Poemas, frases e mensagens de EACOELHO

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de EACOELHO

Sou Catarinense, nascido em Penha-Sc, criado em Camboriu-Sc, ao lado de Balneário Camboriu, no meio do mato e me fiz menino assim com todo jeito e trejeito de "matuto do mato".
E lá, em meio à natureza, formei-me gente e carrego e carregarei aquelas...

CORAÇÃO DE POETA

 
Bate no peito do poeta um coração de mãe,
Que vê em todas as coisas o riso e as dores da cria,
Cujos olhos enxergam a essência dos sentimentos,
Muito além do que simplesmente se apresentam.

Bate no peito do poeta um coração que enxerga,
Muito além do que os olhos vêem, muito além,
Muito além das simples cores, bem além do arco-íris,
E diz, grita e explode no apelo dos versos que regurgita.

Coração alado que vaga no passado mais distante,
Rebuscando memórias com as nuanças da poesia,
Que voa pelo infinito porvir, tecendo sonhos e quimeras,
Trazendo imagens, cheiro, cores e sensações ao presente.

Nenhum outro coração tem tamanha empatia,
Capaz de sentir as dores de quem conta desamores,
Sensível as emoções das almas, dos ventos, até dos mares,
Viaja nas emoções alheias como se dele fossem.

Guarda lembranças tantas, muita além das memórias,
Vive os sonhos como a mais nítida e transparente realidade,
Avista muito mais distante que os olhos das rapinas,
Deslumbra e degusta sentimentos como se matéria fosse.

Constrói angústias e aflições só para sentir a dor,
Forja saudade só para sentir o ardume da falta,
Vive paixões imaginárias só para seu deleite,
Dá-se inteiro para supor e experimentar o gosto do dispor.

Eta coração poeta,
Quando mente, primeiramente é para si,
Cria, vive e usufrui as emoções da fantasia,
Inventa e sofre as dores e as delícias das quimeras,
Chora por amor, mesmo que seja alheio.
 
CORAÇÃO DE POETA

A CAMINHO DA POESIA

 
O velho e maltratado caminhão seguia estrada afora, chão de barro vermelho, molhado pela chuva insistente, sacolejando lentamente os pobres e velhos pertences na sua garupa, restos das desventuras da família e princípios dos novos sonhos que se misturavam à paisagem.

O motorista o conduzindo lenta e cuidadosamente entre morros e lama. Sobre os pertences, na carroceria, o menino acoitado, vagando entre o medo e o deslumbre da esperança plantada, deliciando-se na chuva que refrescava sua cara, afagando a expectativa da chegada. Cabelos molhados, gotejando no rosto, escondiam todos os mistérios dos seus sonhos, como se o fim da estrada reservasse todas as promessas de doce felicidade.

O mato fresco e viçoso por toda beira da estrada e o céu prometendo a noite, que vinha tomando forma, lentamente se transformando em manto negro, encobrindo todos os fantasmas que seguiam o caminhão e o menino só e puro. Só os faróis a apontar o caminho, num feixe de luz que ofuscava os vaga-lumes.

E quando chegar - vai chegar - pensava o menino, estaria chegando certamente no infinito, lá num lugar divino, onde mora o sonho, um velho sábio que vive num casebre construído embaixo de um goiabal e que cultiva jardins, onde planta poemas, que crescem dependurados nas laranjeiras e que quando amadurecidos, permitem ao velho sábio colher cantos de pássaros que encantam todos os corações, apaixonados ou não.

Quando lá chegar, certamente no dia seguinte, vai descer do caminhão, pisando no chão de barro cru, aspirar seu cheio, cumprimentará o “seu” Sonho e pedirá que o deixe passear pelo bosque, rolar na relva ainda encharcada pela chuva teimosa que já se fora ontem, trocada então pelo sol a reluz nas gotas ainda dependuradas nas parreiras, como se luzes fossem e vindas das estrelas escondidas na noite passada.

E fará dali o infinito do seu tempo, onde se enraizarão todos os sonhos, travestidos que seja em velho sábio plantador de poemas que cuida dos bosques. Infinito sim enquanto as lembranças se fazerem e os sonhos o seguirem lado a lado e infinitamente. Estará ali nesse lugar e nesse tempo, fincada toda a esperança desenhada em papel feito das quimeras forjadas enquanto na garupa do velho caminhão.

