Poemas, frases e mensagens de Barsanulfo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Barsanulfo

UMA FLOR DE MULHER

 
A mulher e a flor têm em comum
A missão de enfeitar a natureza.
Tanto a forma, as curvas e traços
São ternura, candura e beleza.
Vai além da criação de um escultor,
De esculturas geniais e belas.
Imagem e semelhança do Criador,
Não tenhamos dúvida, são elas.
O divino sopro que dá a vida
Vem do ventre imaculado delas.
Elas são fôrmas e formas de amor.
 
UMA FLOR DE MULHER

MÃE

 
MÃE

No vosso ventre imaculado,
Por nove meses, dentro de ti
Guardaste-me com cuidado.
Agora, mãezinha querida,
Por toda a tua vida
Levas-me no coração.
Além de mãe, minha amiga,
Meu colo, meu chão,
Meu norte, minha fortaleza.
Tu és como o verde da natureza,
O néctar das flores, a doçura do mel,
O brilho das estrelas na imensidão do céu,
A mão que embala minha alma
Na conquista de um ser melhor.
Ninguém tem amor maior,
Não importa o que faço,
Vai estar sempre ao meu lado.
E com um simples traço,
Simplifica: razão-emoção.
Mamãezinha querida,
Razão da minha vida,
Um beijo no teu coração!
 
MÃE

SE

 
SE
Voaria sobre as árvores
Se tivesse asas.
Nadaria até abrolhos
Se fosse uma baleia.
Andaria sobre as águas
Se tivesse fé.
Transformaria o mundo
Se fosse Deus.
Mataria a fome no planeta
Se tivesse alguns bilhões.
Se não fosse o Se
Eu seria e faria o que quisesse.
O que me resta é o que eu sou.
Ainda bem, senão,
Perderia a graça de ser.
As limitações me dão
As condições de ser humano,
De sonhar e ter,
A alegria de fazer.
A busca torna a vida
Mais interessante,
Intrigante e emocionante!
 
SE

TER E SER

 
TER E SER

São coisas do ego.
Não tenho, dependo.
Se tiver, me apego.
Se apegar, me prendo.

No caso de ter,
Eu posso perder.
Causa-me tormento,
Vira sofrimento.

No caso de ser,
Posso me valer
Da posse integral
Da coisa legal.

Tendo, sou cativo.
Sendo, sou impoluto.
Ter é relativo,
Ser – absoluto.

Sabendo, eu sou.
Se sou, poderei.
Podendo, terei.
Liberto, estou!

O ter ascende,
O saber transcende.
Logo, para ter,
Antes, devo ser.
 
