Poemas, frases e mensagens de Trilho-do-Pensamento

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Trilho-do-Pensamento

O homem e a rapariga

 
Depois de muitas noites de encontros corporais.
Ainda envoltos nos lençóis suados.
Ela, a querer saber o chão onde pisa pergunta em tom de medo disfarçado:
- O que eu sou para ti?
Olhando para o tecto do quarto, ele passa-lhe o braço pelo corpo.
- És com quem eu pratico o verbo amar.
O rosto da rapariga ganha as expressões de quem não entende.
- O que queres dizer com isso?
- Não fui claro?
Com a surpresa do que passou-lhe pela cabeça, ela sente-se ligeiramente desconfortável distanciando seu corpo.
- Amas-me?
Ele, senta-se na cama, olha-lhe directamente nos olhos e diz.
- Talvez, não sei, quem ama muitas vezes não sabe que ama e não sei o que é amar para ti, para mim, Amo-te sempre que pratico o verbo Amar contigo, mas sei que não estas preparada para ouvir e escutar Amo-te, por isso sempre que apetece-me dizer Amo-te, digo Amo-te das mil e uma formas que conheço, mas somente quando tu sentires que Amo-te, mesmo que eu não diga, é que poderei dizer-te olhos nos olhos, como estamos agora, Amo-te.

Não partilho da opnião daqueles que pensam que o autor é dissocíavel do personagem e situação por ele criados, mesmo não tendo vivido realmente esta situação a vivi sentimentalmente e desejei partilhar, se vivi sentimentalmente, senti, se senti é real mesmo sendo obra imaginária.
 
O homem e a rapariga

Senti beijo

 
Senti beijo!
Se sentiste ou não pouco me importa.
Pois mesmo que eu soubesse que tinhas sentido.
Não sentes beijo como eu sinto beijo.
Tanto por cada um sentir beijo de uma maneira.
Como o facto de tu sentires-me a dar-te um beijo ou sentires-te a dares-me um beijo ser diferente do facto de eu sentir-te a dares-me um beijo ou sentir-me a dar-te um beijo.
Afinal eu senti beijo nos lábios.
E existe um universo de diferenças entre eu sentir teus lábios nos meus e tu sentires meus lábios nos teus.
Por isso pouco ou nada importa tudo que já disse.
O que importa é que teus olhos me hipnotizaram.
Não consegui sequer desviar a menina dos meus.
Teu braço desceu num movimento mais que perfeito, ao mesmo tempo que ele deixava de ser uma barreira entre o teu rosto e o meu poisava sobre a minha perna.
E não consigo lembrar-me se fui eu que me cheguei a ti, se foste tu que chegaste-te a mim ou ambos que chagaram-se um ao outro.
E isso importa?
Importa!
Não pelo facto de quem se chegou a quem ou quantos centímetros cada um se chegou ao outro.
Mas sim pelo facto de eu não conseguir lembrar-me.
 
Senti beijo

Saudade

 
Mais uma noite que navegas em minha nuvem de pensamentos
E a saudade do tempo que tinha sempre um “boa noite” teu cresce
Deixei passar tanto tempo na esperança que voltasses…
E fiz por não pensar julgando que assim te esqueceria

Hesito em mandar-te uma mensagem por não saber o quê dizer
Mesmo sabendo que a palavra amo-te diria tudo
Mas não sei se a deveria pronunciar, afinal
Será que amo-te?
Ou terei apenas saudade de como me sentia quando estavas comigo.

De amor nada entendo
E o que entendo escondo de mim para poder o desfrutar
E do amor (se for amor o que sinto por ti) o que sinto
Não é dor por não te ter
É a saudade do que contigo conseguia ser

Meu amor…
sinto falta de voar contigo
 
Saudade

Plagio

 
Já não sei se o que eu escrevo é meu, afinal a diferença entre plagio e pesquisa apenas reside na quantidade de livros que usamos, e todos dias aqui e ali vou juntando peças neste puzzle infinito que é o meu universo, há tanto do meu pensar que vem daqui, vem dali, nada é puramente meu, afinal as palavras, a não ser que invente novas, já foram ditas e inventadas por alguém, mesmo que invente não passam de união de letras.
Ontem no meu passeio pela livraria vi algo que chamou-me a atenção, estava lá o livro “A arte da guerra” desta vez escrito por Maquiavel, tive de ler parte para entender se não estaria a saltar naquele momento para uma dimensão paralela, não, não estava, fiquei a saber que Maquiavel repensou e reescreveu o famoso livro de Sun Tzu, não interessei-me muito apesar de gostar do pensador incompreendido mas resolvi pensar sobre isso.
Será correcto pensar que Maquiavel plagiou Sun Tzu? Se eu reescrever um texto qualquer que seja um reflexo da minha leitura será um plágio? Terei eu de colocar entre aspas e abaixo indicar o autor todos os trechos que não são absolutamente meus? Tenho a minha resposta e a minha resposta é NÃO, afinal há coisas que li que já estão tão entranhadas em mim que também são eu e há passagens que apesar de serem cópias literais de outras passagens não são cópias por estarem em outro contexto.
 