E mesmo quando se for de volta, pela mesma estrada, em busca de outros sonhos, agora na garupa de todos os ideais, ainda lembrará o velho caminhão que o trouxera e da chuva que escorria na sua cara. Lembrará de todos os poemas que plantou e pendurou nos parreirais da sua vida até então ali vivida, como nos sonhos do menino que envelheceu e virou o sábio do próprio bosque agora já desflorado pelo outono lento, à espera da chegada de outro menino.
 
A CAMINHO DA POESIA

DA MINHA JANELA

 
Dá janela da minha sala eu olho o céu ao longe,
Tingido pelas nuvens que formam brancos desenhos,
E sempre meus olhos acabam focando a serra ao longe,
Onde o céu então se deita e se debruça e se esconde.

Da minha janela fico então apreciando os montes,
Lá longe, onde desce o céu e assim fico viajando,
Deliciando-me na sutileza da sua forma serena,
E me faço alado e o vento vai me levando sobre ela.

Por vezes me faço anjo e fico sobrevoando os montes,
Bem rente aos cumes dos morros suaves e desuniformes,
Como se a serra fosse mar e cada elevação uma onda,
E assim vou voando e me embalando rente às nuvens.

Noutras, me transformo em majestoso pássaro,
E fico pulando nas copas das árvores gigantescas,
Percorrendo as cristas da floresta densa e fechada,
E me sinto pomposo, como se fosse uma águia,
Num vôo majestoso sobre os montes em encanto.

Nas manhãs de céu límpido, a janela me mostra a serra nua,
Então me transformo em um animal felino, esguio e ágil,
E penetro a mata, adentro sua verde e virgem intimidade,
Até sinto o cheiro da relva, da terra e a imensidão da mata,
Então me vejo pequeno mas radiante diante daquela grandeza.

Hoje sou só alguém que olha as serras ao longe,
E que sente uma vontade gigante de abraçar o meu amor,
De sairmos voando da janela da minha sala de mãos dadas,
E voarmos juntos até aqueles montes que tanto me encantam,
E encantá-la com tudo que imagino fazer - na sua companhia.
 
DA MINHA JANELA

QUADRO

 
Uma tela toda branca, ainda vazia,
E os dias correndo, portando pincéis,
O livre arbítrio escolhendo as cores,
E as imagens se fazendo no pano limpo,
Sem moldura, sem marcas, sem digitais.

A liberdade de expressão e formas,
Que o tempo vai tecendo sem pensar,
Formando as marcas do artista menino,
Então misturando sonhos e tintas,
Formando cores, imagens e ideais.

A vida é renitente, não pinta a lápis,
Não tem borracha para apagar os erros,
A tela não é sonho, fantasia de poetas,
Que joga folhas escritas no cesto do canto,
E recomeça vida nova para suas quimeras.

Nos corredores infindos de todo tempo,
Como nas calçadas das ruas e dos guetos,
Quadros pendurados mostram imagens,
Pinceladas com cores, as mais íntimas,
Do vermelho berrante ao cinza pálido,
Da natureza morta ao obscuro, abstrato.

A vida é um pano transformado em tela,
As cores, as imagens e os sentidos são nossos,
A moldura somos nós que fazemos, quem escolhemos.
O quadro que carregamos nos braços da alma,
Com quem hoje passeamos e exibimos à multidão,
Amanhã estará dependurado em paredes frias,
E serão tão somente as imagens que pintamos.

EACOELHO
 
QUADRO

FELIZ ANIVERSÁRIO

 
Fazer aniversário é bom,
Bolina os sentimentos, mexe tudo,
Remexe a vida, aguça a reflexão.

É tão bom fazer aniversário,
Quando criança a expectativa de crescer,
Virar moça bonita, moço forte,
Ir para a escola, ganhar mesada.

Chegando a adolescência,
Mais um pouco e já pode namorar,
Vai dar pra sair a noite, galera, festas, night.

Mais um pouco os 15 anos,
Quase adulto, libido liberado,
Beijo na boca,dormir junto.
Expectativa dos 18, afinal liberdade,
Fim do colégio, vestibular a vista.

