Poemas, frases e mensagens de RosaFernandes

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de RosaFernandes

A Caixinha

 
Nos momentos de provação,

Agarro as rimas, agarro as prosas

Pego o pincel e pinto rosas

Mas em tudo vejo perdição...



Pego então na minha caixinha

Procuro a minha lembrança,

Será que mora aqui a esperança

Só vejo fotos e uma trancinha!



Mas em frente o que estará?

Quem me poderá dizer...

Onde ir, o que fazer,

Que cor a minha vida terá?



Será preciso olhar e parar

Como minha mãe me dizia

Quando antes de atravessar

Colava a sua mão na minha?



É esse o caminho minha amiga

Para te poderes encontrar

Cola a tua mão na minha,

Primeiro...temos que parar!
 
A Caixinha

O teu sonho

 
Como os sonhos se complementam

Por mais negro que o teu seja

Mesmo que a cor se não veja

Por maior que seja a tormenta



Se do profundo do teu ser

O teu sonho te faz mover

Não pares, não fiques quieta

Só o sonho te completa



Despe o Mundo do avesso

Vai até aos confins da vida

Não há viagem perdida

Quando o sonho é o começo!



E se no regresso acordares

Não fiques quieta, não pares

Se o Mundo não te der nada

Sonha…mas sonha acordada…



RF

2/2/2011
 
O teu sonho

Peço

 
Peço apoio divino

Para manter o que escrevi,

Para tornar o meu coração digno

Do que dei e recebi.



É música isto que escrevo,

Mera conjugação de palavras

Escrevo o que nelas não vejo,

Nem dor, nem ódio, nem mágoas!



Cantá-la-ei bem alto!

Como louvor ao que devo,

Não cairá no asfalto,

Nem o amor...nem o que escrevo.



Pergunto-me porque não releio

Tudo o que outrora escrevi,

Será fruto do receio

Perceber o que nunca senti?



Como se pode descrever

O que escapa por entre os dedos,

Deixo a alma falar, ou ler?

Escrevo sobre coragem, ou medos?



Não é romantismo puro,

Nem fuga e nem entrega,

É fruto de mim, bem maduro,

É o peso que a minha alma carrega.
 
Peço

Deixar a alma falar

 
Deixo a alma falar por entre os dedos,

sem guiar o meu pensar,

deixo que o meu sentir se emaranhe,

que a forma se atrapalhe,

que saiam todos os medos!



Se o louco tudo confunde

e não receia as tragédias,

o poeta nelas se funde

sem que à palavra dê tréguas.



Percorre tudo o que vê

e absorve o invisível.

É loucura momentânea

pela saciedade impossível,

ousar definir o amor,

ir da tempestade à bonança,

traçar um rumo à esperança

ou falar duma qualquer dor?



É apenas a alma a falar

e por entre os dedos escorrer,

sem qualquer medo em falhar,

mas tantos medos esconder!



RF
 
Deixar a alma falar

De alma e corpo

 
O silêncio que o teu corpo fala,
Na minha alma se grava,
São barreiras que se erguem,
À espera da derrocada.
Que o cimento que as une
Seja pó sem mais firmeza,
E que ao cair deixe intactas
Todas as nossas certezas.

É o grito do meu ser
Desde o corpo até à alma,
Ansioso por saber
O que essa tua alma cala.
Que caiam todos os véus,
Que a minha prece chegue aos céus,
Que os nossos corpos se encontrem,
E que as almas se alimentem…

É apenas um grito de amor!
 
De alma e corpo

Passa pelo vento

 
Passa pelo vento...
Vê como fez ondular tudo o que tocou,
Encontra nele toda a força da Natureza,
Essa força que ao passar destroçou.

Um furacão...
Que exerce essa força reveladora,
De tanto querer curar, aliviar, limpar
Acaba por ser destruidora...
E de cada vez que tenta concertar,
Perde-se por entre os destroços,
numa perdição duradoura.

Força da Natureza desleal,
que pecou pelo excesso
De sentidos...de condições,
que nunca se encontrou com sucesso.

