Tendo a língua pesada e a pena leve,
Expressa o que melhor lhe parecer,
Depois chama de poema o que entender
Capaz de extravasar quanto conteve.

Isso que o poeta fala não se diz,
Senão no escuro e só para si mesmo,
Embora a parecer palavras a esmo…

A título de poeta, esse infeliz
Fale e escreva de tudo, sem porém,
Depois chame de poema o que convém!

Betim - 05 06 2023
 
A TÍTULO DE POETA

Deserta Rua

 
Deserta rua, perde-se na penumbra.
Perde-se num soluço abafado e frio.
No romantismo de um coração vazio.
Perde-se e, no peito, amor reslumbra.

Sem saída e silenciosa. Como a saudade.
Amor lhe é brisa, silhueta de sensação.
Faz-se puro, no frio. Vazio, na solidão.
Numa rua sombria, decadente por vaidade.

Nostálgica, delineada por antiquários
De esperanças insólitas com valor inaparente,
Que transcende ao ermo condescendente.

E em senciência de delírios arbitrários,
Pasma que no contraste de sua desolação,
Essa rua tão deserta ainda guarda uma paixão.

Benjamim H.
 
Deserta Rua