Poemas, frases e mensagens de terraldapoesia

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de terraldapoesia

Terral

 
Ao beijar-te
Oh, mar
Entrego-te a essência
Das visões que em terra
Me alimentaram:

- O desalinho das encostas sobre
As quais em noites turbulentas
Deitei-me

- a clandestinidade das areias impregnadas
Nas ancas das viçosas palmeiras

- as madrugadas boêmias em que pelas orlas
Deambulei...

Ao beijar-te
Oh, mar
Novo ciclo se anuncia
E das vindouras embarcações
Já nada sei.
 
Terral

Incomparável livro

 
O sorriso da minha mãe completa
Oitenta anos
Filme revisitado todos os dias
Quando a sua presença eu acaricio.

O sorriso da minha mãe completa
Oitenta anos
Flor de perfume ímpar
Madeira que não perde o viço.

O sorriso de minha mãe completa
Oitenta anos
E embevecido bebo cada palavra
Desse incomparável e amado livro.
 
Incomparável livro

A gaiola

 
Mantinha solitário pássaro
Algemado em hostil gaiola
Que sempre me perscrutava
Com a sua indignação silenciosa:

- O que esperas
Que eu amenize as tuas dores
Abrilhante as tuas alegrias
E o que denominas vitória?

Seguindo conselhos
Soltei-o.

Dias desses, no jardim ao lado,
Teve o seu melhor desempenho
E a melodia que o vento abrigava
Já não vertia a tristeza de outrora.

Ah, se a liberdade é um fato
cada qual com a sua glória!
 
A gaiola

O teu sorriso lua

 
A paz no teu sorriso
Lua
Devolve ao meu olhar
Penumbra
A esperança de um abrigo
Cura.

Desprezamos quaisquer patentes
Deflagramos inusitadas loucuras
E já é inestimável entrega
O que outrora mera procura.
 
O teu sorriso lua

Futebol

 
A bola rola de pé em pé
Quem nunca sonhou ser um Mané
Driblar o dia e finalizar
Com majestoso gol de Pelé?

O peito vibra é tanta emoção
Os pés descalços conhecem o chão
Na chuva é lama, várzea é assim
Quem quer ser Zico levanta a mão.

E após a tempestade
O sol se apresentou
Protegido pelo arco
Na Iris do menino sonhador
 
Futebol

Epicentros

 
O epicentro
Dos meus dogmas
Mantém-se inativo
Aguardando o exato
Momento
Do ritual definitivo.

O epicentro
Dos meus desejos
Às vezes perde o tino
Em carícias que me soam
Como estranho lenitivo.

O epicentro
Dos meus sonhos
É um verso desencarnado
Na matéria que pressinto.
 
Epicentros

Chico Mendes - Final

 
Chico!
Ô de casa, ô Chico!

Eis que grita o tempo aflito!

P.S - Chico Mendes é, porque o que é eterno não parte, um dos "caras" mais importantes deste país chamado Brasil. Esse poema é uma tentativa de homenagem.
 
Chico Mendes - Final

H2 - poema quase lógico

 
H
2...

Duas moléculas de Hidrogênio
e...

mas onde afinal
o oxigênio?
 
H2 - poema quase lógico

Eco lógico II

 
Cachoeiras inférteis
Na aridez da palavra

Uma avalanche de gafanhotos
Nas folhagens de concreto

Uma plantação de fome
Na paisagem devastada.
 
Eco lógico II

Chico Mendes I

 
Os cabelos de uma queda d’água
A dignidade das veias de látex
A melodia de todas as árvores
A natureza que ao algoz não se vende.

Ah, essa tua presença
Chico Mendes!
 
Chico Mendes I

Cavalgada

 
Guardei os dias no alforje
Tempo
Medi as dunas de um mar
Esperança
Finquei esporas na brisa
Cortante
Montei no dorso de léguas
Distância.
 
Cavalgada

Musgo

 
Após as chuvas torrenciais
O musgo visita as pedras
E um leve temor de náufrago
Eclode dos subsolos carnais.
 
Musgo

Todos os poetas são egocêntricos

 
Todos os poetas são egocêntricos
atributo que aperfeiçoam
na solitária missão
que admite
apenas um dueto:
poeta-solidão.
 
Todos os poetas são egocêntricos

Remanso

 
Sempre ao cair da noite
A minha esperança se esvai
De rever o teu sorriso
Lua que clareia o mar
Tua ausência me apavora
E o silêncio molda
Indefeso olhar.

E no cais já não há porto
Nem o céu paira no ar
Onde estão as labaredas
Do fogo anunciando a paz
Que brota de um peito ardente
Que a paixão latente só faz aumentar?

Ave que espalha sementes
Indagar ao tempo - vai
Se o passado é meu presente
O futuro o que será?

Pois se trago na memória
Viva a nossa história
A quem irei contar
Dos caminhos que traçamos
Dos planos de voos
Do se entregar...

Agora sei
És o meu calmo remanso
Beira de rio
Onde o meu corpo descanso.
 
Remanso

Madrugadas em Amsterdam

 
Será que as madrugadas em Amsterdam
São idênticas as que se debruçam
Sobre o quintal da minha longínqua casa?

Às vezes melancolia?
Às vezes sono que acalma?

Será que as madrugadas em Amsterdam
Preservam incólumes
Os caminhantes de terras outras
Com suas irretocáveis saudades?

Às vezes verões ditosos?
Às vezes invernos crassos?

Será que as madrugadas de Amsterdam
Um dia acolheram os meus passos?
 
Madrugadas em Amsterdam

Eco lógico I

 
Um riacho de poluídas
Águas
Uma faixa de floresta
No entorno do nada
Um pássaro na rede
Elétrica
Uma réstia de luz
Na alvorada...
 
Eco lógico I

Dominical

 
Vesti o meu melhor sorriso
Descalcei as rotineiras preocupações
Fotografei a paisagem com a visão de
Chico Albuquerque

E no menino a correr no parque
Cantei, afinal, a alegria moleque.
 
Dominical

Paz

 
Enquanto houver
Um único pássaro
Sem paz interior
Estará â mercê de
Quaisquer desatinos
A paz que habita as colinas.

Como convencer as trevas
Que guerras não são ganhas?

Ah, não são as lágrimas
Sempre divididas?

Paz é o voo da tolerância
Que o poema, áptero, abriga.
 
Paz

Pela orla da minha solidão

 
Difícil admitir
Mas apenas ao fim da
Última tempestade
Entendi o senão...

Eis que fugias radiante
Pela orla da minha solidão.
 
Pela orla da minha solidão

Chico Mendes II

 
Quantas árvores para uma canoa?
Quantas lutas desvendam a coragem?
Quantos andaimes até à proa?
Quem cala consente vantagem?

Mas, afinal quantos Chicos
Na memória da paisagem?

Se aos ventos não cabem respostas
Asas à eternidade!
 
Chico Mendes II

"Eu venho das dunas brancas
Onde eu queria ficar
Deitando os olhos cansados
Por onde a vida alcançar

Ednardo"