Vai chegar 21, maioridade,
Liberdade, responsabilidade,
Vida assumida, andar nas próprias pernas.
Os sonhos para a vida advinda chegando.

O vestido de noiva, a festa,
A viagem, as fotos, o hotel,
A barriga, o parto, o rostinho lindo.

Transferência dos sonhos,
Expectativas divididas,
As noites mal dormidas,
As aflições das madrugadas,
Das crianças grandes que não chegam.

A vida passando a cada ano,
Cada aniversário um marco,
Filmes repassados na mente,
Sonhos se refazendo, novos planos.

Cada aniversário um tempo novo,
Festa só pra si, ego-centro dos bons augúrios,
O espelho que mostra a marca dos tempos.

Fazer aniversário é bom, é gostoso,
Cada ano, mais um vivido, mais um pra viver.
E festa no coração, velas para iluminar a vida.

Aniversário é bom,
Expectativa, telefonema, e-mail,
Festa quem sabe, presente com certeza.

E como é bom............é big, é big, é big é big é big....
 
FELIZ ANIVERSÁRIO

DESPEDIDA

 
Vim aqui, só pra te dizer,
Que a vida é bem maior,
Que esse mundo imposto a nós.

Vim aqui, pra fazer por merecer,
Nunca mais me sentir menor,
Vivendo a dois e me sentindo a sós.

Claro que foi bom e me senti feliz,
Vivemos juntos o que eu sempre quis,
Fechemos a ferida, que fique a cicatriz,
Selemos o acaso, lacrando à verniz.

Que choremos o desamor,
Lamentando o descaminho,
Mas que não persista essa dor,
Não quero chorar sozinho.

Bem melhor,
Rebuscar um novo amor,
Procurando nas calçadas,
Quem sabe nas madrugadas,
Evitando qualquer rancor.

Vim aqui, dizer que vou embora,
E se o teu coração chora,
Eu sofro do mesmo mal,

Foi tão bom o que vivemos,
Então que não lamentemos,
Nem sofremos no final.

EACOELHO
 
DESPEDIDA

CHUVA

 
Complexo físico, pura ciência,
Equilíbrio que harmoniza o viver,
Avó da vida, mãe da mãe natureza.

É poesia, inspiração de poemas de amor,
É saga tristonha quando se ausenta,
Desgraça quando em exagero teimoso.

Efêmera qual paixão de carnaval,
Quando em aguaceiros de verão,
Ou renitente, fartando a preguiça,
Na teimosia fria das invernadas.

É saudade, quando faz exalar da terra,
Cheiro dos tempos entranhados na memória,
Sensualidade, desejos e fantasias,
Quando encharca um corpo em transparência.

Espanto, quando chega de surpresa na tarde,
Criando frenesi na busca por teto que a evite,
Ou aconchego de cantigas para fazer dormir,
Reinando nos domingos de preguiça e sossego.

A chuva é lira, poemas caídos dos céus,
Do lirismo contido no seu cair em acalanto,
Nas dores que carrega quando em tempestade,
Ou simplesmente na agonia da sua ausência.

EACOELHO
 
CHUVA

GOSTO ESTRANHO

 
O "Stress" que o tempo fomenta,
A corrida pela vida que a vida exige,
Os disfarces dos sorrisos forjados,
A compreensão entre cerrar de dentes.

Esse gosto amargo na boca de língua solta,
Resultado das palavras ditas sem vontade,
Assumidas só para mostrar falsos propósitos,
Conseqüência de engodo no jogo de agrados,
Inconseqüente conduta cotidiana e ralé.

Quero um gole de água pura de chuva de verão,
Quero um respiro profundo para me alimentar,
Preciso ficar alheio as simulações alheias,
Necessito afagar a vontade de ser fiel,
Enxergar o brilho da verdade no que me seja dito.

Quero eliminar esse gosto confuso da minha boca,
De “roda de carroça” vazia e barulhenta,
De “tampa de poço” seco de água e vida,
De “cabo de guarda-chuva” de tempestade,
Tudo utensílio dos dissabores das falácias.

Vou remoer o Stress desses tempos,
Sossegar o ânimo e serenar a pressa,
Sobrepujar as Rodas, Tampas e Cabos,
Desse amargo gosto incrustado na boca,
Que vomito no vento ou engulo sem cuspe,
Sem deixar, contudo, que me corroa o estômago,
Muito menos os valores do bem viver comigo.

