Alma de Poeta
Hoje sinto como o poeta sente
uma serenidade dúbia
Uma calma aparente,
alma afastada de tudo, o
Peito a bater sofregamente
Hoje quero como o poeta quer
Uma solidão cultuada,
Bem vinda madrugada!
Um pensamento na alma,
Quero neste momento tudo,
n’outro já não quero nada
Hoje tenho como o poeta tem
Umas dúvidas, uns receios,
frases mal feitas, contrafeitas
Umas palavras... segredos que truncam
E alguns versos que não satisfazem nunca...
05.05.10
Flores do Silêncio
Flores do silêncio
Com suas bocas tortas
Não falam de esperança...
Flores do silêncio
murchas, mortas,
Engolem o perdão
Com suas enormes gargantas
Flores do silêncio
Indiferentes, surdas
Vomitam apenas amargas
lembranças
Contando o Tempo
Contando o Tempo...
O tempo, sempre à minha frente.
Sempre ganhando de mim,
e eu, esbaforida, correndo atrás...
Há tempos notei que ele zomba da gente.
No fundo, sabe de nossas limitações...
Passa assim, meio orgulhoso, sabe-se senhor!
Inútil tentar vencê-lo!
Implacável, agora parece ainda mais veloz...
Sem tempo para nada, lembrei-me do sábio:
Há tempo para tudo...
Haveria tempo para alcançar o tempo?
O sábio riria de mim –
Não foi bem isso o que eu quis dizer...
O problema com o tempo é que
Ele sequer espera entendermos alguma coisa.
Atropela-nos em sua pressa de passar!
Quando se vê já foi...
Foi-se o tempo em que o tempo
Passava devagar e vivia-se
Sem ter que contá-lo o tempo todo.
Ariadne Cavalcante
Numa caixa
Numa caixa
Numa caixa sem fundo há um mundo
E há também:
Um rebelde, um subversivo,
Um alguém inadequado,
Um louco, um mago, um idealista,
Um destrambelhado,
Um incerto, um artista.
Mas ao virar a caixa do outro lado,
Eis que surge um tédio absurdo;
Um conformista, um suscetível,
Um impoluto, um pessimista
Previsível em tudo...
Este texto encontra-se registrado no EDA (Escritório de direitos Autorais da Biblioteca Nacional)