Plagio

Arte do desencanto

 
Decidido a sonhar abri o teu livro
Estúpido
Estraguei o sonho
Pois o sonho não és tu
Sonhar contigo exactamente como és não tem nada de sonho
Sonhar contigo em pleno e um acto meu
E quanto mais meu for mais sublime será meu sonho
Devia ter ficado pelo mero quarto de segundo que vi o teu retrato
Que mesmo não retratando a ti tinha de ti o suficiente para sonhar
Podia pintar todo resto
Imaginar todas conversas
Planar por todos os céus
Mas não
Abri o teu livro
Li teu horóscopo
Descobri tuas influências perdendo assim meu encanto pela tua espontaneidade
Fiquei a saber que teus apaixonantes dedos pequeninos são herança genética do teu avô
Agora, olhando através da imaginação para os teus dedos pequeninos
Só consigo lembrar de uma velho sem sensualidade nenhuma
Ah se eu pudesse não saber disso
Teus dedos ainda me encantariam
Mas não
Abri teu livro
Li teu horóscopo
Pesquisei sobre tuas influências
Conheci tua família
E perdeste o encanto
 
Arte do desencanto

Não quero querer-te

 
Não quero querer-te!

Mas a mesma força que tenta empurrar-te para longe de mim é aquela que faz estares em meu pensamento.

Não quero contradizer-me.

Travo luta para não o fazer internamente porquê sei que ao mínimo hesitar correrei para ti instantaneamente.

Fujo de ti e calo-me.

Peço que não me procures mas intimamente desejo que me encontres por mero acaso.

Ignoro-te

Mas aguardo teu novo contacto.

Afinal...

Não quero querer-te!

Mas isso não impede que eu...

Te Deseje
 
Não quero querer-te

Entretantos

 
Vejo-te em cada despedida que cruza meus olhos
Tão parvo fui eu ao pensar que iria acabar
Agora nos entretantos de outros lábios
Nos acordares em outras camas
Só sinto o toque no corpo de alma vazia
Só em pensar nas noites que viveste em meus sonhos
Tão mais verdadeiros do que os finais de noite embriagados com trocas de fluidos
Sinto saudades daqueles lençóis brancos que só existiram em nosso pensamento
E julguei-me tão Homem
Julguei-te tão menina
Que ria-me do diminutivo que punhas no nome que criaste para mim
Da protecção que me envolvias com a tua gentileza
Sim, sem dúvida que eu era o braço forte que te agarrava
Mas só tu vias o coração frágil que eu entregava
E não pedi nada
Nos despedimos com um até logo que tornou-se um adeus
É a vida
E nos entretantos
Nos entretantos vou caminhando sem que ninguém realmente me toque
Sendo que o meu realmente é o toque não tangível que davas-me
E sonho ter um novo amor como o amor que tive por ti
Mas sabes meu amor
Ainda espero por ti
 
Entretantos

Não te quero assim!

 
Meu amor…
não me admires,
não te quero assim!

Meu amor…
quero-te ao meu lado,
quero-te dentro de mim,
não junta-te a plateia que bate palmas,
não coloca-me num plano superior,
não digas que tens sorte por eu estar contigo,
não enchas meu ego com elogios,
não quero-te assim!

Meu amor…
não faças sentir-me anjo,
não me faças pensar que sou carne especial,
não deixes que eu julgue que sou o bastante,
que não preciso de olhar-te,
que contentas-te em olhar para mim,
não te quero assim!

Meu amor…
exige o que é teu por direito por eu te amar.
Se batem palmas,
recebe as palmas como também tuas.
(Não bate-se palmas para si mesmo)

Meu amor…
não me ames apenas,
não te quero assim!
O que quero é que também me permitas te amar.
 
Não te quero assim!

Desisto

 
Se me lês
Não entendes inequivocamente o que eu digo
Entendes o que lês de acordo com teu universo pessoal!