EACOELHO
 
GOSTO ESTRANHO

NEM TENTE ESQUECER

 
Se por acaso tentares me esquecer,
Abortando da memória repleta de nós,
Todo um passado, toda nossa história,
Ficará uma vida toda em branco, vazia.

E por mais que tentes em vão recomeçar,
Encontrarás a mim em toda esquina da vida,
Nos detalhes da chuva fina que caí mansa,
Até nas flores novas que floresçam teu jardim.

Se olhares o mar, lembrarás nossos passeios,
E nas férias de verão verás a mim em cada praça,
Nas noites quentes que caminhares pela praia,
Sentir-me-ás ao teu lado, ainda segurando tua mão.

Ao deslumbrares alguém falando de amor,
Inevitavelmente estarei presente nas imagens,
Reviverás os abraços fortes, os beijos tantos,
E sentirás minha falta da mesma forma cálida.

Nem tentes me esquecer, será absolutamente vão,
Estou entranhado em toda tua memória renitente,
Meu cheiro está vivo em todos os teus sentidos,
Em todas as melhores lembranças do teu viver.

EACOELHO
 
NEM TENTE ESQUECER

BOMBEIROS DE STA MARIA

 
Estava assistindo, ouvindo as informações sobre a Tragédia de Santa Maria. E um programa de televisão mostrou um croqui da Boite, mostrando claramente todo o ambiente.

Em nenhum momento se percebeu uma saída de emergência. Não tem uma segunda saída, de emergência ou não. E pelo que me consta, em qualquer ambiente desse nível, é obrigatória a saída de emergência.

Essa casa já funcionava há 3 anos, a imprensa informa. Informa também que estava sem alvará desde agosto, ou seja, 5 meses apenas. Deduz-se que funcionou sob licença da prefeitura e dos BOMBEIROS durante mais de 2 anos, sem saída de emergência.

Um ambiente totalmente fechado, preparada para receber, aglomeradamente, uma mil pessoas e não tem saída de emergência e consegue alvará de funcionamento, que requer, obrigatoriamente, a licença dos BOMBEIROS consiste em crime de probidade cometido por toda autoridade pública local.

Fico a imaginar o poder de persuasão dos proprietários dessa empresa, desses empreendedores, capaz de convencer as autoridades todas da cidade a funcionar assim durante mais de 2 anos. E pior, funcionar desde agosto, sem alvará, no centro da cidade, a vista de todos.

Realmente esses empresários terão, necessariamente, que pagar pelo crime que vinham cometendo e que culminou na tragédia. Mas não só eles. Pelo bem da ordem social, não só eles. Pelos valores de um estado democrático, não só eles.

E quantas outras casas funcionam assim em todo o país? Quantas ratoeiras semelhantes funcionam assim nesse nosso Brasil de Deus?
 
BOMBEIROS DE STA MARIA

A CASA NA MONTANHA

 
Uma sala de bom gosto,
Luz vaga emprestando sossego,
Na parede um quadro quebrando a palidez,
E é nele que meus olhos se prendem,
É para ele que meu olhar me encaminha.

E nele adentro e nele me vejo inteiro e real,
Avisto a casa dependurada na montanha,
Que me chama na voz cândida do vento,
Que sopra do mar, envergando as palmeiras,
Invadindo meus sonhos e pintando devaneios.

Caminho em meio a mata tropical, verdejante,
Subindo a trilha, cheirando a relva ainda úmida,
Ate os pássaros e grilos eu ouço, e sigo e chego.

Chego no terreiro, respiração ofegante,
Coração palpitando no corpo inteiro,
E sento para descansar na pedra que se faz escada,
Na porta aberta da casa bangalô, madeira bruta, envelhecida,
Janelas abertas, a luz do sol entrando, alegre.

Árvores pomposas ao redor,
O caminho defronte que segue subindo a montanha,
E lá embaixo, longe e perto, o azul do mar, que vadia,
Sem presa, sem muro nem fim.

É, acho que vou ficar por aqui,
É bem aqui o lugar que sempre sonhei, o meu lugar,
Bem assim, com essas cores e esse aroma,
Aqui vou deixar a vida passar, como as trovoadas,
Entre chuvas, ventos, cantigas e bonança.