TER E SER

Conto de Um Conto

 
Numa fase de minha vida, uma vez por ano, por 11 seguidos, participei de pescarias com muitos amigos por esse Brasil afora. Numa dessas, dentro de uma canoa pescando tucunaré, o piloteiro contou uma história que me deixou muito furioso e você, caro leitor, vai ver o motivo. Ano seguinte fui convidado por uma turma, dentre eles vários dentistas, fomos ao pantanal, saindo da cidade de Corumbá pelo rio Paraguai. Na manhã seguinte ao nascer do sol, tomamos o barco e enquanto alguns pescadores foram tomar café, outros subiram uma escada que ia dar no convés onde se pode ficar a vontade para arrumar a “traia” de pesca. Todos esperançosos de pescar muitos peixes, contando as vantagens pessoais de outras pescarias, então, chamei a atenção dos presentes naquele ambiente e comecei falar da minha felicidade de ter conseguido estar ali para desfrutar daquele paraíso e por muito pouco teria perdido esta oportunidade, porque quase fui preso numa confusão sem sentido.
No dia anterior a nossa viagem perto do horário de fechar os bancos, lembrei-me de tirar mais dinheiro para a viagem. Próximo do local onde trabalho tem uma agência, fui lá e ao chegar deparei com uma fila para entrar, a porta eletrônica tinha dado problema, mas já estavam consertando. A fila chegava até a calçada, não eram tantas pessoas assim, é que a construção dessa agência tem pouco recuo da rua. Logo a minha frente uma senhora idosa de uns 75 anos, acredito eu, com gestos de mal humorada pela demora.
Dois garotos em cima de seus esqueites descendo rua abaixo, quando um deles não conseguiu desviar de todo e esbarrou em mim, desequilibrei-me, cai, de leve, sobre a velhinha de posse de uma bolsa a tira colo. Com aquela cara de brava, mira na altura do meu ombro, talvez por preguiça de levantar a cabeça e encarar meus olhos, foi logo perguntando se eu estava bêbado ou estava querendo aproveitar de uma anciã. Tentei lhe explicar o incidente, mas a senhorinha não me deu nenhuma chance, continuou a bater com a língua nos dentes e blasfemar contra minha pessoa, a ponto de chamar a atenção do guarda que abriu a porta lateral e nos levou para dentro da agência, colocando-nos diante do gerente de óculos fundo de garrafa, que quis saber do ocorrido. Quando eu abri a boca, ela, em voz alta, atravessou e pediu ao guardador de dinheiro que chamasse a polícia para me prender porque eu era ladrão, teria lhe roubado os R$ 250,00 da sua bolsa e podia me dar buscas que ia encontrar a quantia. Ao ouvir aquilo me arrepiei todo, porque tinha comigo, na carteira, exatamente aquela quantia.
Naquele impasse o senhor míope e dono de um bigode invejável deu uma de Pôncio Pilatos chamando a rádio patrulha que parecia estar do outro lado da rua só esperando. Dois fardados aproximaram e digiram até aquela mesa de julgamento sem veredito e a estranha figura foi logo despejando todas as farpas exigindo que verificassem meus bolsos. Por sorte o cabo me chamou de lado e ouviu minha versão que foi confirmada pelo segurança, isso me aliviou por um momento. O policial dirigiu-se a ela e indagando, se por ventura, não havia a possibilidade tê-la esquecido o dinheiro em sua casa a exemplo de sua tia, que vai sempre ao banco, pagar alguma conta, mas acaba esquecendo-se de levar o dinheiro. A mal humorada levantou a voz e pergunta a autoridade se ele estava chamando-a de caduca e que tivesse mais um pouco de respeito, porque ela tem idade de ser no mínimo sua avó. Não deixou por menos e falou de novo que se me revistassem iriam encontrar o dinheiro dela.
Interrompendo minha narração, um dos pescadores tomando as dores minha, levantou e disse que eu era paciente demais se fosse com ele já havia mandado a velha calar a boca e o outro, sentado ao meu lado, também afirmou que a essa altura já teria deixa a anciã falando sozinha. Mas, disse-lhes que não poderia fazer nada com aquela frágil mulher. Mas o homem de bom senso, o cabo, fez lhe uma proposta que iríamos até a casa dela e se não encontrássemos o dinheiro, eu, além de devolver o valor reclamado, seria preso. Ela aceitou e lá fomos nós adentrar no camburão em destino de sua casa.
No caminho ela não fechou a matraca com sua língua ferina, ainda bem que em vinte minutos chegamos à porta da casa, um sobrado, e ela mora na parte superior. Na entrada o vizinho de plantão na janela perguntou para ela sobre o que esta acontecendo, a reposta não poderia ser outra, diz ser por causa desse ladrão, apontando para mim. Ao subir a escada que dá acesso a sua residência o policial perguntou-lhe que lugar ela guarda o dinheiro. Sem ares de cansada pelo esforço da subida, disse, de forma rude, que coloca numa caixinha acima da geladeira.
Entramos e fomos direto ao local indicado, lá estava a bendita abaixo de um relógio despertador daqueles que se compra em camelôs por míseros reais. A velhinha pegou o relógio e deu para eu segurar enquanto abriu a caixa e dentro estava os R$ 250,00. O profissional da lei solicitou-lhe que pedisse desculpas para mim, no entanto, a criatura rebelde disse que não, se alguém tivesse de pedir as tais desculpas seria eu por tê-la derrubado. Aquilo me enfureceu por demais e sem que percebessem, enfiei o relógio no bolso do paletó. Despedimo-nos e desci a escada entre os policiais. Chegando próximo aos últimos degraus o relógio desperta, triiim, triiim, triiim..., que sufoco. Ai, eu acordei, já dava a hora de levantar para tomar o avião com destino a Cuiabá. Imaginem, quase fui jogado no rio.
 
