Poemas, frases e mensagens de missmarple

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de missmarple

"Luz"

 
Quem sente assim
Intensamente
Como quem sorve da raiz
A seiva, o alimento, a água?
Quem busca em vão
Da mente alheamento?
Eterna aprendiz, nua e débil…
Que do sentir faz seu
Argumento.
 
"Luz"

de onde vens?

 
de onde vens?
 
De
Onde
Vens
Tristeza
Que
Teus
Passos
Não
Os
Sinto?
Estarás
Dentro
De
Mim
Ou
Abutre
Que
Pressinto?

Marple
 
de onde vens?

Eu/Eles - 2ª parte

 
E assim, de dia para dia, o meu refúgio nos livros aumentava.

O sorriso do gato de “Alice no País das Maravilhas”, provocava-me um arrepio invulgar…a descida vertiginosa da própria Alice pelo “túnel” do sonho mergulhava-me no pavor do abandono!


E de novo na realidade, minha mãe tentava o suicídio …

Mudámo-nos para "A Terra do Nunca", onde me inscreveram no Ciclo Preparatório. Era uma aluna mediana/ /baixa nas áreas de ciências mas excelente em letras.

Sempre quis ser professora de Línguas e nunca coloquei a hipótese de ter outra profissão. Contava histórias à minha irmã mais nova e às minhas primas; dramatizava…

…exorcizava! Escrevia…escrevia, sem parar.

Continuei a refugiar-me na leitura. À noite tapava os ouvidos com algodão, pedia a minha tia para deixar a minha irmã dormir lá (quando o “ambiente” estava mais pesado). O meu irmão estava a estudar no seminário.

Crescendo, entro na fase “José Mauro de Vasconcelos” (depois de toda a colecção de Enid Blyton com “Os Cinco” e “Os Sete”) com “Meu Pé de Laranja Lima”…; Juan Ramón Jiménez, “Platero e Eu”; John Steinbeck, “Vinhas da Ira”; Agustina Bessa-Luís, “A Sibila”…e tantos outros sempre lendo e relendo poesia.

Às escondidas lia sofregamente, todos os livros que o psicanalista indicava a minha mãe (queria tanto ajudá-la! Seria eu a culpada por ser gorda, estrábica e “bicho do buraco”?...). Recordo-me que o 1º intitulava-se “Tornar-se Pessoa”.

Foi “de férias” seis meses para o Brasil e deixou-me a tomar conta de uma casa, de um pai que a amou até à morte (o que ela sempre pôs em causa e nunca quis sentir), de um irmão e de uma irmã; cozinhava, lavava, arrumava, ia às compras, tratava de tudo (tinha treze anos).

Recordo-me de ter relido “A gata Borralheira” e chorado…

Era uma visita assídua à biblioteca municipal da cidade. Levava os livros para casa e passava noites em claro a lê-los; eram a minha paixão.

Ainda hoje não sabemos se o que a minha mãe tem é esquizofrenia…da boa disposição à bofetada espontânea ou aos gritos dilacerantes ia um passo. Tudo lhe era roubado, mas mais tarde aparecia porque “lá íamos repor”…

Agora, vivo bem comigo, com minha família, com os meus alunos…com os outros. Aprendi muito com os contos, nos livros cujas mensagens “absorvi”! Aprendi a dar, a ouvir, a ajudar…a sonhar, a viver.

E é esta paixão, este “apoio” que sempre tentei incutir nos meus alunos.

No início do ano, para que se sintam capazes, faço no quadro “o poema da turma” onde cada aluno diz uma palavra relacionada com um objecto, tema ou completamente (fez-me lembrar os Haikus) solto e eu escrevo-a/o no quadro; no final, sem fazer grandes alterações, ficam surpreendidos por serem capazes de criar algo tão bonito com tanta facilidade.

Assim como “Madassa” que não sabia escrever, também uma aluna minha do 5º (que vinha sinalizada com graves dificuldades a Língua Portuguesa) ficou deslumbrada no momento em que, em voz alta pronunciei com muito e sincero orgulho”- Marlene, fizeste um poema…e é LINDO!”- Olhou para mim, incrédula, e perguntou ingenuamente:”-Eu?...”,- Como se tal fosse impossível - Ei-lo:

“ A neve cai no Inverno,
Os campos ficam
Branquinhos
Bonecos de neve
Tão leve,
Com seus Fofos
Casaquinhos!”