- Ei!!!...... Aceita uma bebida?

- Quê???!!!!!!

EACOELHO
www.eacoelho.prosaeverso.net/
 
A CASA NA MONTANHA

NAS ASAS DO POETA

 
Se você aceitar o que agora lhe proponho,
Viajando nas asas do poeta que vagueia,
Realizarei todos os teus mais contidos sonhos,
Até aqueles que jamais ousarás confessar.

Embarcarás em meus verbos mais irreais,
Envolvida pelas metáforas dos meus versos,
E as figurações e imagens que a farei sentir e ver,
Serão somente princípios do começo da viagem.

Levarei você onde a primavera descansa no inverno,
Onde os amantes se revigoram em sonetos reais,
Lá onde ecoa o som dos sinos do anúncio do apocalipse,
Muito além de onde o amor contido fica à espreita.

Sobrevoarás comigo o verde vale encantado,
Onde sexo, paixão e amor sempre se confundem,
Iremos onde o ciúme foi um dia encurralado e preso,
E te mostrarei onde a lua se abastece de encanto.

Pelas mãos te levarei a passear em bosques,
Lá onde mora a insensata sabedoria do amor,
Pularemos sobre escombros da paixão desmedida,
E ilesa irás comigo deslumbrar a magia de voar.

Convidarei uma fada a nos acompanhar pelos céus,
Encantada ela fará teu grande amor surgir no teu colo,
E te soltando do poema seguirás voando até o infinito,
E beijarás teu bem querer, sentada em nuvens brancas,
Composta por este poeta, somente para lhe agradar.

EACOELHO
 
NAS ASAS DO POETA

DEVANEIO

 
Foi tanto que procurei,
Tanto tempo eu levei
Até de encontrar.

Procurei por toda rua,
Nas estrelas e na lua,
Até te encontrar

E segui todos teus passos,
Segurei entre meus braços,
Até você se dar.

E foi tanta emoção,
Misturada a ilusão,
Foi tão bom me dar.

Fiz versos e canção,
Toquei flautas, violão,
Pra te encantar.

Num repente ti perdi,
Que vazio que eu senti,
Nem é bom lembrar.

E foi tanto que eu me dei,
Que agora já não sei,
Se foi bom te encontrar.
 
DEVANEIO

ALMA DE MULHER

 
Por mais que os poetas se proponham a versar,
Desfolhando as minúcias dos seus sentimentos,
Supondo dores, prazeres, alegrias e tristezas,
É-me mistério a alma enigmática da mulher.

Por mais que eu tente desvendar seus segredos,
Por mais que eu faça por supor seus mistérios,
Não sei distinguir as damas das madalenas,
Nem as Leoas que bradam, das Angélicas que aninham.

Queria distinguir dentre as lobas que uivam,
Das cordeiras cálidas e brandas de singeleza,
Quem é quem e quando e onde e porque e como,
Nem sei qual delas prefiro, nem quando, ou se ambas.

Vou ainda me esconder em uma barriga prenha,
Que seja nas viagens do poeta que se aventura,
Quem sabe assim, buscando as origens da vida,
Consiga eu saber mais do dogma da alma da mulher.

Alias, nem quero saber - saber pra quê,
Que a alma em flor, como rosa se perpetue,
Que eu apenas sinta e desfrute seus aromas,
E que não sangre jamais em seus espinhos.
 
ALMA DE MULHER

NÃO SE VÁ

 
Hoje vamos derramar o balde pela sala,
Que deixemos escorrer toda história,
Mesmo que alague tudo que vivemos,
Melhor esvaziar o copo e as magoas.

Veremos se esvair como água toldada,
As rusgas e as dores acumuladas na estrada,
Escorrendo diferenças e descaminhos;
Que não choremos mais dissabores.

Então lancemos sobre o tapete molhado,
Só um pouco das tantas pétalas que colhemos,
Houveram flores, aromas, brisa e orvalho,
Que aspiremos também o cheiro desse tempo.

Nessa distância entre os cantos da sala,
Por onde desfilam nossas dispersas vontades,
Já foi tão pequena para caber nossos olhares,
Que não precisavam de tanto espaço.