Conto de Um Conto

EXISTIR

 
Existo quando notado; se não me notam, existo apenas para mim. Parece não fazer sentido ser ignorado. Preciso que saibam da minha existência, a fim de não me tornar um nada. Necessito expressar o que há de melhor em mim. Se confessar meus pecados, poderei ser mal visto, interpretado como parte da reles, mesmo quando conhecemos o ditado “os perfeitos estão no céu”. Então me empolgo, blasono tanto as minhas qualidades quanto as que gostariam de possuir. Assim como nos versos do Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa: “Toda a gente que eu conheço e que fala comigo / Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, / Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...”.

Se não posso dizer quem sou e se falo o que sou, há controvérsias. Afinal, quem eu sou? O que sou? Talvez o medo de não ser aquilo que os outros acham que somos, ou deveria ser, causa tamanha confusão na mente humana. O reconhecimento é à base da autoafirmação. Para tê-lo, precisa-se de conquistar espaço, físico ou mental, para que as outras pessoas possam ver e dar o valor que se pretende. Quanto maior o espaço adquirido, mais notado será. Ser “príncipe” é obter um espaço invejável, ato de eternizar-se. Daí o dispendioso esforço do homem para mostrar-se a si e aos outros que existe. Assim somos forçados a extrapolar limites, expondo-nos a situações complicadas e desconfortáveis. Se esse reconhecer for registrado no tempo-memória, tende à eternidade; caso contrário, à efemeridade. Buda, Alexandre, Jesus Cristo, Sócrates, Van Gog, Beethoven e tantos outros morreram, no entanto, continuam existindo.

A vida humana tem curta duração, tendo como consequência a impaciência, a precipitação e a mediocridade. Isso leva muita gente, às vezes, a revelar com ênfase as virtudes e negar os defeitos. Esse dilema é muito bem retratado por Fernando Pessoa nos seus versos ainda do seu Poema em Linha Reta, que soa como eco em nossas almas: “Quem me dera ouvir de alguém a voz humana/ Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; / Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! / Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. / Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? / Ó príncipes, meus irmãos / Arre, estou farto de semideuses! / Onde é que há gente no mundo? / Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?”. Veja que os versos clamam, não só por sinceridade, mas também pela vontade que temos de mostrar nossa existência perante aos demais. Desta forma caminhamos no tempo.
 
EXISTIR

O TEMPO E EU

 
A multiplicidade das coisas leva-nos ao consumismo. A cada dia aumentamos o nosso desejo de apropriação, em que a avaliação de quem somos passa pelo que temos de bens e não pelo conjunto de valores morais, éticos e espirituais que forma o caráter de um ser humano. Por causa dessa multiplicidade, não percebemos o passar do tempo, não vivemos mais o presente, somente as expectativas do futuro. De repente, chega a velhice e aí vamos ver o que resta, o que ficou.... O escritor, Millôr Fernandes, no seu Poeminha sobre o Tempo disse: “O despertador desperta, / acorda com sono e medo; / por que a noite é tão curta / e fica tarde tão cedo?”.
O tempo voa e essa corrida para ter sem a consciência de ser leva-nos ao esquecimento da alma, de que somos alguma coisa a mais que um corpo ambulante. Toda posse nesse mundo é transitória. O que permanece são os valores. Para isso, precisa-se olhar um pouco mais para si mesmo, como já dizia o grande filósofo, Sócrates (479-399 a.C.): “Conheça-te, a ti mesmo”. Assim, quem sabe, poder-se-á direcionar melhor o tempo, para que se tenha mais tempo sentido, não apenas vivido. Desta forma, para que ele seja um aliado e não vilão, simplesmente, precisa-se que haja certo entendimento entre:
Eu e eu – tenho que cuidar de mim, ver quais são minhas fraquezas, minhas qualidades, para que eu saiba onde aplicar melhor meu tempo e não fique mais a lastimar: falta tempo, cadê o tempo, ele se foi.... O tempo passa de qualquer modo; se não nos atentarmos, gastamos todo ele com as coisas, com outras pessoas, e, às vezes, com nós mesmos não usufruímos nada desse precioso tempo, quando muito alguns prazeres efêmeros. Assim como precisamos alimentar o corpo, também carecemos abastecer a alma; então, é indispensável dedicar certo tempo para nós mesmos. E somente interiorizando será possível, seja meditando, orando ou outra forma que leve a esse fim.
Eu e outro – ao olhar para o outro, tenho que vê-lo como outra pessoa com direitos e deveres sem projetar-me nele. Com isso posso amar, ignorar, odiar, invejar a pessoa dele ou o que tem e quer. Essa escolha vai depender do estado em que se encontram meus sentimentos, onde só terei controle se conhecê-los bem. E, assim, devo dedicar mais tempo comigo para aprender como chegar ao equilíbrio.
Eu e a natureza – minha sobrevivência depende inteiramente do solo, do ar, da água e da luz. O lixo, o desflorestamento, a tecnologia sem uma visão ecossistêmica pode causar a infertilidade do solo, o aumento do dióxido de carbono, a extinção da biodiversidade etc. Tenho que ter essa consciência, senão poderei ser considerado como um suicida ou uma espécie de assassino por estar contribuindo para tirar a vida, (o tempo) das futuras gerações.
Eu e o Criador – se não me interesso por quem sou, de onde venho, para onde vou, assim eu não sou, apenas estou no tempo. Basta observar como funciona o fantástico corpo humano constituído por trilhões de células, cada uma com sua função específica, para certificar-se de que há um propósito para tudo isso, seres humanos, animais, planetas, universo. Toda criatura tem um Criador, a fonte e dela, a vida.
Aí está a questão: eu e eu; eu e o outro; eu e a natureza, eu e o Criador. São quatro aspectos que em perfeita harmonia leva ao bem estar, a razão de viver e o desfrutar do tempo.
 
