Poemas, frases e mensagens de poeta_das_ilhas

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de poeta_das_ilhas

Por Vezes

 
Por Vezes
 
Por vezes não há sol
Apenas claridade
E um vazio preenchido pelo frio
Que nos cerca de saudade

Não há ninguem por ai
Tudo perece tão deserto
E há o cantico do vento
A soar tão perto

Cada ser é distante
E a neve esconde o calor
São cores projectadas
Num dia incolor

Por Vezes...

Às Vezes...

Tantas Vezes...

Por vezes há tanto sol
Tanta claridade
Tantas luzes dinamicas
Transbordando felicidade

Há palavras que confessam
serem bonitas demais
Raios luminosos destacados
Em sorrisos imortais

Tudo brilha nesse jardim
Neste florido amanhecer
Amarela flor que me diz
Como é bom viver

(Nelson Medeiros)
 
Por Vezes

O Grito

 
O Grito
 
Naquelas doces primaveras
Não acreditava na despedida
Queria crescer e transformar-me
Queria viver a vida

Soltava murmúrios internos
Qual abelha em tenra flor
Achava-me dono do tempo
Mas não conhecia a dor

Mergulhava na terra qual escaravelho
Florescia em tapumes renovados
Crescia brincando com o sol
Adormecia em céus iluminados

Em casulos desenvolvia asas
Rastejava por plantas sem fim
Era ouriço de verdes pastagens
Era eu o próprio jardim

Cozinhei-me qual pão caseiro
Em lenhas aqueci meu bem-estar
Em fornos ardia e torrava
Sem nunca me queimar

Rouquejava em pequenas poças
Em pequenas pedras descansava
Nem sequer tinha pulmões
Mas respirava

Mas um dia fez-se negro
Fui baleado numa asa
Um sacho traçou-me ao meio
Uma foice tirou-me a casa

Puseram veneno de rato
Apodreci, pois, mesmo ali
Arrancaram-me pela raiz
E nunca mais cresci

Eu era chá de poejo
E não fui seco até ao fim
Colheram-me sem necessidade
E beberam do alecrim

Agora não há jardim
Não há vida em mim
Mas ainda estou aqui
Seco, rastejando na minha terra

Onde furarei o solo?
Onde tomarei do pólen?
Onde estão as flores?
Os ovos, os ninhos, as árvores?

As chuvas e geadas?
Em minha teia só caem fumos
Meu casulo está caído na estrada
Do jardim não resta mais nada

(Nelson Medeiros)
 
O Grito

Ao Amor

 
A seta lancada ja nao vem
Abre a ferida num so coracao
E este nao pertence a mais ninguem
Senao aquele que feriu em vao

(Nelson Medeiros)
 
Ao Amor

Um sem Nome

 
Um sem Nome
 
Sem saber de onde vinha
Chegou, assombrado com tantas luzes
Eram tantas as visões que,
Abismado, se timidou no beco da rua
Ali, sozinho e escondido da noite
Enrolava-se no frio que lhe tremia
E a noite por ser noite não brilhou
E deu lugar ao dia
Que num breve e cínico açoite
Pereceu, dando lugar à noite
E o pobre ali sozinho, sim, o tal
Que esquecera o seu caminho
Percebeu que havia o dia
E quando este acordou
Tal pobre, pegou uma correria
Até que depressa chegou
Ao fim do dia

Aos tambores da noite
E aos gritos silenciosos da madrugada
Aqueles que afligem de não dizer nada
Aqueles que atropelam a sua caminhada

E o pobre, determinado,
No beco ficou parado

Era o SENHOR da agonia
O PROPRIETÁRIO da má sorte
O PATRÃO da miséria
Era o pobre, o REI da morte

Sem saber de onde vinha
Do nome vagabundo à sua mercê
Do nome pouco que nem tinha
Pereceu sem saber porquê

(Nelson Medeiros)
 
Um sem Nome

Esperança

 
Esperança fugidia
Levada antes de mim
Enquanto minha vida sufocas
Enquanto meus pulsos doem
Vais vivendo por mim
E ditas minha biografia
E...
Não espero alegria...

Esperança pequenina
Crescida antes de mim
Enquanto semeio o teu nome
Enquanto me atas e puxas
Vais fazendo o cultivo
Semeias duma planta desconhecida
E...
Colhes a minha vida...