O que eu digo não é preciosamente o que penso
Está limitado tanto pela minha capacidade linguística
Como também pela linguagem em si

E distante também está aquilo que eu sinto
Daquilo que eu penso que sinto
Sendo que só é possível para mim escrever sobre aquilo que penso que sinto

Sendo também aquilo que sinto
Diferente daquilo que sou
Pois posso ser triste e sentir-me alegre
Ou ser alegre e sentir-me triste

Sendo assim
Desisto!
Não vale a pena!
Pois se não entendes o que digo, o que eu digo não é o que eu penso, o que eu penso não é o que eu sinto e o que eu sinto não é o que eu sou, não há para mim sentido algum em escrever escrever!
 
Desisto

Continuar

 
A televisão ligada impede-me de desfrutar um momento de paz, continuo a dividir a casa com os pais empurrado por esta crise que repete-se cada vez pior em todos momentos.
Vejo a barba que não fiz no espelho, pelos brancos já surgem e um sentimento de falha cresce-me.
Mas... onde é que ficaram os sonhos que nem sei se tive, não os perdi apenas, estou também a perder a memória de os ter, e sim, faço erros, de todos estilos e formas mas, infelizmente meu corrector avariou na ultima vez que um vírus qualquer me apanhou.
Balelas, conversas soltas, frases sem sentido de quem se chama Trilho e não sabe para onde continuar.
A solidão cresce acompanhada com a companhia que não me faz companhia, eu, único culpado das minhas dores rezo a um Deus que prefiro acreditar por ser mais fácil viver a acreditar.
As vezes apetecia-me que a morte viesse-me bater a porta e que não existisse nada após, meu cansaço teria finalmente descanso e não precisaria olhar-me mais ao espelho envelhecido pelo tempo que é mais rápido que eu.
Hoje, agora, não valho nada, sequer a energia que gasto com esta máquina ligada, mas depois destas letras húmidas que saem-me dos olhos sinta a alma que nem sei se tenho lavada e assim surge-me a energia necessária para acreditar novamente que existe conserto para mim.
Daqui nada meus pés já estão descansados, levanto-me do mesmo sítio que cai e remendo-me nos mesmos locais que sempre rasgo a pele, respiro fundo e sigo o caminho acreditando que há algo que ainda possa fazer para que a minha vida não passe de um desperdício de tempo.
 
Continuar

Lágrima que não cai

 
Sonhos a morrer
D-e-v-a-g-a-r
Lágrimas que não saem
Sempre a crescer nuns olhos secos
E dia após dia a afundar
Precipitando e fugindo do abismo
A beira do abismo
Sem saber para onde ir
E indo sempre aos mesmos lugares que as pernas estão acostumadas
Sem saber porque
Estando vivo e isto ser tudo
Apenas sobrevivendo no caminho
Dia após dia
Semana após semana
Mês após mês
Afinal para quê
Alimentado-me
Andando
Desejando que o tempo pare
Mas o tempo…
O tempo não para
Não há suficiente para apreciar a vida
Vida sub-vivida
Sub-vida
Sem objetivos
A juventude já foi
E diariamente apercebo-me de mais um cabelo branco que nasceu
O dia de mudança foi ontem
E apesar dos moveis terem se ido embora eu fiquei
Já não tenho meu urso que acompanhou a infância
Ficou algures perdido como pedaços de mim pelo caminho
Não sei o que quero
Talvez apenas que a lágrima consiga cair
Num colo que me afague ternuramente os cabelos
 
Lágrima que não cai

Partilho-me

 
Mas escondo-me através de um desenho meu rosto.
Serei digno de dizer que estou a partilhar-me?
Será que quem partilha-se com seu rosto por o mostrar está a partilhar-se mais que eu?

Partilho meus pensamentos, pois são meus pensamentos que quero partilhar.
Não estou, pelo menos de momento, interessado em partilhar a cor dos meus olhos.
A minha idade e tudo aquilo que é tangível em mim.
Não significando isso que não passei a partilhar com alguns que penso que devo partilhar.

Partilho meu trilho, meu trilho do pensamento.
E se falo de coisas tolas é porquê apetece-me.
E se quiserem dar-se ao trabalho de criticarem-me…
Agradeço
Para ser sincero aprecio mais as criticas que os aplausos.
Aplauso fazem bem ao ego!
As críticas permitem o crescimento!

Convido, a quem queira caminhar comigo.
Mesmo que o queiram para numa noite de cansaço…
Roubarem-me de mim!
Quem sabe se não é o melhor que me fariam mesmo pensando-se como ladrões?

