Desassossego Mental
Desassossego Mental
O desarticular de um ínfimo caos
alojado nas letras duma alvacenta poesia
dissolvida nas pálpebras do pensamento.
Golpes envenenados de realidade
ferem o perfume da alma: fragrância de vida.
Surge uma feliz tempestade a procurar por mim
desliza pelas arestas do meu apetecível silêncio
almeja ser tocado por um corpo
quer farejar a matéria perdoada desta carne.
Metáforas perfuradas pela voz das horas
ao som deste desassossego mental
ouço o teu sorriso a aproximar-se
chega nas asas de um colossal sentimento
que se dispersa numa neblina condensada
agora plantada no chão que caminho.
Índio
Respira este Barco Esquecido pelo Cais
Sou um flutuante sem bússola
navego nas águas do tempo,
dentro do peito carrego a foz do teu rosto.
Brisas brancas queimam o hálito da noite
concebem o vento que circula
como uma osmose frágil nos pulmões
do meu oval horizonte.
Na inquietante e dilatada latitude
procuro a esfera da tua substância
essa atmosfera ardente
que repousa na correnteza do meu sangue.
Nos confins das intactas e vivas palavras
treme o paladar da minha imagem,
numa funda cavidade do silêncio fluvial
pulsa este corpo aberto.
No muro flexível do outro lado de mim
respira este barco esquecido pelo cais
inundado da matéria latejante dos bosques.
Índio