Esperança em forma de barco
Furado, podre e acabado
Qual bóia a flutuar
Achará terra para descansar?
Mesmo longíqua neste mar
És o horizonte a se estender
E...
És “a última a morrer”...

(Nelson Medeiros)
 
Esperança

Partícula de Deus

 
Partícula de Deus
 
Eis um colisor de Hadrões
Desvendando o coração da matéria
É a ciência das coisas pequenas
E o fascínio das maiores
Eis uma energia negra desconhecida
Eis-nos aqui
Desvendando os mistérios seus
À busca da partícula de Deus

(Nelson Medeiros)
 
Partícula de Deus

Há algo em ti

 
Há algo em ti
 
Há algo em ti que transcende o compreensível
Algo que repentinamente se escapa entre meus dedos
Neblina que cega minha razoabilidade
Há algo secretamente guardado em ti
A forma como brincas com o silêncio
Como cumprimentas cada amanhecer
Colhendo as pedras do teu caminho
Desfeito de tanta chuva
Há algo em ti que o tempo retratou
E fez brilhar como a explosão de uma estrela
E entregou-me na mão
Há algo que se dispersa no teu olhar
Como que dois feixes de luz
Dois barcos que se separam
No mar
No mar da displicência.
 
Há algo em ti

Hoje

 
Hoje
 
Hoje (Porque não?)

Hoje decidi mudar o mundo
O meu mundo
No qual entram todos vocês

Hoje decidi plantar um jardim
Florescerão formas de coração
E vos darei uma por vez

Hoje decidi pintar sorrisos
Nas palavras a serem pronunciadas
Passando de um a um devagarinho

Hoje haverá pétalas e aromas
Raiará o sol em cada ser
Embelezando cada caminho

Hoje decidi que seria hoje
E não o infinito “amanhã”
O dia perfeito para mim

Hoje será bem diferente
Será memoravelmente maravilhoso e porquê
Porque eu decidi que seria assim

Bom fim-de-semana a Todos
 
Hoje

Deixar-te Partir Assim

 
Deixar-te Partir Assim
 
É difícil dizer adeus
Deixar-te partir neste cais
É difícil não chorar
Quando temos no olhar
Um adeus de ‘nunca mais’
Quantas saudades
Deixar-te partir assim
Como água dissipante
Perder o sentido da vida
E ser uma alma perdida
E ter-te presa à memória
E ir morrendo em segredo
E quanta dor e quanto medo
É enfim, deixar-te partir assim

(Nelson Medeiros)
 
Deixar-te Partir Assim

Enfim, é simples

 
uns escrevem isso
outros escrevem aquilo
outros ainda tal e tal
outros o bem
outros o mal

uns palavras demais
outros palavras banais
outros revelam segredos
há quem demonstre a coragem
de expor seus medos

uns sentem isso
outros sentem aquilo
uns choram demais
outros nem por isso
e nós somos iguais

(Nelson Medeiros)
 
Enfim, é simples

Achei-te

 
Achei-te
Descobri o teu sorriso
Terno, oculto mas presente
Meio seco e impaciente

Achei-te
Nos limiares destas cercas
Por onde te ausentas demais
Cercada de olhares fatais

Achei-te
E sei que tens algo de bom
De ti vou arrancá-lo
E um dia vou prová-lo

Achei-te
Fechada na frustração
Mas num momento preciso
Arranquei o teu sorriso

Achei-te
Nestas grades que te prendem
E aumentas tua idade
E morres sem necessidade

Achei-te
Na imensa timidez
Se não és feliz por mim
Tentarei sê-lo por ti

Achei-te
E Mesmo de olhos fechados
Descobri no teu olhar
O tanto que tens para dar

Achei-te
No teu stand-by com a vida
O que o teu coração sente
Eu percebo perfeitamente

Achei-te
Tão bela e natural
Mesmo que lutes tanto assim
Terás sempre VALOR para mim

(Nelson Medeiros)
 
Achei-te

Vagueio

 
Vagueio na húmida folhagem
Caída de Invernos renegados
Envolto de lamaçais escorridos
Por lágrimas e gritos sofridos

Choro vã, descido às marés
Chuva intensa, de sentinela me aguarda
Que pouco poder tem, de aguardar
E me arrasa, me afoga no mar

Da intempérie que me assola
durmo, calado e descontente
Qual ser impelido a voar além
Além das asas que nem tem

(Nelson Medeiros)
 
Vagueio

poeta_das_ilhas
Sustentação e Reflexões