Mas se eu olhar mesmo para mim.
Pouco ou nada me importo com quem caminhe ou não ao meu lado.
Quem vem por bem…
Vem porque quer, e por querer não dou nada diferente do que sou, pois não é nada diferente do que quer.
Quem vem por mal…
Também vem porquê quer, e nada de diferente do que sou leva
E o que me importa realmente é o que deixam.
Deixará mais quem vem por bem ou quem vem por mal num mundo não tangível de pensamentos.

Não vejo sentindo algum para mim.
Partilhar o que não quero.
Pois o que quero está a disposição de todos.
O que não quero apenas de quem escolho.

Escondo meu rosto?
Escondo!
Por não o considerar importante perante ao que penso.
 
Partilho-me

Só desejo aquilo que estás disposta a dar

 
Tu estás em todas as esquinas da minha vida, vigias meus cruzamentos, guardas minha cidade estando dentro de onde queria mas não posso por ter-me vendido.
Ao longe não deixo passar desapercebidos os teus sinais, os sigo e acabo sempre indo ao encontro daquilo que alguns chamam por destino, não, não vi entrares pela porta mas a ouvir bater, evitei o cruzamento das nossas vidas e acabei por te seguir, sabes? Claro que não sabes afinal ninguém sabe nossos segredos mais íntimos, ontem senti-me maior por estar próximo de ti e isso faz-me sentir tão bem, não preciso muito mais para sentir-me feliz, foi como quando se é criança e nos deliciamos com o bolo que mais gostamos.
Só desejo aquilo que estás disposta a dar, é mais que o suficiente para diariamente um sorriso largo espalhar-se pelo meu rosto quando pela manhã me olho no espelho e confronto-me com a minha realidade.
 
Só desejo aquilo que estás disposta a dar

Miopia

 
Nasci com miopia ou adquiri esta miopia?
Ou parte nasceu comigo e parte foi adquirida?
Pouco ou nada importa
Importa é o que faço!
Independentemente do tipo e grau de miopia que tenha
Vale a pena lutar para perder a miopia?
A luta só leva-me a ganhar uma outra miopia qualquer ou o aumento do grau da miopia que tenho
Pois
Não obterei nada mais que outra miopia qualquer ou o agravar da minha miopia
Afinal não existe visão que espelhe a verdade da realidade
É impossível
A visão é apenas espelho
Nunca a verdade
Logo
Podendo escolher entre uma miopia
Que faz sentir triste, infeliz e inconformado
E outra que trará felicidade
Só escolheria a primeira
Por burrice
 
Miopia

Merda

 
Ó coitadinhos, não tenho pena nenhuma de vocês, choram e riem como todos, se vosso tabaco é o que cravam, qual é o problema? São mais sortudo do que aqueles que o tabaco que fumam é feito de suor, e não tenho pena nenhuma dos que suam, deviam olhar para o céu e agradecer, todos os dias, todos segundos e minutos nossas acções e pensamentos levam para estarmos exactamente no lugar onde estamos agora, e agora te olho desconfiado e apaixonado por esse teu corpo jovem, vejo teu olhar de canto de olho que não sei descodificar, se soubesses descodificar o meu verias que nem queria tocar-te, apenas apreciar a beleza que existe em ti, que existem em todos, mesmo naqueles que estragaram com a merda da vida que tiveram, será que não é visível aos olhos do jogador que aquele que não joga é o que realmente vive, odeio esses olhos espertos de quem pode vir a ganhar alguma coisa com isso, adoro teus olhos que acompanham ou não os meus, mas, humildemente e sem serem sobreveniente ainda mostram a vida vivida e que há para viver, esta tua esperança em voltar-me a enganar, como enganaste-me e eu deixei mete-me nojo, a esperança de encontrar o génio que brilha novamente me alegra e ao amigo que penteia suas barbas tenho sempre metade do meu ouro para encher-lhe a taça de vinho e o prato de pão, mas na verdade sinto-me triste, sinto-me triste por vos comprar e não conseguir de outra maneira demonstrar que vos quero bem, quero aprender o jogo do jogador, sentir o brilho do génio e aprender a ser humilde como o humilde, gostava tanto de ter capacidade suficiente de fazer com que desejassem doar isso apenas pelo prazer de doar algo, mas não, tenho de pagar, e pagar, e pagar, sempre a pagar, sem conseguir apagar as merdas que fiz, apenas repetindo a merda que sou, fazendo repetidamente as merdas que sempre faço que na verdade são iguais as merdas que vocês fazem, ou não?

Não achei que deveria colocar o texto para maiores de 18 apenas devido ao uso da palavra merda, mas a segunda critica posso mudar de opnião.
 