É urgente parar...
Voltar atrás e limpar todos os cantos,
Talvez seja chegada a hora...
A tal dos mágicos encantos...
Talvez seja agora !

RF
2008
 
Passa pelo vento

Recomeço

 
Porque se teima em querer,
Parar as voltas à vida,
Se o que se podia viver,
Chegou ao ponto de partida.

É fechar o movimento
Que o mundo te pode oferecer,
Insistir num sentimento
Que se perdeu sem saber...

Se a espera está distante,
Mais longe que o firmamento
Concerteza será bastante,
Muito além de um sentimento.

Não importa onde tens que ir,
Se enterraste de vez a dor,
Cantas a tua vida a rir,
Com a alma cheia de amor!

Recomeça o turbilhão,
Dum novo amor que nasceu!
Vive no teu peito o quinhão,
É o teu pedaço de céu…

RF

10/02/2011
 
Recomeço

Mar de Espinho

 
Naufragando dentro de mim
Perante um mar que não se acalma
Estranhamente vai minha alma
Por esse mar que nunca vi.
Sem regresso que vislumbre
E um medo que não se assume
Não sabendo se vou voltar
Das fortes garras deste mar

Nem que eu tenha que remar,
Tenho o medo já contido
E a coragem reforçada,
Nesse mar, não fica nada!
Sei que voltas comigo,
Nem que eu tenha que remar…

RF
 
Mar de Espinho

Desencanto

 
Assim como um canto invertido

Com todos os versos trocados

Com a dor de ter partido

O encanto de tempos passados



Com sabor de não saber

Que gosto amargo nos fica

Por esperar e jamais ter

O encanto de uma vida



Comparado ao vazio

Cheio de nada que valha

Quando a alma é um jazigo

Coberto de negra mortalha



Assim é o desencanto

Do encanto que se esperou

Ao poeta resta o pranto

Dos versos que não criou.

RF
 
Desencanto

O amor

 
O amor...
Esse que nos inebria,
que nos embriaga o ser
fonte de luz e de poder
qual candeia nos alumia...
Rasto de luz que ao penetrar,
é furacão, insensatez a pairar..
é mais que um simples sim ou não
é cor que pinta até a solidão.

Enquanto traço estas linhas...
penso de mim para comigo
quero-te amante, quero-te amigo...
...unir tuas sensações nas minhas.

Surgiram assim, do nada, estas palavras que apenas uno...
todas elas já existem, apenas as desfruto.

Surpreendida pela inspiração,
que teima em não desaparecer...
procuro uma razão,
para os versos e para a prosa,
porque está isto acontecer?

Vejo os teus olhos nesta tela,
tenho vontade de os absorver
és tu...quem me faz sentir bela,
no fundo, sou apenas...mulher!

RF
2009
 
O amor

As tuas telas

 
Olhando o verde cristalino,
que pintas nesse azulejo,
vejo-te ainda um menino
O menino do Alentejo!

Quando nas ruas corrias,
com o vento por companheiro
e da vida apenas querias
Um cantinho soalheiro.

E quando te pões nessa tela
também a mim me revejo,
Como era simples e bela,
a vida no nosso Alentejo!

RF
08/02/2011
 
As tuas telas

Os Meus Montes

 
Ainda percorro os planaltos da minha existência, sem encontrar um monte de verde que me acolha.
Corro entre as pedras que me gritam aos ouvidos: pára! Não te percas por aí!
Mas é tão doce este meu desejo de correr, a sofreguidão com que absorvo os olhares com que me cruzo, e é tão ávida esta minha vontade, que devoro o que me faz mal e fico saciada.
Procuro debaixo da laje onde soterrei a minha inocência, uma razão para a fúria que pauta esta querença, para onde foi todo o júbilo perdido que apenas em pequenos rasgos meu rosto visita?
Resta-me ser menina coberta de púbere manto, encobrindo a candura que me adoça o pensar, cair sem sequer tropeçar mas não esquecer os meus primórdios, nas planícies dos meus sorrisos, nos montes dos meus encantos.

RF
 
Os Meus Montes