E esta simples frase? – “ Cai uma folha sobre o luar!”

Quem disse, um dia, à(s) Marlene(s) que ela(s) não tinha(m) imaginação, criatividade…?

Passados alguns dias, esta aluna (fechada em si própria e tímida) teve coragem de, no fim da aula, deixar sair todos os colegas a soluçar dizer-me baixinho:

”- Minha mãe tem cancro e vai ser operada amanhã, mas não queria que dissesse a ninguém! Podemos continuar a ler estas histórias? Fazem-me bem.”
Senti ali a responsabilidade de mais uma “amizade”.

( continua )
 
Eu/Eles -  2ª parte

Prece

 
Prece
 
Se o silêncio
Sossegasse
Minha alma
Tão dorida
Se ao torpor
Me entregasse
Talvez meu ser
Escutasse
Minha Prece
E não
Sentisse
E não
Vivesse
Ou então
Em mim
Surgisse
O vazio
A gruta escura
O frio
O sussurro
Calmo de um
Rio.

Apenas o texto e a escolha de imagens são de minha autoria. (no vídeo do youtube)
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Prece

A Pluma

 
A Pluma
 
Ouvi um suspiro
Ou não ouviria?...
Procurei sinais:
Virei, revirei
Suavemente
Delicadamente
Vi um sorriso
Ou não veria?...

Dedicado a Maria Clara
Minha sogra
 
A Pluma

Sombra...

 
Calada...
suspensa no ar
minha sombra
vazia...
reflecte a
monotonia
de quem
ja nada
consegue dar.
Traço de luz
apagado
gelo
descongelado
silencio
incomodado
mudado...
encurralado!
 
Sombra...

Palavra morta

 
Silenciara
em mim
a palavra
enterrada
em meu
jardim
-Terra seca
e não
lavrada-
por morte
de um
Jasmim!
Caneta
preta
enlutada
permanecia
parada;
estarrecida
calada
esperava...
ver-me
o
Fim!
 
Palavra morta

Reflexo de ninguém

 
-Quem acendeu a luz
da verdade,
da crua realidade,
que o espelho
conduz?
-Quem destruiu
o castelo,
derrubou as
muralhas
(teias de Amor
entrelaçadas)?...
-Foram batalhas
travadas não em
fantasia
mas em agonia
de dias,
de noites
sem fim;
-Foram revoltas
de um ser
que não era;
Infância
que alguém
perturbara
e finalmente
amputara.

Uma mãe que
não era

porque
- Como -
nunca soubera!

E a jovem
só não queria
vê-la
enlouquecer.
 
Reflexo de ninguém

Indiferença...

 
O mar
Bravio
Ou
Sereno
Vai
E
Vem
Indiferente
E há
Por aí
Tanta
Gente
Que
Como
O mar
Não ouve
Não pára
E
Não
Sente!
 
Indiferença...

Estranho mundo nosso

 
Estranho mundo nosso
De chuvas inundado
De secas dilacerado
Entre Homens o fosso:

Da fome que não
Se mata
Da morte que não
Se evita
Da vida que não
Se mantém
Do ser que não
Se ajuda
Do não que não
Se diz
Da mão que não
Se dá
Do avô que não
Se vê
Do filho que não
Se quis
Do eu que não
Tem ninguém!

Estranho mundo nosso!
 
Estranho mundo nosso

Eu/eles - 3ª parte -fim

 
logo que começaram a escrever os lápis ganharam vidas próprias! (seguem em anexo alguns desses textos)
Não posso deixar de reproduzir belezas por eles escritas:
“BRINCAR COM A PALAVRA”
A Palavra inveja é um sentimento muito feio
"A palavra convivência convive comigo
A Palavra Música vive no meu coração
A Palavra Amor é mais do que um amigo.
A Palavra Amigo está comigo nos bons e maus momentos;
A Palavra Sonho está comigo desde que me deito.
A Palavra Silêncio está comigo quando estou sozinha!"
Inês 5º