O TEMPO E EU

A Pipa

 
A PIPA

A alegria da meninada
É vê-la sempre empinada.
Frágil, feita de papel,
Linha, taquara e cola,
Ela enfeita nosso céu.
E, assim, de norte ao sul
Sobe, desce, balança e rola...
Na grande imensidão azul.
Não importa sua cor,
Todas elas são belas
E sem asas ou motor
De forma persistente,
Consegue seu intento:
Subir contra o vento.
Quanto maior a corrente,
E sem nada na proa,
Mais alto ela voa.
Ela usa da adversidade
Como oportunidade
Para seu objetivo alcançar.
Quiçá, fossemos igual!
Assim os obstáculos da vida
Seria apenas um degrau
Para a nossa subida
Ao sucesso incondicional.
 
A Pipa

SEXO

 
SEXO

Na arte de amar
Órgãos do desejo,
Maestros do altar.
Nos lábios beijo,
No corpo calor,
No pólen o néctar...
Para o beija-flor.
No berço do amor
A caça do prazer,
Êxtase do sexo
Escopo do ser.
Côncavo, convexo.
Há quem vaticina,
O sexo possa ser:
Algo que fascina,
Mal que contamina,
Práticas obscenas.
Um ato Sagrado
Ou ato profano?
Se tu vês, apenas,
Do “todo” o lado
Lascivo e insano,
Não verás o esplendor
Na letra que o mata,
A expressão exata,
Bela e cristalina,
Da equação amor.
Fórmula absoluta
Que da ação resulta:
Menino ou menina.
Dádiva Divina!

Barsanulfo
 
SEXO

Gtsêmani

 
Nas consagradas fronteiras
Da cidade de Jerusalém
No jardim que se estende além
Do sopé do Monte das Oliveiras,
Jesus em vigília se põe a orar
Na espera daquele que o trairia.
Tempos depois nesse lugar
Sepultaram a Virgem Maria.
Mesmo, os discípulos ao seu lado
Não lhe escapa a tristeza e agonia.
Na expectativa do sofrimento
O Cristo sente-se desamparado
E vive seu pior momento
A ponto de suplicar:
“Pai, se possível,
afasta de mim este cálice,
todavia, não seja como eu quero,
mas como tu queres.”
Depois, num falso afago,
Por um dos teus diletos
O Mestre é beijado
E por esse gesto de afeto
No Calvário é crucificado.
Inicia uma nova trajetória
Para seus seguidores denodados.
No terceiro dia veio a vitória
E Jesus Cristo iluminado
Ressurge para a Glória.
Prevalece na Terra o Amor,
Teu Novo Mandamento.
Sobe ao céu com louvor,
E recebe o sacramento
Do Pai, nosso Criador.
 
Gtsêmani