Olhe para mim, olhe o balde vazio,
O tapete a gente junta e joga ao leu,
Mas que não esparramemos entre nós,
Toda história que cultivamos no tempo.

Não se vá, também não quero ir,
Aqui nessa sala ainda tem lembranças,
Que não foram sonhos, que não foram acaso,
E que revividas justificam um recomeço.
 
NÃO SE VÁ

ALÉM DOS TEUS OLHOS

 
Assim que te olhei e fixei teus olhos,
Deslumbrei tua boca maliciosa e tenra,
Percebi a mulher fogosa que descobrira,
E já viajei nas tuas intimidades.

Imaginei tê-la em meus braços,
Mordiscar tua boca, tua língua,
E num abraço de corpo inteiro,
Senti-la inteiramente minha.

Olhando-a assim linda e fêmea,
Fui muito além, em minha fantasia,
Tive-a em minha cama quente,
E a tive toda, inteira a meu dispor.

Percorri todo teu corpo lindo,
Beijei tua nuca, teus seios, teu colo,
E desci muito aquém, fazendo-a suspirar,
E deslumbrei essa cara em delírio.

Expus você inteira a minha cobiça,
Apalpei tuas coxas e a senti tremer,
Toquei em tua vulva e a senti úmida,
E oferecida e ansiosa por mim.

Chega, não quero mais sonhar,
Quero mais é te ter de verdade,
Então a farei uma mulher inteira,
Inteiramente minha e satisfeita.

EACOELHO
 
ALÉM DOS TEUS OLHOS

TEMPORAL

 
Veio um temporal,
E levou meu amor de mim.
Fez um vendaval,
E os sinos da catedral,
Anunciaram o fim.

Minhas palavras calaram,
Calou-se toda a natureza ao redor,
As rosas então murcharam,
Os pássaros não mais cantaram,
Em respeito a minha dor.

A lua veio me fazer companhia,
E algumas poucas estrelas tristonhas,
Relembrando maldigo aquele dia,
Foram tempos de agonia,
Ardiam minhas entranhas.

Nem o sol nem a bonança,
Conseguiram me fazer melhor,
Morreu toda esperança,
Chorei com uma criança,
E cada dia pior.

Melhor não mais lembrar,
Se não me desmancho em penas
Acabou-se o tempo de amar,
Inútil querer relembrar,
Que não seja em meus poemas.

EACOELHO
 
TEMPORAL

PAPAI NOEL EXISTE?

 
Nem ouse duvidar,
Que Papai Noel existe,
Não aborte o sonhar,
Não faça o mundo triste.

Não desligue as esperanças,
Nem exagera, não abuse da verdade,
Não tolha nem roube das crianças,
Todo sonho, toda quimera, toda felicidade.

Evidente que ele existe e é bom,
Sei até onde ele vive, onde mora,
Conheço seu pensar, seu coração,
E sei também que me adora.

Que ceticismo bobo contido nessa indagação,
Ele existe sim, pergunte a qualquer criança,
Toda ano ele traz presente, alegria, emoção,
Tem roupas vermelhas, uma grande pança.

Até já sonhei com ele, chegando no seu trenó,
Abarrotado de presente pra me fazer feliz,
Se você o ignora, ele entristece de dar dó,
E se você insistir na dúvida, vai crescer o seu nariz.
 
PAPAI NOEL EXISTE?

TRAGÉDIO STA MARIA

 
Maldita GANÂNCIA.

Normalmente as tragédias - salvo as de cunho natural - tem como princípio ou agravante a avareza dos empresarios. A busca do lucro, sob risco de tudo.

Neste caso, de tudo que já consegui ouvir, é mais um caso onde a sede pelo lucro provoca esse tipo de coisa. E se pensarmos em todas as casas noturnas nesse Brasil inteiro, a maciça maioria são ratoeiras humanas. E a grande maioria dos seus proprietários ou exploradores, são pessoas vindas do submundo ou de herdeiros dos grandes líderes empresariais da cidade, que contam com a influência do poder ou do capital, para infringirem as normas de segurança, com a anuência das autoridades locais.

Li, ouvi, assisti, que a dita casa noturna, estava funcionando sem Alvará, há cerca de 6 meses. Impossível que as autoridades locais, sejam dos bombeiros, da polícia militar, da polícia cível, não tivessem conhecimento das irregularidades.

