Visita
Abres tua casa
E teu sorriso
Tua tez, tão branca
E tão rubra, tua boca
Mas não tão vermelha,
Matiz de vívida cor
Quanto esse brilho cereja
Pintura em seda chinesa
Neste curto vestido,
Faz tuas coxas
Reluzirem o marfim
Não vás despir-te
Se assim desejas
Te unires a mim
Gueixa ocidental
Aberta, sem segredo
Sem pudor imoral
Levanto a barra
Das tuas vergonhas
Desvelo a rósea jóia
Deixemos agora
Calores carnais
Consumarem essa história...
Vilania vã
Lançaram a seta
Em meu calcanhar
Mas, não sou Aquiles
Continuo a andar.
Lateja, ferida aberta!
Calo, mas não a exalto!
És um arremedo de morte
E meu sangue me refaz.
Vicissitudes veneram a dor
Vociferam vaidades insanas
Vilanias que vêm em vão
As vi, vivi e venci,
Vibrando minha virtude
Vampirismo vil, que o vento o devaste!
Vasto é o mundo onde caminho,
Vaga é a tua falta de fé,
E eu devasto-te!
Voz alta, declaro
Vitória pelo verbo vivo!
Andar
Dimensões além,
Formas indefinidas,
Sinestesia mágica
Entre tudo e nada
Eu engatinhava
Balbucios, novidades
Largos caminhos,
Pequenos espaços
Perigos...
e desenlaços
Eu corria - e coriscava
Gritos e murmuros
Gargalhadas, choro
Êxtases, sustos
O instável
Em estado puro
A passos largos, eu tropeçava
Conversas, sorrisos
Mente fresca, corpo vívido
Tudo abrindo caminhos
Em vias de temor controlado...
Passo firme, eu caminhava.
Tropeços, subidas
Corridas, descidas
Quedas, saltos
No céu, no asfalto
Agora, fluência
Na inconstância
...isso há
de cessar?
Sim...
a cada dia
recrio
outra forma
de Andar