Merda

Escuta a resposta

 
Lembro-me de tocar-te,
Talvez só volte a acontecer em actos de sedução passiva ou activa,
Minha ou tua sem querer ou a querer,
Estando ou não na mesma onda,
Pouco importa!
O que importa de tudo,
Mesmo que tudo seja pensando bem um quaze nada,
Fique um olá como estás,
Daqueles que se olham nos olhos e se escuta a resposta.
 
Escuta a resposta

Deixa-me...

 
Deixa-me olhar-te.

Deixa-me ver-te.

Deixa-me deliciar-me com cada expressão de cada parte de ti.



Deixa-me especular sobre a intercepções de olhos, lábios e pernas,

sobre o que tuas palavras dizem,

sobre o que eles desejariam dizer,

sobre o que queres que eu entenda mesmo sem as dizeres.



Deixa-me puxar a corda sem medo que ela se arrebente,

por eu saber que estou perdoado por puxar a corda antes de a puxar,

por tu saberes que se a puxo é porquê quero-te a aproximar.

E por favor,

não te inibas de me empurrar se eu violentar teu espaço,

por saberes que eu sei que não tenho esse direito.

Mas…

as vezes não sou hábil.

Perdoa-me a falta de sensibilidade,

e ajuda-me a ser mais sensível.



Goza a prazer de ser fantástica como és ao adivinhar-me,

mas também,

as vezes,

[i]mesmo adivinhando-me obriga-me a expressar-me,

assim libertando-me.



Deixa-me olhar-te.

Deixa-me ver-te.

Deixa-me deliciar-me com cada expressão de cada parte de ti.
 
Deixa-me...

És escritor?

 
Estando com meu caderno sentado numa mesa de bar perguntam-me:
-És escritor?
-Não, apenas gosto de escrever. - Respondo.
E em meu sonho viajo, transfiro para o papel o que sinto, as conversas que tenho com quem só existe na minha cabeça. Serei um dia digno de ser chamado de escritor? Desejo ser, nem que seja apenas para um leitor e esse seja eu.
 
És escritor?

Congelado no meu sentir

 
Volto ao jardim, aquele que via da janela do meu quarto, olho para dentro do gradeamento que eu já estive enclausurado com curiosidade acerca da vida que lá vive hoje, se é que vive, dou passos suaves com cuidado para não pisar as folhas secas dispersas pelo chão e sento-me vagarosamente no banco como quem está no sofá de sua própria sala, os sons são calmos, um misturar de aves a cantarolar com o barulhos dos carros que as vezes passam a uma distância superior a aquela que me incomodaria.
Estou cansado desta vida monótona, mas vejo claramente que foi aquela que eu desejava, devia estar feliz mas falta-me algo que não sei bem o que é, vejo pessoas a passarem e lembro das vezes que passei-me com ela, ameia-a tanto, odiei-a tanto, mas hoje, infelizmente já não sinto nada, parte de mim morreu e sinto, sem sombra de duvida, que a minha vida tinha mais vida até quando sofria do que agora congelado no meu sentir.
 
Congelado no meu sentir

A dúvida

 
Prendem-se expressões do teu rosto em minha mente que não quero deixar fugir.
Pois vida é uma grande trapaceira!
Nada é garantido!
Nada é eterno!
Por isso não sou capaz de fazer promessas.
Mas não quero deixar de reter o que ficou do teu ar em mim.
É que sou tolo!
E não me importo de ser tolo pois acho que é a maior estupidez do mundo perder a tolice.

Se ser adulto é não ser sincero, é ser artimanhoso e não permitir-se desfrutar de coisas simples, boas e singelas por achar que as experiências anteriores ditam o futuro…

Prefiro então ser criança.
Prefiro sentir cada beijo como se fosse simultaneamente o primeiro e o ultimo.
Prefiro borboletear pelas ruas como quem brinca.
Falar de coisas que me passam na alma sem temer juízos.
E mesmo sabendo que provavelmente haverá amanhã.
Não me esquecer que o hoje nunca se repetirá.
E que nenhum encontro é igual ao outro!

E a dúvida.
A duvida que irrequieta a alma.
Aquela que nos faz pensar…
Será que fiz bem em dizer o que disse?
Será que fiz bem em fazer o que fiz?
Essa duvida!
Essa dúvida é para mim tempero.
Fazendo sua força na criação de expectativas mesmo não desejando as criar.
É essa dúvida tempero.
Que gosto de desfrutar o paladar.
E prefiro sem dúvida essa dúvida somada a sinceridade absoluta.
Do que o jogo do eu sei e finjo que não sei que tu sabes que eu sei.
 
A dúvida