"A Palavra professora
Abre nosso mundo às descobertas.
A Palavra relógio
Leva-nos ao bater do coração.
A Palavra canção
Ouve-se em melodia.
A Palavra vento
Agita-se em ventania.
A Palavra Natureza
Procura manter a beleza.
A Palavra Família
Guardo com Amor e Carinho…

As Palavras de Encantar
Devemos utilizar!"
Joana 5º

- Sinto que nada mais tenho para dar -

FIM
 
Eu/eles - 3ª parte -fim

Brincar com Palavras

 
A PALAVRA
É difícil
Custa tanto
A aprender
Mas com ela
Que encanto
Tenho sempre
O que dizer.
-ARVALAP-
É ao contrário
Escrita
De pernas
P´ró ar
Procurei no
Dicionário
Criei-a

P´ra
BRINCAR.
 
Brincar com Palavras

eu/eles - 1ª parte

 
eu/eles - 1ª parte
 
“Peço a um livro que crie em mim a necessidade daquilo que ele me traz.”
Jean Rostand

1ª PARTE

Nasci no Rio de Janeiro, num quente mês de Julho.
Dos anos que lá vivi recordo o cheiro a terra, depois de uma forte chuvada; de correr descalça num pequeno campo que havia por trás de nossa casa, cheiinho de canas-de-açúcar e jaqueiras… Parecia um pequeno paraíso numa grande cidade linda e movimentada!

Lembro-me dos Natais (como se fosse hoje!) com meus primos, mais velhos do que eu um pouco; que apareciam cedíssimo: “- Vamos? “- Gritava Dudu! - Papai Noel já passou lá em casa e em casa de todas as titias…

Éramos tantos. Filhos de quatro irmãs que moravam todas próximas umas das outras. Um ninho de perfeição…

Lá em casa, um irmão mais velho que idolatrava, uma irmã mais nova que protegia, uma mãe que parecia contente e um pai que adorava.

“-E a leitura?...e a leitura?…”;
“-Já lá chego, um pouco de paciência!”

Meu irmão começou cedo a ter problemas com a leitura. Minha mãe zangava-se, gritava e ambos “liam” as “historinhas” vezes sem conta. Sentados na sala liam, reliam e eu ia ouvindo num misto de alegria e tristeza:
“- tadinho, - pensava de mim para mim - ler deve ser tão difícil!...ele faz tão bem aquelas contas esquisitas! Mas as histórias…: “Rapunzel”; “ A Gata Borralheira”…
Afinal tinha um problema que mais tarde se veio a saber ser dislexia/disgrafia.
Para disfarçar, decorava as histórias e recontava-as, fazendo de conta que as lia no colégio, porque tinha vergonha.

Assim chegou a minha vez de entrar no Colégio de Stº António, onde as nossas primeiras classificações eram representadas através de estrelas. Mesmo os trabalhos menos bem-feitos recebiam uma estrelinha em papel de jornal (o que entristecia quem a recebia)! Havia a prateada, mas o sonho de todos, era a dourada!

Colégio de Stº. António-Rio de Janeiro-Brasil
(Foi necessário escrever este texto para procurar no Google esta recordação…)

1964

Eu era estrábica, gorda e tímida; os livros foram, desde que aprendi a ler, o meu refúgio, as minhas ilhas, os meus reflexos do bem e do mal… talvez por isso, comecei a ler muito cedo.

Tínhamos televisão a cores, vários canais, desenhos animados do Walt Disney, discos em vinil, todos os filmes e livros desde “O Gato das Botas” à “Bela Adormecida”! Éramos, sem dúvida nenhuma, privilegiados. Só nos faltava o amor de uma Mãe.

