Garrafinha de mau cheiro
DEDICADA A UM PEDREGULHO AMORFO, ARVORADO EM ESTRELA COM PRETENSÕES A CEFEIDA, A QUE NÃO FALTA GRAVITANDO UMA CHUSMA DE PLANETAS SUBMISSOS, CUJA ESTERILIDADE É INVERSAMENTE PROPORCIONAL À LUZ QUE RECEBEM.
Um dia, Sophia de Mello Breyner Andresen, analisando o que pretendia ser um poema, do seu filho, Miguel de Sousa Tavares, disse: - Olha, meu filho, escreve o que quiseres, mas não escrevas poesia. Não tens jeito nenhum para isto.
- Conselho de mãe é para valer. o rapaz, nunca mais se meteu nisso...
Olhe o jeito que lhe faria, Srª pedregulho amorfo, ter mãe tripeira de ascendência escandinava!...
Resta-nos João de Deus, para a dissuadir:
...Você não escreve um chavelho!
«...Faça outra cousa: que em suma
não fazer coisa nenhuma,
também lhe não aconselho,
mas "poesia" não caia nessa
olhe que a gente começa
às vezes por brincadeira,
mas depois se se habitua,
já não tem vontade sua,»
e "fá-la", só diz asneira!
uma espadeirada
Joana d'Arc
Porto
Pensei que não se aportasse na cidade
Por falta de amarras ou de molhe
Às vezes o preconceito que nos tolhe
Também nos turva a vista e a vontade
Afinal, há molhe e amarras; E há mais:
Há um cais que se estende; Porto sem fim!...
Do tamanho dos remorsos que há em mim
Porque todos os remorsos são iguais
Um dia hei-de chorar... chorar contigo...
(Ainda que inundemos a Ribeira)
À proa dum rabelo sem abrigo,
de coração partido e alma inteira
Eis um desígnio mais, e que eu persigo,
Até aportar no cais à tua beira.
sfich
Singularidades
Não é no eu que eu mais sinto,
que me sinto completa;
È naquele eu com que minto
se me sinto descoberta...
Quando alguém se deslumbrar
no plural do que é seu,
nesse seu eu singular,
encontrar-se, digo eu,
não será mérito seu;
É pura sorte ou azar.
Varoufakis, grande Varoufakis
(Gil Garcia. segundo Bocage e Joana D'Arc)
Varoufakis, grande Varoufakis, quão semelhante
Acho teu traje ao meu, quando os cotejo!
Tu no Mar Egeu e eu no Tejo,
A suportar provocação constante;
Aqui estou, junto ao Tejo sussurrante,
com Joana cruel, no horror me vejo;
Como tu, poderes vãos, que em vão desejo,
apesar do meu anseio, que é bastante.
Infortúnios, como tu, já tenho rol
Meu fito demando ao Céu, pela certeza
que o meu passo, não ultrapassa o caracol
Modelo meu tu és, mas... oh, tristeza!...
Se te imito no traje do cachecol,
Não te imito nos dons da Natureza.
Joana D'Arc
BARCO RABELO
Barco que vai pelo mundo
sem navegar um poema
não fundeia um só segundo
no bico da minha pena;
A não ser que seja um barco
com uma História original;
Barco Rabelo é um marco
na História de Portugal
sfich
A CORJA
Nem deixarão maus vícios esquecidos
aqueles que por roubar a toda a hora
notórios fanfarrões bem conhecidos
da aliança, quase sempre, vencedora...
O duro Cherne e o Marcelo são temidos
este ultimo por quem sempre a tv chora
Passos, Luisa Albuquerque e Relvas forte
Entre outros, a quem vai tardando a morte
Joana/Camões
Aveiro
Aveiro é o grito matinal duma gaivota,
troando têmporas e o sentido intemporal;
Que, mais que o sol de Agosto, é derrota
de qualquer neblina matinal...
Fogo de Santelmo, anuncia:
- Arauto que vem de novo -
Dizendo o que se previa,
pelo silêncio da Ria,
pelo murmúrio do povo
A brancura da salina,
como a vela dum veleiro,
é filigrana em prata fina
no decote de menina...
à proa de um moliceiro
Suavidade ao jeito
de (a)braço de mar que me acalma
é como um amor perfeito:
Uma fragrância na alma
Aveiro do meu moliço
fertilizante da vida
perco-me em ti... e é por isso
que não me sinto perdida
joana D'Arc
«A primeira coisa a fazer para sermos gente é extrair o medo dos corações dos portugueses, fazendo deles homens generosos e fortes, libertos da grilheta da mais aviltante das escravidões»
Frase atribuída a Bento de Jesus Caraça, que a actriz Maria Barroso, pretendeu citar no III congresso de Aveiro, mas que foi censurada pela PIDE/DGS
Aveiro, 7 de Abril de 1973
https://youtu.be/c1oxr3PUXr0Aveiro
espectro
Ayer hice un paseo en mí;
Es que me sentí grande y bonita.
fue tanto lo sentir,
que me sentí
asi, como decir?
casi infinita.
Despues salí de mí,
caminé al revés
para me hallar
en otra esquina,.
Ahí me asusté!...
Nunca me imaginé
tan chiquitina
ComunicaSãoRock
Apenas estouvanada na aparência
Como boa filha de Lisboa
É clara a marca sã de gente boa
Com alto pendor p'ra irreverência
Quem a vê passar (a)segura
Dirá que é só alegria
Não saberá por ventura
(Nem no jeito desconfia)
Que num gesto de loucura
Distorce toda a'margua
Nos seus olhos-nostalgia
Finge alegrias no olhar
Se a tristeza subsiste
Qual angústia que consiste
Nuns versos por acabar...
Joana D'Arc
LIBERDADE
Sigo o vento norte
rumo à descoberta
que a'titude certa
é que muda a sorte.
Como o vento norte
livre é que eu te quero
porque o vento norte
é a brisa que eu espero
Liberta, te quero
como o vento norte
com certo desvelo,
para dar o mote,
por no teu cabelo
o trevo da sorte
enleado em esperança
que amor aconteça!...
E a minha presença
só faça diferença
na atenção que mereça.
Nessa alegoria
a brisa que eu espero
não é desespero.
É muita alegria!...
Como o vento norte
livre é que eu te quero
porque o vento norte
é a brisa que eu espero.
Joana D'Arc