E onde estavam todas essas instituições de segurança nesse tempo todo? Pois eu respondo...

- Estavam multando as infrações de trânsito nas esquinas;

- Fazendo plantões na periferia, prendendo ladrões de galinhas;

- Buscando meios, formas e jeito, para proteger os influentes da cidade, em troca de favores e propinas;

- Brincando de prevenção, nos infindos treinamentos por conta de possíveis acidentes, guerras, etc.

- Combinando como proteger o patrimônio dos poderosos da fome ou vingança dos flagelados da ganância capitalista.

Quantas dessas casas funcionam em todas as cidades desse nosso país, apresentando os mesmos riscos, a mesma eminência de catástrofe, quando apenas o lucro tem validade? Quantas dessas casas, recebem a proteção ou no mínimo a conivência das autoridades locais, por conta de favores, propinas ou simplesmente pressão de pessoas influentes, social ou politicamente?

Evidente que quando um acidente toma proporções gigantescas como esta e atrai a atenção do país, da maça, muitas das irresponsabilidades, falcatruas e conivências vêm a tona. Mas, na calada das redes de influência do poder, das propinas e conchavos, quantos ambientes semelhantes, ou até piores, continuam funcionando normalmente, a mercê da sorte?

Bem por isso, gasto grande parte do tempo que dedico a escrever; gasto grande parte do tempo que disponibilizo para interagir nos meios de comunicação, para chamar a atenção e denunciar, a meu modo e com a minha modéstia ótica, a avareza de grande parte do empresariado, motivado pela ganância inescrupuloso. Pelo poder econômico que se mistura e se alia ao poder político.

E também por isso, vivo a incitar todas as pessoas que tem talento para escrever, competência e lógica social, bom senso e mantém mínimos valores humanitários, que denunciem, que verbalizem, que apontem os efeitos daninhos da ganância capitalista, da avareza do poder capitalista.

E igualmente por coisa assim, que vivo a apontar a fragilidade e o lado torto da polícia e de todas as autoridades constituídas, que vivem e sobrevivem por conta da proteção do patrimônio e não da vida. Que existem por conta da proteção do patrimônio e não da justiça. Que subexistem em função do dinheiro e não a justa razão de viver.

Claro... É mais fácil agora, depois do mal se fazer e matar, literalmente, lamentar as mortes, chorar as dores alheias e no momento seguinte fechar os olhos para tudo que é esdrúxulo e vergonhoso no lido social. As dores passam. As lágrimas cessam, mas as falcatruas, a ganância, a avareza capitalista continua e continuarão matando, matando e matando. Se não em catástrofes como esta, mas nas favelas, nas esquinas, nos esgotos a céu aberto, na exploração e na ignorância dos valores humanos elementares, que a fome de lucro não deixa perceber ou valorizar.
 
TRAGÉDIO STA MARIA

ATENTO AO TEMPO

 
Deixe o tempo correr, passar,
Que o deixemos fazer seu papel,
Cicatrizando feridas sem cessar,
Sempre alheio ao bem ou ao mal.

Tudo tem seu tempo, tem sua hora,
Das buscas, dos achados, da espera,
De menina virar moça, virar senhora,
Tempo de príncipe, de sonho, de quimera.

Deixemos o tempo correr, passar,
Deixe-o costurar a sua sabedoria,
Não queira tudo em um só dia,
Antes de ter, haverás de conquistar.

Ouça sempre o conselho do tempo,
Não subestime a sua própria audácia,
Construa com ele toda perspicácia,
Olho na chuva, muito antes no vento.

Não coma cru, deixa o tempo cozer,
Sem pressa, mas sempre caminhando,
Ele ensina os segredos de bem viver,
Queira aprender e ele vai te ensinando.

Não o desperdice, um pedacinho que seja,
Aproveite-o sempre, em cada partícula,
A pressa o entorta, a preguiça o aleija,
Beba cada segundo, deguste cada molécula.

Deixe o tempo correr, passar,
Não sem o observar, sempre atento,
Sem perdê-lo de vista jamais, sem fraquejar,
Se o perder, na sorte não adianta buscar alento.
 
ATENTO AO TEMPO

EACOELHO