Meu pai, único português lá em casa, decidiu vender tudo e trazer-nos para Portugal.
Quando chegámos à aldeia, o frio era tanto; do carro do vovô conseguia ver…

As crianças (recordo-me bem) com as maçãs do rosto de um vermelho arroxeado que brilhavam e as mãos também…

As mulheres vestiam longas saias pretas plissadas, camisas brancas cobertas por grossas camisolas de lã e xailes cruzados nos ombros. Pesadas socas de madeira eram enchidas por meias pelo joelho que, por sua vez, deixavam antever pernas cobertas de pêlos o que não admirava, uma vez que os seus buços escuros sombreavam os lábios hirtos e secos! O cabelo preso naquilo que eu vim saber chamar-se “puxo”, as mãos calejadas e inchadas do trabalho do campo, sangravam de cieiro e frieiras… à frente de um carro de bois cujas rodas chiavam com um ruído característico!
Passada uma ou duas semanas estava matriculada na escola da aldeia…

Seria quase imediatamente apresentada à que seria (re)baptizada em minha honra (apanhei quatro “bolos” por dois erros ortográficos!), à célebre:

Stª Rita de Cássia ou PALMATÓRIA (e lá se foram as estrelas douradas…)

( Cont. )
 
eu/eles - 1ª parte

Insanidade...

 
Acendo mais um cigarro

Escrevo mais uma linha

A este instante me agarro

A tudo o mais, estou sozinha.

Olhares, sorrisos, palavras

Sem sentimento ou sentidos

Livrar-me destas amarras

D´hipócritas presumidos...

Que quero da vida, qu´espero?

Verdade...sinceridade?...

Se for isso, desespero:

-Caminho p´rá insanidade!-
 
Insanidade...

a-d-o-r-m-e-c-e-r

 
 a-d-o-r-m-e-c-e-r
 
Queria tanto,

tanto

deixar cair

o manto,

sair do labirinto

imensamente

l-o-n-g-o,

interminável...

Encontrar

o meu

refúgio,

o meu

"cantinho

da lareira";

o

crepitar

afável

da fogueira...

e devagar,

devagarinho...

a-d-o-r-m-e-c-e-r

sem sonhar

o que já

nem sinto.
 
 a-d-o-r-m-e-c-e-r

Humana

 
Se eu fosse vento
não sopraria
Se ave
não voaria;
Se fosse Sol
não aquecia
Se chuva
não regaria;
Se fosse dor
choraria
Se tristeza
entristecia
Se Humana
Sofreria
e sou-o
dia após dia!

à morte de meu pai...
 
Humana

Delírio

 
Delírio
 
A sala vazia. Um sussurro constante, irritante e quente não conseguia penetrar na espécie de sombra daquele corpo que, encolhido em seu sofá pousava o olhar parado. Olhava e não via.
Ninguém.
O silêncio apenas rasgado pelo sussurro vindo do nada; pelo nada captado, por nada absorvido ou sequer preocupado.
Indiferença.
Nenhum calor percorria as veias irrequietas dos membros cansados do cansaço.
Não havia memória da pouca que restava naquela sala repleta de memórias esquecidas…
Onde estaria?
Em todo o lado menos onde gostava de ter estado. E havia ainda o estado de ter gostado do que teria feito se não fosse o que teria sido, ou dito.
Delírio.
A sala vazia.
O sussurro quente.
O corpo e a mente dormentes.
Ninguém.
Quem?
Marple
 
Delírio

Fibro v/s solidão

 
Solidão que me acompanhas
Nas horas que por mim passam
Provocas dores tamanhas
Enormes danos que grassam.

Eu te peço, vai-te ó dor
Vai-te agora solidão
Arranca-me deste torpor
Desta lenta podridão.

Ah, esta névoa constante
Que m´impede de pensar
Esta mania incessante
De que vivo sem prestar.

Bate lento coração
Não tenhas press´ao bater
Jamais cedas à pressão
Do corpo querer viver!
 
Fibro v/s solidão

Cenário...

 
Noite após noite
M´esvaio
Nest´angústia
Sem motivo

Dia após dia
M´ensaio
Neste teatro
Da vida.
 
Cenário...

Medo ou Resignação

 
Dia que passa...
vaivém contínuo
de Homens
transformados
em fumaça
e ao longe...
Nada!
Gritos longínquos
de almas
qu`imploram
Olhos de velhos
que se perdem e
qu´esperam...
Tremendo de medo
ou resignados
Esperam
o Abraço
Mole
e
Forte
da Morte.
Olham as crianças
e pensam
que também
já o foram.
Sorriem
ou não
relembrando
histórias passadas
mergulhando
a memória
em teias de aranhas
tecidas com
Sofrimentos,
Alegrias e...
choram.
 
Medo ou Resignação

Rita